(Fotografia: Giro d'Italia) |
Mas falemos de Sho Hatsuyama. Nome provavelmente desconhecido, ainda que se esteja perante um campeão japonês (2016). Não é uma nação que tenha chamado muito a atenção das grandes equipas, com Fumiyuki Beppu a ser o maior destaque, pois desde 2010 que está no World Tour, a maioria das épocas passadas na Trek-Segafredo. Hatsuyama está a aproveitar a oportunidade na Nippo Vini Fantini Faizanè, um projecto que une Itália ao Japão e que este ano regressou ao Giro.
Hatsuyama e Hiroki Nishimura foram os nipónicos eleitos para a grande volta. Um momento importante nas suas carreiras. O primeiro tem 30 anos, o segundo 24. Nishimura teve uma estreia para esquecer. Terminou o contra-relógio inaugural fora do tempo limite. Fez oito quilómetros no Giro e foi excluído. A equipa explicou que Nishimura tinha dormido mal, dada a ansiedade e nervosismo por ir participar numa corrida tão importante. Não foi a melhor das imagens que deixou.
(Fotografia: Giro d'Italia) |
Com 75 quilómetros para o final terminou a aventura solitária e a ver vamos se não vai ainda pagar caro o esforço. Cortou a meta a mais de três minutos de Gaviria, mas o seu trabalho do dia ficou feito, tal como uma pequena redenção em nome de um compatriota que, do maior momento da sua carreira, passou em oito quilómetros para a tristeza de ser excluído logo no primeiro dia do Giro.
A acção final
Depois de tantos quilómetros em que o pelotão foi quase em ritmo de passeio, com a aproximação a Orbetello, as equipas começaram a preocupar-se com a questão do vento. Era um perigo para o qual estavam todas avisadas, pois os "abanicos" poderiam tornar-se uma realidade e um problema. Não aconteceram, mas uma queda a cerca de cinco quilómetros acabou por provocar muito nervosismo. Na frente, um sprint complicado, com muitos pretendentes. Pascal Ackermann (Bora-Hansgrohe) tentou impor-se novamente, mas desta feita esteve bem "marcado" pelos rivais. Elia Viviani (Deceuninck-QuickStep) - que disse que no domingo sofreu um problema nas mudanças que o impediu de sprintar em condições -, não deixou o alemão escapar e acabou por ser o mais forte, com Fernando Gaviria (UAE Team Emirates) e Arnaud Démare (Groupama-FDJ) ali bem perto.
Viviani bem chamou a atenção para a camisola que veste, de campeão nacional (agora com as cores em posição vertical, ou seja, como é de facto a bandeira italiana), mas os sorrisos duraram apenas uns minutos. Um jovem Matteo Moschetti (Trek-Segafredo) tentou intrometer-se entre os grandes do sprint. Sem querer, foi decisivo. Viviani desviou a trajectória, obrigando Moschetti a parar de pedalar. O campeão italiano foi desclassificado.
"Para mim, ele ganhou. O Elia sempre faz sprints correctos e não fez nada de mal hoje. Se virem a repetição, podem ver que não o faz de propósito. Não olhou para trás. Estava a tentar apenas fazer o seu sprint", disse Gaviria, a quem foi atribuída a vitória, que lhe valeu também a subida à liderança da classificação dos pontos. De propósito ou não, Viviani continua a zero num Giro em que prometeu fazer algo de especial.
4ª etapa: Orbetello - Frascati, 223 quilómetros
Talvez o possa fazer já esta terça-feira, mas não será surpresa se Viviani tiver de esperar pela quinta etapa. Apesar de não haver dificuldades de maior, além de uma quarta categoria na fase inicial, o problema para os sprinters são os últimos 2,5 quilómetros a subir. A pendente média é de 4,5%, mas a máxima chega aos sete, o que não será fácil para alguns dos ciclistas com características de sprinters. Caleb Ewan (Lotto Soudal) tem sido aquele que em 2019 já demonstrou não se intimidar nem um bocadinho com este tipo de finais. Ganhou assim em Hatta Dam, na Volta aos Emirados Árabes Unidos, por exemplo.
Primoz Roglic e a Jumbo-Visma terão de estar atentos para manter a camisola rosa, não vá alguém tentar recuperar alguns dos segundos perdidos no contra-relógio de Bolonha.
Desilusão de Hart e Carapaz
Estes são dois ciclistas que podem pensar em recuperar tempo nas pequenas oportunidades que forem surgindo. Tao Geoghegan Hart ficou retido na queda a cinco quilómetros e mesmo com quase toda a Ineos ao seu lado, a fazer um autêntico contra-relógio colectivo, perdeu 1:28 minutos e saiu do top dez. Pavel Sivakov ficou na frente e é agora o melhor da Ineos, a 1:01 de Roglic.
Já Richard Carapaz estará ainda mais frustrado. Depois de no contra-relógio ter ficado à frente de Mikel Landa, posição que o poderia colocar como líder da equipa mais à frente no Giro, o equatoriano teve de trocar de bicicleta a nove quilómetros da meta. Não conseguiu encostar no pelotão, ainda mais depois da queda que deixou tantos ciclistas para trás. Carapaz perdeu 46 segundos e está a 1:33 na geral. Landa tem 1:07 para recuperar. A Movistar está novamente com problemas numa grande volta.
Amaro Antunes (CCC) também perdeu os mesmos 46 segundos de Carapaz e são 2:15 para Roglic. Começa a ganhar espaço para se meter numa fuga quando o seu terreno favorito chegar.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
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