17 de maio de 2019

Um Giro à espera dos candidatos

(Fotografia: Giro d'Italia)
A primeira longa semana do Giro aproxima-se do fim. Ainda faltam duas etapas para a primeira pausa, mas já lá vão sete, a maioria longas. Muito longas. A Volta a Itália quebrou com uma tendência recente de se ter etapas mais curtas e explosivas e menos destas maratonas. Estas vão continuar a aparecer nas próximas duas semanas e há que esperar por aquelas que vão ter a alta montanha a acompanhar. É que se o Giro tem tido pontos de interesse, o espectáculo tem estado muito reduzido a um bom contra-relógio inicial, às discussões pelas vitórias de etapas, com destaque para os sprints de Pascal Ackermann. Os homens da geral andam sossegados. Ninguém se tem mostrado.

Faz pensar "que bom seria ter aquele Simon Yates a mexer nas subidas logo de início". Mas o britânico aprendeu o preço que se paga por ser um homem a dar espectáculo tão cedo e nenhum dos candidatos está disposto a desgastar-se mais, principalmente em etapas longas que, dia após dia vão deixando as suas marcas, mesmo que não tenham encontrado as maiores das dificuldades. As subidas já têm tido as suas fases exigentes, mas são uma ou duas por dia e de primeira categoria, nem vê-las.

Têm-se ficado à espera de ver quando alguém tentará fazer um teste. Porém, só uma queda acabou por fazer as primeiras diferenças, além do contra-relógio inaugural, e atirou para fora da corrida um antigo vencedor do Giro: Tom Dumoulin. Nem nas subidas mais curtas e explosivas, nem nas mais longas, ninguém se mexe.

A sétima etapa, desta sexta-feira, até se pode dizer que foi curta: 185 quilómetros. E foi bastante rápida, quebrando com alguma apatia de certos dias. A menos extensa foi a de quarta (140). Já são quatro tiradas acima dos 200 e este sábado serão 239, antes de mais um contra-relógio. Será o dia mais longo e a maioria dos quilómetros serão planos.

O cansaço nas pernas já se vai sentindo, não esquecendo que o mau tempo que já apareceu no Giro também tem o seu efeito. E domingo é dia de um contra-relógio que, esse sim, fará novas diferenças que uns querem que sejam significativas (Primoz Roglic, por exemplo), outros vão tentar minimizar perdas (Simon Yates e Miguel Ángel López).

Mas então, quando é que os homens da geral vão começar a mostrar-se? Se este sábado se mantiverem todos sossegados como até agora, a pensar mais no contra-relógio, talvez na próxima quinta-feira, quando surgir a primeira grande subida. Segunda é dia de descanso, terça e quarta são duas etapas completamente planas, a primeira com 145 quilómetros, a segunda com 221. A não ser que o vento, ou outro factor externo se intrometa no controlo do pelotão, então espera-se que seja a subida a Montoso anime um Giro a precisar de um abanão que não se limite a reviravoltas estranhas, como a liderança de Valerio Conti (UAE Team Emirates), que deixou os principais candidatos a mais de cinco minutos da maglia rosa.

A boa notícia é que quinta, sexta e sábado da próxima semana haverá alta montanha e depois de tantos dias com tão pouca actividade das principais figuras da geral, cresce a ânsia de ver os favoritos em acção e começar a perceber como estão. Não está a ser inesperada esta primeira fase do Giro mais discreta de alguns ciclistas, pois se a organização resolveu recuperar a versão das etapas longas numa grande volta, também colocou juntas etapas decisivas mais à frente na corrida e que vão testar não só a forma, mas a capacidade de recuperação, depois de tantos quilómetros feitos.

Mais uma fuga a triunfar e abandonos de peso

(Fotografia: Giro d'Italia)
Desta feita não houve uma distância tão grande dos fugitivos do dia, até porque a UAE Team Emirates deu tudo o que tinha e ainda teve uma ajuda preciosa da Trek-Segafredo para garantir que José Joaquín Rojas (Movistar) não tirava a rosa a Valerio Conti. O espanhol foi novamente para a frente e quase viveu um dos dias mais importantes da sua carreira, ele que é um eterno gregário. Conti sobreviveu na liderança e Pello Bilbao venceu pela primeira vez numa grande volta e abriu a contagem de uma Astana que aposta forte em Miguel Ángel López, ainda que o espanhol até esteja agora à frente do líder na classificação.

As principais novidades do dia acabaram por ser dois dos três abandonos. A UAE Team Emirates pode concentrar-se por completo na defesa da maglia rosa, pois perdeu Fernando Gaviria, que se queixou de dores no joelho. O colombiano sai de Itália com uma etapa que o próprio admitiu não sentir que tivesse ganho, pois considerou que o sprint de Elia Viviani tinha sido legal. O italiano da Deceuninck-QuickStep foi desclassificado por ter desviado a trajectória, prejudicando Matteo Moschetti. A UAE Team Emirates está reduzida a seis ciclistas, pois Juan Sebastián Molano foi mandado para casa devido a resultados anómalos em testes realizados internamente.

Um daqueles pormenores a analisar mais à frente na corrida será o abandono de Laurens de Plus. Tem sido um dos braços direitos de Primoz Roglic em 2019, mas uma infecção na garganta estava a limitar o belga praticamente desde o início do Giro. Com uma sétima etapa feita a um ritmo mais elevado, De Plus não aguentou. Que falta fará quando as principais tiradas chegarem? É uma perda para Roglic.

De referir que Sacha Modolo, o sprinter da EF Education First, também já não está em prova, em mais uma corrida em que o italiano passou despercebido.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

8ª etapa (18 de Maio): Tortoreto Lido - Pesaro, 239 quilómetros


Os últimos 100 quilómetros serão de sobe e desce, com uma terceira categoria e duas quartas. Atenção aos derradeiros sete, que serão em descida técnica.


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