31 de maio de 2019

Guilherme Mota regressa a Portugal para poder garantir um futuro além do ciclismo

(Fotografia: © José Nunes Vieira)
Guilherme Mota está de regresso a Portugal, depois de cinco meses na equipa sub-23 da Caja Rural. Estava tudo a correr bem, com o ciclista de Leiria a alcançar bons resultados e a adaptar-se muito bem a uma realidade diferente da que estava habituado no escalão de juniores por cá. Porém, os desejo de prosseguir com os estudos e também de estar mais tempo com a família fez com que optasse por regressar e a UD Oliveirense-InOutBuild será a sua nova casa.

"Estou a focar-me bastante em passar tempo de qualidade com a família e na universidade, para que possa ter um futuro além do ciclismo. Apercebi-me que as coisas não estavam a ser compatíveis e tive a oportunidade para vir para a equipa do Manuel Correia", afirmou ao Volta ao Ciclismo. A UD Oliveirense-InOutBuild já tinha estado em perspectiva até surgir o convite da Caja Rural no ano passado, pelo que poder integrar o jovem plantel de uma estrutura que tem formado alguns dos mais recentes ciclistas a chegar ao World Tour - os gémeos Oliveira, Ruben Guerreiro -, deixa Guilherme Mota muito satisfeito. "É uma equipa de referência para todos os que saem do escalão de juniores para sub-23. Tem excelentes profissionais como Manuel Correia e o Luís Pinheiro. Sabe-se o quanto podem ajudar-nos a crescer", acrescentou.

O ciclista de 18 anos garantiu que estava feliz em Espanha, que estava tudo bem na equipa e até estava a conseguir boas classificações no top 20. Porém: "Neste momento não há condições para ter o ciclismo como principal via, digamos assim. No caminho que estava a seguir, ia acabar deixar metade das cadeiras do segundo semestre para trás." Guilherme Mota quer tirar o mestrado em Engenharia Biomédica, na Universidade do Minho. O ciclismo obrigava-o a passar bastante tempo fora de casa, a competir ou treinar.

"Ganhei muita experiência lá fora. É uma equipa com uma base profissional. Aprendi principalmente a nível táctico, mas também físico"

Não hesita em considerar que foi uma boa opção para ambas as partes, com a porta da Caja Rural a não ficar fechada com esta saída antecipada do ciclista. "Isto foi bastante pacífico. Eles sabiam que eu sou bastante dedicado aos estudos e que isto poderia acontecer. A porta fica aberta. Quando tiver os estudos mais arrumados, por assim dizer, e queira voltar, tenho a porta aberta. O que é muito bom. Não faria sentido acabarmos de outra forma", referiu.

Apesar do calendário em Espanha contar com mais corridas do que o português para os sub-23, Guilherme Mota considera que não vai competir menos e até está bastante satisfeito por ter pela frente o tipo de corridas que mais gosta: por etapas. "Até ao momento tenho 15 dias de competição. O calendário centrou-se mais em corridas de um dia. Passava muito tempo na casa da equipa em Pamplona. Agora, em Portugal, vou ter mais corridas por etapas. Vou acabar por fazer bastantes dias de competição."

E está a começar a fase do ano com mais competições no calendário nacional, com Guilherme Mota a ter estreia marcada já para domingo, no Grande Prémio Anicolor. Até final da temporada, deverá estar presente na maioria das provas da sua nova equipa e mesmo a Volta a Portugal não é algo completamente excluído. A UD Oliveirense-InOutBuild, tal como a maioria das equipas portuguesas, não tem um plantel extenso. No entanto, é mais na Volta a Portugal do Futuro que pensa Guilherme Mota, ficando a garantia que se tiver de fazer a Volta "principal", que estará preparado para tal. Se não for este ano, é naturalmente uma prova que o ciclista quer um dia competir.

Podem ter sido apenas cinco meses na Caja Rural, mas a UD Oliveirense-InOutBuild irá contar com um corredor que realçou como a passagem por Espanha foi enriquecedora: "Ganhei muita experiência lá fora. É uma equipa com uma base profissional. Aprendi principalmente a nível táctico, mas também físico. Estava numa equipa que assumia todas as corridas, tínhamos de assumir as perseguições, nas montanhas... Tínhamos responsabilidade. Nos juniores corria-se muito individualmente, na Caja Rural já se trabalhava para um líder."

"[Innsbruck] foi um dia em cheio! Foi um sonho de corrida! Houve alguns erros tácticos, mas fiquei contente com o 16º lugar"

Adaptar-se à nova equipa não deverá ser um problema, até porque além de amigos, conta com companheiros de treino, casos de Pedro Lopes e Hélder Gonçalves, o ciclista que foi o benjamin da Volta ao Algarve. Mota tem estado a preparar esta fase da temporada e coloca os Nacionais de Melgaço como objectivo, pois para quem ganhou os títulos como júnior, é normal que o deseja seja repetir o feito como sub-23. "Será bastante difícil. Haverá bons adversários, como o João Almeida e o André Carvalho [ambos da Hagens Berman Axeon], que me inspiram muito como sub-23. Mas sim, é um objectivo."

Quer agradar aos directores, aos patrocinadores e continuar a sua evolução como ciclista, depois de se ter destacado como júnior. Há que não esquecer que nos difíceis Mundiais de Innsbruck, no ano passado, foi 16º classificado na prova em linha. "Foi um dia em cheio! Depois de um Europeu bom no contra-relógio precisava de realçar as minhas capacidades. Foi um sonho de corrida! Tenho pena de não ter ficado no top dez. Houve alguns erros tácticos, mas fiquei contente com o 16º lugar", recordou.

Neste seu novo desafio, não coloca pressão em si mesmo, considerando que ainda tem muito a aprender. Agora quer prosseguir os seus estudos, enquanto cumpre com os deveres na InOutBuild, sem esquecer a selecção nacional. Contudo, não esconde que pode mudar de rumo se surgir um convite para dar o salto para o profissionalismo.


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