21 de maio de 2019

Démare arrisca ser o único dos principais sprinters a resistir até ao fim

(Fotografia: Giro d'Italia)
A alta montanha aproxima-se, mas ainda teremos mais uma etapa completamente plana pela frente. Ou seja, o último dia para alguns dos sprinters presentes na Volta a Itália. Não é nada de novo que a maioria não se preocupe muito com a maglia ciclamino. É daquelas camisolas que não se importariam de ganhar, contudo, poucos estão dispostos a enfrentar as dificuldades das etapas montanhosas. Se há um aspecto que não muda é que, no que diz respeito à classificação por pontos, é a da Volta a França com que todos os sprinters mais sonham em ganhar. No Giro chegam as vitórias nas etapas.

Fernando Gaviria (UAE Team Emirates) nem completou a primeira semana devido a uma dor num joelho. Caleb Ewan (Lotto Soudal) até está bem colocada na luta pela ciclamino - tem menos 46 pontos do que Pascal Ackermann) -, mas o australiano já terá bilhete para regressar a casa depois da etapa desta quarta-feira. O mesmo se passará com Elia Viviani. O italiano até queria fazer "algo especial" no Giro, nas suas próprias palavras, mas entre uma desclassificação e haver sempre alguém mais forte do que ele, o ciclista da Deceuninck-QuickStep já se contentaria com um triunfo, para depois pensar no Tour. Que Giro tão diferente do de 2018 para Viviani, no qual venceu quatro tiradas e a classificação dos pontos. Além do italiano, também Gaviria e Ewan têm a Volta a França no calendário.

(Fotografia: Giro d'Italia)
Dos principais sprinters sobra Ackermann e Démare. O francês quer ficar até final, assumindo que quer mesmo a ciclamino. Ackermann também. O problema do alemão foi a queda à entrada da recta da meta. A Bora-Hansgrohe já garantiu que não há nada partido, mas o lado direito do ciclista ficou muito mal tratado (foto ao lado). Com Démare a inscrever o seu nome na lista de vencedores de etapas e com Ackermann a não somar pontos no sprint final, o francês ficou a um da liderança.

Mais do que poder ter dificuldades em sprintar na 11ª etapa, Ackermann irá tentar perceber se a condição física lhe permite passar a alta montanha que, a partir de quinta-feira, será uma presença mais constante praticamente até final do Giro. Na teoria, a 18ª tirada até poderá ser para os sprinters, se ainda houver forças para controlar a etapa depois dos difíceis dias anteriores. Este ano é um contra-relógio que fecha a corrida, não havendo a um dia de consagração, que também costuma ser sinónimo para os sprinters despedirem-se em grande.

Ackermann estava a ser uma das figuras da Volta a Itália, com duas vitórias na sua estreia em grandes voltas. Agora, Démare poderá tornar-se no mais forte candidato a ficar com a maglia ciclamino, algo que poderá ser confirmado na 11ª etapa desta quarta-feira.

Ainda há mais sprinters em prova. Davide Cimolai (Israel Cycling Academy) e Giacomo Nizzolo (Dimension Data), por exemplo, bem tentam aparecer, mas não conseguem exibir-se ao nível de um Ackermann, Démare ou Ewan. O mesmo acontece com Jakub Mareczko, italiano que chegou finalmente ao World Tour pela mão da CCC, mas não está a igualar as performances de épocas recentes.

Foi um dos que caiu, tal como Simone Consonni (UAE Team Emirates) e um dos ciclistas em destaque no Giro, o jovem Matteo Moschetti. O sprinter da Trek-Segafredo foi transportado para o hospital. A equipa anunciou que o italiano vai abandonar o Giro devido à queda. Garantiu que não perdeu a consciência após a queda, mas irá demorar algum tempo a recuperar das lesões nos ombros e pernas.

Ainda se desconhece se Mareczko irá partir amanhã. Já a UAE Team Emirates até gostaria de Consonni ficasse mais uns dias, para ser uma ajuda, pelo menos nas fase iniciais das etapas de montanha, na defesa de uma liderança na geral que Valerio Conti e a equipa admitem querer manter pelo menos até domingo. Há que não esquecer que a UAE Team Emirates já só tem seis ciclistas, com Gaviria e Juan Sebastián Molano a estarem fora. Este último foi retirado da corrida depois de serem conhecidos os resultados anómalos em testes feitos internamente.

De referir que a seguir a Ackermann (155 pontos), Démare (154) e Ewan (109), estão Richard Carapaz (Movistar) e Primoz Roglic (Jumbo-Visma), com 50 e 46 pontos, respectivamente na classificação da maglia ciclamino. Se Ewan for para casa e Ackermann seguir o exemplo ou não estar em condições físicas de lutar pelo sprint de amanhã e dos sprints intermédios das próximas etapas, Démare poderá dar por bem entregue esta aposta no Giro, já o que o Tour ficará para Thibaut Pinot tentar mais uma vez a desejada vitória francesa em casa. Não haverá espaço para Démare na Volta a França. Será tudo por Pinot na Groupama-FDJ.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

11ª etapa: Carpi - Novi Ligure, 221 quilómetros


Depois de um dia curto, 145 quilómetros entre Ravenna e Modena, é o regresso às maratonas dos 200 quilómetros. Parte da etapa passará por estradas conhecidas da Milano-Sanremo, com a UAE Team Emirates a esperar que possa novamente ficar mais descansada no trabalho de controlar as operações no pelotão, já que os sprinters quererão aproveitar esta última oportunidade para muitos. A Deceuninck-QuickStep terá de apostar forte para tentar salvar algo com Elia Viviani.




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