9 de maio de 2019

Kittel sai da Katusha-Alpecin e faz pausa na carreira

(Fotografia: © Team Katusha-Alpecin)
Tão rapidamente Marcel Kittel estava a recuperar confiança e, igualmente importante, o sorriso de quem reencontrava a alegria na competição, como ainda mais rapidamente entrou outra vez numa espiral descendente que não consegue parar. Fim da linha para Kittel na Katusha-Alpecin. Mas será o fim da carreira?

Ciclista e equipa terminaram o contrato por mútuo acordo, a pedido do primeiro. Mas Kittel  - que até estava nos últimos meses do vínculo com a equipa de José Azevedo - foi mais longe. Vai mesmo fazer uma pausa depois de ano e meio muito, mas mesmo muito, abaixo não só do esperado, mas do minimamente exigível para um ciclista do seu nível. E do ordenado que recebia.

Desde que saiu da Deceuninck-QuickStep, então Quick-Step Floors, que Kittel entrou numa desesperante baixa de rendimento. O discurso de 2018 foi do género "na próxima corrida é que é". Mas nunca foi. Uma época, duas vitórias de etapas em Março, no Tirreno-Adriatico. A pensar em problemas passados, Kittel fez exames médicos, mas nada foi detectado. Terminou a temporada mais cedo para descansar, acreditando que era o que lhe tinha faltado após a queda no Tour de 2017. Não teria recuperado convenientemente na ânsia de começar bem na Katusha-Alpecin. 

Mas também não foi essa a razão. Mesmo que com o novo director, Erik Zabel, tenha inicialmente apresentado-se melhor, ganhando um dos troféus do Challenge de Maiorca, a esperança de ser o portentoso Kittel no sprint durou pouco. O alemão voltou a não discutir corridas e depois de anular as presenças no Tour de Yorshire e na Volta à Califórnia, surgiu esta notícia.

De recordar que em 2015, o sprinter sofreu um problema de saúde que o limitou quase toda a temporada na Giant-Alpecin (actual Sunweb). Mudou-se para a Quick-Step Floors à procura de um recomeço e foi o super Kittel de outrora. 

Que falta fez esse Kittel a uma Katusha-Alpecin a render tão pouco desde a saída de Joaquim Rodríguez. Porém, a dúvida passa a ser se Kittel vai conseguir aos 31 anos  - que fará no sábado - recuperar uma forma que lhe permita competir com uma nova geração tão forte, com Fernando Gaviria à cabeça.

A potencial concorrência com o colombiano fez com que Kittel quisesse sair para a Katusha-Alpecin, mas a sua falta de rendimento vai muito além do mito de que quem sai da formação belga, tem dificuldades em render tanto como naquele estrutura.  Aliás, Patrick Levefere avisou que estamos perante um ciclista frágil e o director da Deceuninck-QuickStep é o primeiro a dizer que não quer acreditar que o sprinter esteja acabado para o ciclismo.

Resta esperar que Kittel encontre respostas. Talvez que se encontre a ele próprio e aquele sorriso e confiança que, nas primeiras semanas de 2019 regressaram, mas por tão pouco tempo. Com Mark Cavendish e André Greipel também em maus momentos, é caso para dizer que o ciclismo não merece que se perca três referências do sprint praticamente ao mesmo tempo, mas, por agora, o final de uma era parece estar cada vez mais iminente.

Quanto à Katusha-Alpecin o problema de resultados está longe de estar terminado e não pode falhar novamente numa contratação. A de Marcel Kittel foi milionária e sem retorno. A saída do alemão pode libertar dinheiro no orçamento da equipa e é preciso contratar alguém que dê mais garantias de vitórias. Nils Politt esteve bem nas clássicas, mas não ganhou. Zakarin tem de aparecer até que esta equipa também ele encontre soluções para o seu futuro. 

Talvez seja a oportunidade de Rick Zabel ter destaque, ele que venceu recentemente a segunda etapa do Tour de Yorshire, onde substituiu precisamente Kittel. Já nas últimas duas temporadas tinha deixado boas indicações, mesmo tendo de ser um lançador. A Katusha-Alpecin deixou sair Kristoff que estava a ganhar menos, mas ganhava. Agora precisa de uma solução. Urgentemente. 

Comunicado de Marcel Kittel na íntegra

"A meu pedido, a Katusha-Alpecin e eu decidimos terminar antecipadamente o meu contrato.

Foi para mim um processo longo de decisão, durante o qual coloquei muitas questões sobre como e onde quero ir como pessoa e atleta e o que é mesmo importante para mim. Adoro o ciclismo e a minha paixão por este bonito desporto nunca desapareceu, mas também sei o que requer de mim e o que preciso de fazer para ser forte e ter sucesso. Há dois meses que tenho aquela sensação de exaustão. Neste momento, não consigo treinar e competir ao mais alto nível. Por essa razão, decidi fazer uma pausa e ter tempo para mim, pensar nos meus objectivos e fazer um plano para o futuro.

Nesta altura, gostaria de agradecer à equipa por este ano e meio e pelo apoio. Gostaria de agradecer especialmente ao staff da equipa. Do fundo do meu coração posso dizer que são os melhores e que trabalham mais arduamente do que alguma vez vi. Peço desculpa por não ter levado a sua paixão a mais vitórias e resultados. Gostaria de agradecer aos patrocinadores e parceiros e que continuem a acreditar na equipa com o seu apoio e conhecimento.

Tomei esta decisão baseada na minha experiência que as mudanças levam a novos caminhos e oportunidades. Apesar de todas as inseguranças, tenho a confiança que, em última análise, vou encontrar novas oportunidades e desafios. Estou muito entusiasmado para o que aí vem. Gostaria de pedalar e competir outra vez no futuro e terei fazer um plano para alcançar esse objectivo.

É o maior desafio da minha carreira e eu estou a aceitá-lo."

»»Fim de carreira aos 26 anos««

»»Aos 47 anos decidiu terminar a carreira mas quer despedir-se como campeão nacional««

Sem comentários:

Enviar um comentário