12 de maio de 2019

Aquela vitória que afasta o fantasma Bennett de Ackermann

(Fotografia: Giro d'Italia)
Um sprinter está sempre sob pressão. Um voltista pode não ganhar uma etapa, mas se conquista a geral, está tudo muito bem. Um sprinter se não ganha, então falhou. Porém, Pascal Ackermann chegou ao Giro com uma dose extra de pressão. A escolha da Bora-Hansgrohe pelo alemão em detrimento de um dos homens mais ganhadores do ano foi desportivamente estranha, ainda que clara quando se analisa a opção extra-desportiva. Portanto, na primeira oportunidade conseguir a vitória, dificilmente poderia ter sido um melhor começo e certamente que sai dos seus ombros uns bons quilos de pressão.

Vejamos os números. Ackermann: três vitórias (uma World Tour) e a classificação dos pontos na Volta ao Algarve, antes do Giro. Sam Bennett: seis triunfos (cinco World Tour) e a classificação dos pontos na Volta à Turquia. O irlandês foi uma das figuras da primeira fase da temporada e poder-se-ia pensar que tinha ainda a seu favor a brilhante prestação no Giro de 2018, com três etapas ganhas. Mas não.

Pascal Ackermann teve a oportunidade de evoluir em 2018 um pouco resguardado dos holofotes e até foi o ciclista mais ganhador da Bora-Hansgrohe. No entanto, Bennett afirmou-se como sprinter de classe. Ackermann é alemão, Bennett irlandês. A Bora-Hansgrohe é alemã e tem sido clara a tendência em cada vez mais apostar nos ciclistas do país. A escolha de Ackermann foi anunciada muito cedo na época, para desilusão de Bennett. De nada valeu as vitórias que foi alcançando. Com o Tour a ser de Peter Sagan, seja em que forma esteja, resta ao irlandês a Vuelta e uma possível saída da equipa para ter mais destaque. Está em final de contrato, aos 28 anos.

Ackermann tem 25 e é visto como o futuro da equipa no sprint. Veste a camisola de campeão nacional e ninguém tem dúvidas do seu talento e do seu poderio. No entanto, perante os resultados de Bennett, se as etapas para sprinters na Volta a Itália fossem passando sem que o alemão vencesse, o ambiente poderia tornar-se difícil para o jovem sprinter. Ganhar logo na primeira oportunidade é simplesmente perfeito, ainda que não possa dizer que tem o Giro feito. Já se sabe como é com ciclistas deste nível. Agora tem de ganhar mais!

Além da vitória e do excelente trabalho da Bora-Hansgrohe na preparação do sprint, há que destacar como Ackermann a alcançou naqueles últimos metros. Foi uma demonstração de força, que torna irresistível comparar com alguns dos grandes sprints de um compatriota de Ackermann: Marcel Kittel. No momento em que se afastou do ciclismo, Kittel vê um potencial sucessor na Alemanha, que teve a capacidade para deixar Fernando Gaviria (UAE Team Emirates) e Elia Viviani (Deceuninck-QuickStep) sem hipótese de vencer.

E há que não esquecer um pequeno Caleb Ewan (Lotto Soudal) que foi terceiro, atrás de um Viviani que escolheu a roda de Gaviria, que não foi a melhor opção. Tanto ele como o colombiano olharam para o lado para ver um autêntico foguete passar por eles. Excelente sprint de Ackermann, que basicamente foi chegar, ver e vencer no Giro.

É a sua primeira grande volta, foi a primeira etapa para o alemão disputar e já tem a vitória. Agora irá falar-se menos de Bennett, o que poderá libertar ainda mais mais um sprinter da nova geração que começa a atingir um potencial prometedor.

Roglic tranquilo

Num dia com uma terceira e uma quarta categoria nos 55 quilómetros finais, dos 205 entre Bolonha e Fucecchio, com algum sobe e desce até então, não era a etapa mais típica para os sprinters, mas as equipas que apostam nesta especialidade cedo mostraram ao que vinham. Agradeceu a Jumbo-Visma que se limitou a proteger o maglia rosa, com Primoz Roglic a manter a liderança. Houve um corte de cinco segundos a partir do 15º classificado e que afectou o esloveno, mas nada de preocupante, pois nenhum dos seus mais directos rivais foi beneficiado.

O destaque da fuga por para Giulio Ciccone que está decidido em lutar pela camisola da montanha. Depois de a vestir no contra-relógio, ao ser o mais rápido a completar a subida final de 2100 metros, o italiano da Trek-Segafredo foi à procura de todos os pontos possíveis, mantendo a camisola azul. Miguel Ángel López (Astana) lidera na juventude, enquanto Ackermann ficou com a maglia cicclamino (dos pontos). Jumbo-Visma é a primeira entre as equipas.

O português Amaro Antunes (CCC) na 87ª posição, no pelotão que ficou a cinco segundos de Ackermann.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

3ª etapa: Vinci - Orbetello, 220 quilómetros


Não sendo um dia completamente plano, é um para os sprinters voltarem a discutir a etapa e disputar a maglia ciclamino (dos pontos). Há uma subida de quarta categoria, que termina a cerca de 40 quilómetros do fim, mas qualquer discussão que não seja com os homens rápidos do pelotão, será uma surpresa, até porque os sprinters sabem que não podem desperdiçar etapas destas, pois não abundam no Giro.





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