23 de maio de 2019

Mesmo sem Aru a UAE Team Emirates encontrou forma de se destacar em tons de rosa

(Fotografia: Giro d'Italia)
A ausência de Fabio Aru da Volta a Itália foi, inicialmente, um rude golpe nas aspirações da UAE Team Emirates. No entanto, a equipa encontrou opções e a meio do Giro já pode orgulhar-se do que está a fazer. A escolha começoi por apostar forte em Fernando Gaviria e nos sprints e tentar que outros ciclistas lutassem por vitórias nas etapas de montanhas. O colombiano acabou por desiludir um pouco, vencendo apenas uma tirada e após a desclassificação de Elia Viviani. Porém, a UAE Team Emirates está a ter um Giro para mais tarde recordar em tons de rosa. A camisola da liderança tem estado na equipa desde a sexta etapa e mesmo que Valerio Conti não tenha conseguido mantê-la no dia em que chegou a alta montanha, o objectivo de estar de rosa até pelo menos domingo poderá muito bem ser concretizado. Jan Polanc é o novo líder e este é um corredor com outro tipo de argumentos para os principais candidatos se preocuparem.

Apesar de apenas haver uma primeira categoria, além de umas rampas pouco simpáticas, foi o suficiente para começar a perceber alguns pormenores. Mas antes, Polanc. Um esloveno ficou mesmo de rosa, mas não Primoz Roglic. São 4:07 minutos de vantagem sobre o compatriota depois de uma fuga que chegou a ter quase 15 minutos, com o ciclista da UAE Team Emirates a impor outro tipo de atenção do que Conti. Estamos a falar de alguém com um 11º lugar em 2017, quando venceu a etapa que terminou no Etna. Também ganhou uma tirada em 2015. Aos 27 anos revela amadurecimento nas corridas por etapas, mas está a faltar um grande resultado. A qualidade está lá, a camisola rosa poderá ajudar a libertar o voltista que existe em Polanc.

É uma diferença recuperável tendo em conta o inferno que ainda há pela frente. Porém, Polanc era daqueles nomes que estava na lista de outsiders para um top dez e agora está bem colocado para tal. Não foi uma etapa fácil e quebrou na rampa final antes dos últimos dois quilómetros, mas este esloveno poderá ser o que a UAE Team Emirates procurava para continuar a aparecer como líder no Giro, talvez até ao desejado domingo, o que significaria que passaria a folga de rosa. Mas talvez até mais...

Seria muito melhor que Fabio Aru estivesse em Itália a lutar pela vitória, mas, há falta do líder, a UAE Team Emirates encontrou o caminho que a está a colocar em destaque e, aconteça o que acontecer daqui para a frente, sairá do Giro com uma prestação positiva. Agora é ver, até quando aguentará Polanc e em que posição poderá terminar, com o top dez a ser possível se aguentar as difíceis etapas, a começar pela de sexta-feira.

Polanc e a UAE Team Emirates merecem ser o destaque do dia, pois não é qualquer equipa que possa dizer que perdeu a rosa, apenas para ficar com ela noutro ciclista! Já ninguém fala de Gaviria ou da exclusão de Molano. Mas vamos então aos primeiros pormenores com a chegada da alta montanha.

A Jumbo-Visma chumbou no primeiro teste. Primoz Roglic ficou rapidamente sozinho na única subida categorizada do dia. O lado positivo foi o esloveno ter controlado as operações. Não precisa de atacar, por agora, e também não precisou de responder a ninguém. Landa e López não são uma grande preocupação nesta fase. Tendo em conta o que vem pela frente, os próximos dias poderão ser bem mais complicados para Roglic se não tiver maior apoio.

