8 de maio de 2019

Roglic, aquela máquina

(Fotografia: © Jumbo-Visma)
Há ciclistas que têm a capacidade de, a cada corrida que passa, fazerem com que se goste cada vez mais deles. Primoz Roglic é um desses atletas. 2019 está a ser perfeito para o esloveno e numa altura em que se prepara para ser líder único da Jumbo-Visma numa grande volta, o seu cartão de visita é invejável: três corridas, três classificações gerais!

Depois de na época passada ter esclarecido que é mesmo ciclista para disputar uma grande volta - que excelente Tour realizou, com o pódio a não ficar longe - esta é a temporada em que Roglic (29 anos) quer ganhar. A Jumbo-Visma separou-o de Steven Kruijswijk, para não partilhar lideranças, pois o esloveno mais do que merece essa confiança de ter uma equipa a trabalhar só para ele. A manter o ritmo de vitórias, o Giro é dele! Se fosse assim tão fácil qualquer um faria. Mas a verdade é que Roglic tem feito parecer fácil ser o mais forte, tal é a tranquilidade com que enfrenta o adversário, seja de que calibre for. 

Demonstra frieza em momentos de tensão, demonstra não ter medo de assumir as corridas, demonstra inteligência táctica e não entra em pânico se algo não lhe está a correr bem. Controla bem os adversários e revela cada vez mais uma capacidade de aceleração em subida que deixa muitos para trás. Isto sem ter perdido capacidade no contra-relógio. 

Na Volta aos Emirados Árabes Unidos, Tirreno-Adriatico e Volta à Romandia mostrou ser sempre superior e não foi a nenhuma para rodar. Competiu pouco até agora, mas fê-lo sempre para ganhar. Na corrida italiana nem precisou de vencer etapas para a conquistar, enquanto na primeira conquistou duas e na Romandia três.

Pode nunca ter ganho uma grande volta, nem fez pódio, mas vai chegar a Itália talvez como o principal favorito. Roglic não se deixa iludir por esses estatutos teóricos ou por muitos elogios. Sabe que terá de ser perfeito e foi por isso que procurou a perfeição em todas as corridas que fez em 2019. 

A sua primeira vitória numa grande volta foi precisamente em Itália, em 2016. Então era o saltador de esqui que tinha virado ciclista. Agora é o ciclista que em tempos foi saltador e que numa bicicleta está a ajudar a transformar uma Eslovénia sem história no ciclismo, numa nação de muito respeito. 

O Giro102, que arranca no sábado em Bolonha, assenta-lhe tão bem que ficar fora do pódio será algo estranho de pensar, ainda mais com três contra-relógios à espera deste especialista.

Roglic, aquela máquina que meteu respeito até a Chris Froome no último Tour - o britânico teve de se aplicar para ser pelo menos terceiro - e que terá uma equipa bem interessante a ajudá-lo. Este vencedor da Volta ao Algarve, em 2017, está feito num senhor ciclista, numa Jumbo-Visma que começa a colher os frutos do paciente trabalho que realizou com talentos como o esloveno. 

Equipa para o Giro: Primoz Roglic, Antwan Tolhoek, Jos van Emden, Koen Bouwman, Laurens de Plus, Paul Martens, Sepp Kuss, Tom Leezer.

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