18 de dezembro de 2018

Van Aert junta-se à Jumbo-Visma em Março

(Fotografia: Lotto-Jumbo)
O próprio director da Jumbo-Visma admite que tudo aconteceu mais cedo do que esperava. Afinal a equipa só contava com a estrela do ciclocrosse em 2020. Apesar da incerteza se seria possível contar Wout van Aert já em 2019 após o ciclista ter rescindo com a Vérandas Willems-Crelan, a formação holandesa avançou mesmo para a contratação imediata. Ou quase. Van Aert vai fazer a temporada de ciclocrosse e juntar-se-á à sua nova equipa a 1 de Março, mais do que a tempo de fazer as clássicas da Primavera.

"Estávamos interessados no Wout para 2020. As coisas aconteceram mais rapidamente do que o planeado, mas podemos dar-lhe as boas-vindas mais cedo. Isso são boas notícias para a equipa porque estamos a ficar mais fortes. Ele é um grande talento e esperamos que possamos desenvolvê-lo num ciclista de clássicas que todos vemos nele", salientou Richard Plugge. O director geral da Jumbo-Visma tem agora um plantel que demonstrou este ano poder começar a tentar discutir pódios em grandes voltas, seja qual ela for e, com Van Aert, vai aspirar ao mesmo nas clássicas do pavé.

A única questão com a antecipação da assinatura do contrato é o que o tribunal irá decidir quanto à rescisão do ciclista. A Sniper Cycling, detentora da Vérandas Willems-Crelan, não concordou com as justificações de Wout van Aert e poderá ter direito a uma indemnização se a decisão lhe for favorável. O advogado do ciclista levou o caso à UCI, que permitiu que pudesse competir por outra equipa, mas ressalvou que ficará atenta à decisão judicial, não se sobrepondo o organismo ao que for definido em tribunal.

Além da parte legal, também se colocava a parte financeira. A Jumbo-Visma, novo nome da Lotto-Jumbo, começou a preparar a temporada de 2019 a pensar que Van Aert só entraria nas contas na época seguinte. Contratou Tony Martin (Katusha-Alpecin), Laurens de Plus (Quick-Step Floors), foi buscar à Sunweb Mike Teunissen e Lennard Hofstede, juntando-se ainda Taco van der Hoorn, da Roompot-Nederlandse Loterij. Aos novos rostos acresce-se as habituais renovações.

Até há poucos dias era a Jumbo quem se tinha comprometido em ser o patrocinador principal, eventualmente até único a nível de nome. Porém, apareceu a Visma e nesta mesma terça-feira em que foi confirmado Wout van Aert, foram anunciadas sete novas parcerias com marcas tão diferentes como das massas Grand'Italia, ou a 4iii, que irá medir a frequência cardíaca dos atletas da formação holandesa.

A Jumbo-Visma tem estado crescer e as exibições de Groenwegen, Roglic e Kruijswijk, sem esquecer George Bennett ou o jovem Antwan Tolhoek, fazem com que sonhe cada vez mais alto. Wout van Aert vai ser o senhor das clássicas depois de ter conquistado de rompante o respeito e o estrelato em 2018, alcançado mesmo um pódio na enlameada edição da Strade Bianche. Foi nono na Volta a Flandres e 13º no outro monumento, o Paris-Roubaix.

"Penso que alcancei excelentes resultados e é por isso que tive a oportunidade de falar com diferentes equipas. A certa altura, a Jumbo-Visma bateu-me à porta, uma equipa que me atraiu muito. Sabe bem subir ao World Tour porque penso que posso evoluir muito a esse nível", salientou Van Aert. 

Fica assim afastado o fantasma do ciclista de 24 anos ser obrigado a ficar uma temporada parado. Wout van Aert começou a demonstrar o seu descontentamento com a Vérandas Willems-Crelan aquando do processo de fusão com a Roompot-Nederlandse Loterij, depois de ter sido avançada que a união seria com a Aqua Blue Sport, que não se confirmou. Avançou para a rescisão em Setembro.

Apaixonado pelo ciclocrosse, este campeão do mundo tem estado a competir nesta vertente, mas longe do sucesso de épocas anteriores. Agora talvez tenha a estabilidade emocional que lhe faltava e o ciclismo de estrada irá ter outro assunto para se falar em 2019: os dois senhores do ciclocrosse, os dois grandes rivais, vão medir forças em algumas clássicas de estrada, pois o rival Mathieu van der Poel (esse sim, praticamente imbatível nas recentes corridas) viu a sua equipa, a Corendon-Circus, receber uma licença Profissional Continental para a próxima temporada. A Gent-Wevelgem e a Volta a Flandres são duas das principais clássicas em que está confirmado. A diferença entre ambos é que a Corendon-Circus estará sempre dependente de receber um convite, enquanto a Jumbo-Visma tem entrada directa nas corridas.

Uma rivalidade belga que pode sair do ciclocrosse e animar as históricas clássicas nos próximos anos.


Sem comentários:

Enviar um comentário