29 de maio de 2019

Afinal o que aconteceu à bicicleta de Primoz Roglic? A Movistar está envolvida...

(Fotografia: © Jumbo-Visma)
Enquanto por um lado surgiram insinuações que a Movistar teria entrado em modo de ataque quando Primoz Roglic sofreu um problema mecânico, por outro surge a história de grande fair play. Talvez até mais do que Francisco Ventoso (CCC) oferecer a sua água a Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) no Mortirolo. Quanto às insinuações de Pavel Sivakov (Ineos), fica a opinião de cada um de considerar se houve ou não ataque da equipa espanhola, se houve ou não falta de fair play, mas quanto ao que aconteceu com Antwan Tolhoek e a bicicleta de Roglic, houve de facto muito fair play da equipa espanhola.

A etapa de domingo da Volta a Itália continua assim a ser notícia, mas pelo menos fica resolvido um "mistério" da bicicleta de Roglic, cortesia do El País. Finalmente "encontrou-se" a bicicleta que o esloveno abandonou quando trocou para a de Tolhoek. Recordando rapidamente o que aconteceu. Antes da subida ao Civiglio, Roglic sofreu uma avaria mecânica (Sivakov disse que o ciclista da Jumbo-Visma tinha o desviador partido). Roglic pediu ajuda ao seu carro de apoio para trocar a bicicleta. No entanto, o director desportivo tinha parado para urinar. Com os rivais a escaparem, Roglic recorreu ao plano B e ficou com bicicleta do companheiro, Antwan Tolhoek.

O líder da Jumbo-Visma acabaria mais tarde por sofrer uma queda e, tudo junto, resultou numa perda de 40 segundos. Entretanto as coisas já ficaram bem piores na classificação geral para Roglic, mas por agora fiquemos pelo que aconteceu no domingo.

Tolhoek ficou à espera de receber uma bicicleta para prosseguir a etapa. Contudo, Jan Boven, o director desportivo, ao perceber que tinha escolhido a pior das alturas para se parar e sair do carro, conduziu o mais rápido possível para regressar para junto de Roglic, ainda que já tivesse decidido que o melhor era não trocar novamente de bicicleta, para não perder mais tempo.

Ou seja, passou por Tolhoek e nem o terá visto. Pobre Tolhoek que continuava sem solução sem ser uma bicicleta avariada. Eis que surge o segundo carro da Movistar, conduzido pelo director desportivo britânico Max Sciandri. Ao ver o holandês, parou e ofereceu-lhe uma bicicleta da equipa espanhola. Tolhoek aceitou de bom grado, mesmo que isso significasse "trocar" uma Bianchi por uma Canyon, mas não era altura para pensar em questões de patrocínios, pois havia uma etapa para terminar e tempo limite para respeitar.

O gesto de Sciandri não ficou por aqui. A Jumbo-Visma utiliza pedais Shimano, a Movistar Look, isto é, os encaixes não são compatíveis. O director desportivo tirou os pedais da bicicleta de Roglic e colocou-os na da Movistar. Tolhoek lá seguiu caminho.

Agora sim. O que aconteceu à bicicleta de Roglic? Sciandri colocou-a no seu carro e levou-a até à meta em Como. Depois foi devolvê-la à Jumbo-Visma. Portanto, não houve nenhuma tentativa de a esconder da "revista" por motores, feita pela UCI numa diligência contra o chamado doping mecânico (terá sido uma das suspeitas levantada nas redes sociais perante a falta de informação sobre o que tinha acontecido à bicicleta).

Além de finalmente esclarecer a dúvida - não o fez antes porque, como disse ao jornal, ninguém lhe perguntou -, Sciandri ainda comentou a escolha de Boven em parar num local que até pode parecer seguro, pois é antes de começar a acção final da clássica da Lombardia, que foi basicamente o final da etapa de domingo. Mas afinal não foi nada seguro. "Quando chego a esse ponto tenho sempre vontade de urinar, porque é um momento de relaxamento depois do stress sofrido no sobe e desce de Ghisallo e Sormano. Mas claro que nunca parei. Há que estar sempre colado ao líder e não o deixar nem por um segundo", salientou Sciandri ao El País.