➤ Esperava-se movimentações e Mikel Landa (Movistar) cumpriu a promessa, o que se compreende já que estava a quase cinco minutos de Roglic. Foi Miguel Ángel López quem abriu as hostilidades, não sendo uma surpresa, dado os 4:29 de atraso para o esloveno. Uma aliança que foi rentável. Pode-se pensar que recuperar 28 segundos é pouco, mas tendo em conta o terreno plano que foi preciso percorrer depois da subida ao Montoso, podem ser segundos preciosos e os dois sabem que precisam de ir baixando a diferença a cada oportunidade que tenham. Landa aproveitou bem o trabalho da Astana naquela fase plana. A equipa cazaque mostrou que tem mesmo um colectivo forte.

➤ A dúvida de como está Simon Yates mantém-se. Não se mexeu, andou sempre escondido... O britânico da Mitchelton-Scott continua a ser uma incógnita. Já Rafal Majka confirmou a boa forma. Porém, o líder da Bora-Hansgrohe só mexe quando as dificuldades estão perto de terminar, o que não lhe permite fazer diferenças. Já se tinha visto esta atitude na Volta aos Alpes e é difícil compreender porque não faz algo mais cedo. Se Majka estiver bem nos próximos dias então a Bora-Hansgrohe ameaça ter um fantástico Giro, já que Cesare Benedetti, o eterno gregário, venceu a etapa. A terceira vitória da equipa, a sua primeira como profissional aos 31 anos.

➤ Cuidado com Bauke Mollema. O holandês está bem e tem um Giulio Ciccone que sacrificou a sua camisola da montanha para ajudar o líder. Excelente trabalho do italiano, ainda melhores indicações de Mollema. A Trek-Segafredo imitou a UAE Team Emirates, já que "perdeu" a camisola, mas apenas para outro dos seus ciclistas. Há muito que não se via Gianluca Brambilla tão bem. Não venceu a etapa, mas está de azul.

➤ Amaro Antunes caiu sete posições, para o 14º lugar, mas está apenas a 23 segundos do top dez. Boa exibição do português, que foi protegido pela CCC. Se continuar com este nível, o algarvio poderá mesmo virar a sua atenção para a geral, em vez de procurar a etapas. A ver vamos como passará as tiradas de sexta-feira e sábado.

➤ Eros Capecchi esteve quase a conseguir o que Elia Viviani falhou. Contudo, tal como o compatriota acabou por ver frustrada a intenção com a meta à vista. A Deceuninck-QuickStep não consegue uma etapa e ainda viu Bob Jungels perder tempo na geral.

➤ Hugh Carty é o novo líder da juventude e só apetece dizer: até que enfim que este talentoso britânico está a mostrar mais da qualidade que há muito se sabe que tem. Nada está conquistado, tendo apenas 35 segundos de vantagem sobre Miguel Ángel López. Mas o ciclista da EF Education First é capaz de mais e melhor e ainda vai a tempo de se destacar no Giro.

➤ A classificação por equipas é negligenciada pela maioria, com excepção da Movistar. No entanto é a Androni Giocattoli-Sidermec quem agora lidera. E depois de vencer uma etapa com Fausto Masnada, Gianni Savio não se importaria nada de ver a sua equipa lutar por esta distinção. Difícil, mas dada a qualidade dos seus ciclistas, não impossível, até porque as que estarão na luta pela geral, vão sempre pensar em poupar os corredores quando estes terminarem as suas funções do dia.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

13ª etapa: Pinerolo - Ceresole Reale, 196 quilómetros


Que dia em perspectiva. Etapa longa, com chegada em alto, aos 2247 metros de altitude. A última dificuldade tem uma pendente média de 9%, parecerá interminável, com fase muito complicadas. Serão 44 quilómetros quase sempre a subir, apenas com uma curta zona de descanso. Isto tudo para terminar um dia com quase 200 quilómetros. Antes haverá uma primeira e uma segunda categoria. Se alguém não estiver bem (e sim, pensa-se em Simon Yates), pode-se perder muito tempo. E sábado há mais e ainda mais difícil!




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