(Fotografia: Giro d'Italia) |
"Ouvi no meu rádio que ele tinha caído. Mas antes ele tinha tido um problema mecânico. Vi que ele tinha partido o desviador, por isso, quando a Movistar começou a correr em bloco depois disso, não achei que fosse muito justo, foi um pouco estranho", afirmou o russo da Ineos ao L'Equipe. Para que não existissem dúvidas sobre o que estava a dizer, o jornalista perguntou se a Movistar tinha acelerado. A resposta do líder da juventude foi: "Sim, absolutamente sim."
Foram nos 15 quilómetros finais que os problemas começaram, na subida e depois descida do Civiglio, dificuldade bem conhecida do monumento italiano Il Lombardia. Primoz Roglic teve um problema mecânico, mas quando quis trocar de bicicleta, não tinha o carro de apoio perto. O director desportivo terá parado para responder ao chamamento da natureza, o que obrigou o esloveno a ficar com a bicicleta do companheiro Antwan Tolhoek. Mais tarde, o ciclista da Jumbo-Visma caiu, ficando pendurado no rail. Ao todo, 40 segundos perdidos para a concorrência directa, com destaque para Richard Carapaz (Movistar), o camisola rosa, e Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida), até domingo o rival que mais preocupava Roglic, mas que agora partilha esse "estatuto" com o equatoriano da Movistar.
A corrida estava lançada já há uns bons quilómetros, com o grupo da frente a acelerar muito, principalmente por intermédio da Movistar e da Bahrain-Merida. O objectivo era claramente preparar ataques no Civiglio. Portanto, tal como se pode questionar alguma eventual falta de fair play da Movistar, também se poderá questionar se se deve parar uma iniciativa que estava em marcha para esperar por Roglic.
As palavras de Sivakov vão levantar suspeitas sobre o comportamento da Movistar e a única forma de se perceber o que aconteceu seria conhecer o que foi dito aos ciclistas da equipa espanhola e se o aceleramento deu-se ao saber-se do problema de Roglic, ou se já estava planeado. No domingo já se perceberá o que significam estes 40 segundos.
Recordando dois exemplos bem conhecidos. É inevitável falar da Volta a França de 2010. Andy Schleck teve um problema na corrente e Alberto Contador ultrapassou-o e acabaria por vestir a camisola amarela. O espanhol disse que não se apercebeu do que estava a acontecer com o rival e que já tinha iniciado o ataque. Nesse dia subiu à liderança que não mais largou. Schleck é que não gostou nada e chegou a perguntar a Contador como tinha sido capaz de atacar quando ele estava com problemas.
O resto é história. Contador acabaria por perder o Tour devido a um caso de doping, com Schleck a ser determinado como o vencedor depois de ter ficado na segunda posição atrás do espanhol.
No outro exemplo, tanto se acusou de falta de fair play, como se teve de ter muito em conta a confusão que uma mensagem da organização criou. Afinal estava ou não a corrida neutralizada? No Giro de 2014, no Stelvio, o mau tempo levantou preocupações principalmente quanto à descida. A organização transmitiu uma mensagem aos directores desportivos dando conta que planeava (e foi a palavra utilizada) colocar à frente dos ciclistas motos com bandeiras vermelhas e assim evitar ataques na descida, garantindo a posição dos ciclistas naquela fase da corrida e a segurança de todos.
A maioria interpretou a mensagem como se a descida estivesse neutralizada. Entre eles, Rigoberto Uran, o então líder. Alguns ciclistas até pararam para vestir roupa mais quente para a descida. Mas não Nairo Quintana, nem o então companheiro de equipa na Movistar, Gorka Izaguirre, Ryder Hesjedal (Garmin-Sharp), Matteo Rabottini (Neri Sottoli), Pierre Rolland e Romain Sicard, ambos da Europcar. O grupo lançou-se na descida, enquanto Uran manteve-se atrás da moto, pensando que a corrida estava mesmo neutralizada.
Quando se percebeu que afinal talvez não fosse assim, já era tarde. Quintana ganhou a 16ª etapa e não mais largou a rosa. A organização defendeu-se dizendo que nunca usou a palavra neutralizada. E na mensagem aos directores desportivos não o fez. Já no Twitter apareceu uma mensagem com essa palavra, que depois foi apagada. De nada valeram os protestos e ainda hoje essa vitória de Quintana é recordada por esse momento.
16ª etapa: Lovere - Ponte di Legno, 194 quilómetros
Um dos dias mais esperados da Volta a Itália ficou sem a passagem pela Gavia devido ao risco de avalanches e o perigo de gelo na estrada durante a descida, mas mantém-se o Mortirolo para haver espectáculo. É considerada uma das subidas mais difíceis no ciclismo, pois as pendentes chegam a atingir os 18%, com uma média acima dos 10% durante os 12 quilómetros. A passagem que estava prevista pela Gavia teria dado uma "preparação" mais interessante para o ataque ao Mortirolo, não esquecendo que serão quase 30 quilómetros até à meta, com direito a uma descida complicada, depois de terminar a difícil subida.
Nesta fase do Giro já ninguém está "fresco" e a etapa seguinte ao dia de descanso é sempre uma incógnita. A folga não faz bem a todos.
De recordar que Richard Carapaz lidera com 47 segundos sobre Primoz Roglic e 1:47 sobre Vincenzo Nibali. Pode ver neste link a classificação completa, via ProCyclingStats.
»»Sucessão de azares tira calma a Roglic. Última semana do Giro irá começar com uma desilusão««
»»Movistar e a pergunta do costume: afinal quem é o líder?««
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