Tom Dumoulin sobreviveu a uma dor de barriga quando ganhou o Giro 2017, mas Roglic poderá não resistir à vontade de urinar do seu director desportivo. Mas também não pode culpar só esse momento pela perda de tempo que tem vindo desde então a acumular.

Carapaz ganha uns segundos e Landa ameaça Roglic

(Fotografia: Giro d'Italia)
O Mortirolo deixou marcas nas pernas de todos, mas quando se está em alta parece haver uma força extra sempre a "empurrar". Que o diga Richard Carapaz. O camisola rosa atacou pouco antes do quilómetro final e ganhou sete segundos a Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) e Primoz Roglic (Jumbo-Visma). Pode parecer pouco, mas segundo a segundo, Carapaz vai construindo uma liderança que pode defender no que ainda falta de montanha e, principalmente, no contra-relógio. São 1:54 para Nibali e 2:09 para Roglic.

E a Movistar está imparável. Com a etapa controlada, Mikel Landa pôde fazer o seu ataque, também perto do fim, e ficou a 47 segundos de Roglic. O pódio está à vista, pois se Roglic continuar a demonstrar debilidades na montanha - e a etapa de sábado vai ser bem complicada - e se Landa tiver mais liberdade, pode ganhar tempo para tentar defender-se no contra-relógio, ficando num pódio que chegou a ser bastante improvável acontecer. Não será fácil, mas este Landa nada tem a ver com o ciclista da primeira semana do Giro.

A Movistar que ameaçou ter mais uma grande volta para esquecer, está numa boa posição para quebrar um enguiço de quase três anos em grande voltas, quando Nairo Quintana venceu a Vuelta em Setembro de 2016.

Do ataque de asma de um líder, à vitória de um jovem talento

(Fotografia: Giro d'Italia)
Não é a primeira vez que se fala de Nans Peters, francês que já foi líder da juventude neste Giro. Há muito que a camisola branca mudou de dono, mas o ciclista de 25 anos deu mais uma ajuda para salvar uma corrida que estava a ser para esquecer da AG2R.

Não demorou muito a perceber que Tony Gallopin e Alexis Vuillermoz não iam ser homens a lutar sequer por um top dez. O primeiro queria mostrar que tinha mesmo feito a transformação para voltista, depois de ter revelado sinais na Vuelta. Não convenceu e até abandonou na etapa do Mortirolo. Na mítica subida, Vuillermoz passou por um grande susto. Sofreu um ataque de asma muito forte e chegou a cair. Recebeu ajuda médica e optou por regressar à sua bicicleta para terminar a etapa.

24 horas depois, Vuillermoz está a festejar a vitória de etapa de Nans Peters. Foi um dos corredores de uma fuga com muita gente, incluindo o português Amaro Antunes (CCC), tendo mais tarde arriscado um ataque solitário que acabou por resultar. Primeira vitória como profissional de Nans Peters e logo numa grande volta. A AG2R agradece, pois é apenas o sexto triunfo do ano, o primeiro numa corrida World Tour. A formação francesa tem sido muito de "consumo interno", o que é pouco para o seu potencial e orçamento. Já se sabe que aposta mais forte no Tour, mas nunca é mau ter outros resultados a apresentar antes de colocar toda a responsabilidade de uma época nos ombros de Romain Bardet.

Classificação da etapa Commezzadura - Anterselva/Antholz, 181 quilómetros, via ProCyclingStats.

18ª etapa: Valdaora/Olang - Santa Maria di Sala, 222 quilómetros



Arnaud Démare, Pascal Ackermann, estão por aí? Os dois sprinters resistiram à infernal fase de montanha da Volta a Itália (que ainda não terminou) e continuam em prova. As restantes principais figuras do sprint já foram para casa. O ciclista da Groupama-FDJ e o da Bora-Hansgrohe lutam pela camisola ciclamino, ou seja, pela classificação dos pontos. São 13 a separá-los com vantagem para o francês, pelo que a disputa será acesa naquela que é a derradeira oportunidade para os sprinters ganharem uma etapa.

Será um dia curioso. Até começa a subir, mais ou menos a meio tem uma quarta categoria, mas a maioria dos quilómetros são a descer.




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