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© Jérémy-Günther-Heinz Jähnick/Wikimedia Commons) |
Chegou ao fim mais um dos longos processos de doping. A UCI anunciou a suspensão de dois anos de Samuel Sánchez, que até pode regressar à competição a 17 de Agosto. Aos 41 anos, o espanhol garante que tal não vai acontecer. Porém, a resolução deixou-o satisfeito: "Posso olhar as pessoas nos olhos." O antigo ciclista tinha acusado a substância hormonal GHRP-2, mas a UCI aceitou a explicação da possibilidade da ingestão ter acontecido devido a um suplemento contaminado.
"Ficou demonstrado que não houve intenção, que eu, em nenhum momento, quis doparme. Estou tranquilo. Ninguém dirá que me dopei intencionalmente", salientou ao jornal Marca. Sánchez foi suspenso provisoriamente a 17 de Agosto de 2017, a poucos dias do arranque da Volta a Espanha. Na altura, o então ciclista da BMC já ponderava retirar-se da modalidade no final da época. A suspensão precipitou a decisão, mas Sánchez sempre defendeu a sua inocência, dizendo estar de "consciência tranquila".
A demora na resolução do caso foi justificada pela UCI pela necessidade de serem realizadas várias análises científicas para tentar comprovar a explicação de Sánchez quando à origem da substância detectada. Como foi aceite a justificação do espanhol, a sanção resume-se aos dois anos, não havendo uma multa a acompanhar.
O caso de Sánchez era idêntico ao de Stefano Pirazzi e Nicola Ruffoni, italianos da Bardiani-CSF, que, no entanto, tiveram um resultado final bem diferente, já que não foram aceitas as explicações dadas. Ambos estão a cumprir uma longa suspensão de quatro anos. 2017 foi um ano atípico para as grandes voltas. Pirazzi e Ruffoni foram suspensos no dia antes do Giro começar, André Cardoso estava a dias de se estrear no Tour quando foi conhecida a análise positiva de EPO e antes da Vuelta foi Sánchez a ser notícia.
Apesar de ter sido a pior forma de acabar a carreira, perante a resolução, o espanhol afirmou que tem "confiança nos controlos" anti-doping, ainda que tenha ficado claro os riscos a que os ciclistas estão expostos, como aconteceu consigo.
Além das declarações ao jornal, Sánchez disse através de um comunicado que esteve um ano e nove meses em silêncio, mas a trabalhar com o seu departamento jurídico com "o único objectivo de encontrar uma resposta para o sucedido. O antigo ciclista realçou que "não fazia sentido, nem tinha lógica nenhuma desde o primeiro momento" a sua análise positiva da substância hormonal.
Para Sánchez está fechado um capítulo que lhe permite ver salvaguardada uma carreira que o colocou como uma das referências do ciclismo espanhol. Foi um dos rostos da saudosa Euskaltel-Euskadi, ganhou etapas na Vuelta, corrida onde chegou a ser segundo na geral, tal como no Tour, ainda que depois da desclassificação de Alberto Contador e Denis Menchov. Conquistou muitas vitórias importantes, sendo uma das que mais o orgulhou a medalha de ouro olímpica em Pequim2008.
De certa forma, esta foi uma última vitória, com Sánchez agora a querer continuar o seu trabalho na escola de ciclismo com que colabora.
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