(Fotografia: Facebook Katusha-Alpecin) |
É inevitável não concentrar grande parte do falhanço da Katusha-Alpecin no rendimento muito abaixo do normal de Marcel Kittel. A aposta financeira foi grande, com a equipa a deixar sair Alexander Kristoff. O norueguês podia não estar a render como noutros tempos, em termos de qualidade de triunfos, mas ia vencendo. Kittel, um dos melhores sprinter da actualidade e da história foi uma sombra de si mesmo. A Katusha-Alpecin e o ciclista passaram praticamente o ano todo a dizer que as vitórias iam chegar na próxima corrida. A próxima corrida chegava e nada. Vinha outra e nada.
As duas etapas no Tirreno-Adriatico pareciam ser um sinal positivo, mas a época de Kittel resumiu-se àqueles dois dias de Março. No final de Agosto, já depois de uma Volta à França bem diferente da de 2017, quando conquistou cinco etapas, Kittel abandonou a Volta a Alemanha, nem partindo para a segunda etapa. O próprio não percebia o que se passava e foi submetido a exames médicos, para tentar perceber se estaria com algum problema de saúde, como em 2015. Mas não. A responsabilidade foi antes atribuída a uma má recuperação da queda no Tour de 2017, que ditou então o adeus à corrida, com o ciclista a considerar que o que estaria a precisar era parar, recuperar e regressar em 2019 ao seu nível. A Katusha-Alpecin espera bem que sim, já que não se confirmaram os rumores que Kittel poderia estar de saída.
Talvez a má época de Kittel - que ainda assim foi quem mais venceu - pudesse ter sido um pouco compensada se Zakarin tivesse confirmado as expectativas, depois do terceiro lugra na Vuelta em 2017. O russo teve finalmente o Tour como principal objectivo, deixando o Giro de fora do seu calendário. Sim, é um bom trepador. Sim, sabe mexer nas corridas. E sim, tem uma tendência a sofrer quedas ou outro tipo de azares. Quando parece que nada há a fazer para salvar a corrida, Zakarin começa a subir de forma e na classificação. No Tour lá conseguiu entrar no top dez, na Vuelta no top 20. Porém, fica sempre aquela sensação que talvez possa fazer mais e melhor.
A Simon Spilak foi dado o papel de ser o ciclistas para as corridas de uma semana, uma especialidade sua, como comprovam as duas Voltas à Suíça e uma à Romandia, mas o esloveno de 32 anos também nunca conseguiu apresentar-se ao nível de 2017, por exemplo. De Tony Martin só se pode dizer que entra naquela lista de corredores de quem sai da Quick-Step Floors, tem dificuldades ou não consegue de todo render o que rendia na formação belga (Kittel também está na lista, por agora). Conquistar mais um título nacional de contra-relógio foi pouco. A Katusha-Alpecin aliviou um pouco a folha salarial, pois Martin irá para Lotto-Jumbo (futura Jumbo) em Janeiro.
Ranking: 17º (2757 pontos)
Vitórias: 5 (incluindo duas etapas no Tirreno-Adriatico)
Ciclista com mais triunfos: Marcel Kittel (2)
Ian Boswell veio da Sky, mas não foi nem o gregário esperado, nem um ciclista que pudesse fazer a diferença em certas corridas. O colombiano Jhonatan Restrepo não confirmou o que muito se esperava dele e está de saída para a Manzana Postobón. Depois houve o acidente de Marco Haller, atropelado durante um treino. Esteve praticamente seis meses fora de competição, numa ausência importante no comboio de Kittel, mas que não serve de desculpa para o sprinter.
Mas nem tudo foi mau. O australiano Nathan Haas (29 anos), reforço vindo da Dimension Data, aproveitou bem dispor de alguma liberdade. Deu uma das vitórias à equipa (segunda etapa da Volta a Omã), tentou aparecer noutras provas, como na Volta à Califórnia, esteve perto de vencer em duas ocasiões na Suíça e acabou a época com um pódio na Volta à Turquia.
O alemão Nils Politt (24) demonstrou que poderá vir a ser aposta num futuro próximo, tendo ajudado a boa prestação na "sua" corrida. Venceu uma etapa e foi segundo na geral na Volta à Alemanha, mas ao longo do ano teve exibições consistentes e poderá começar a ser um ciclista com outro tipo de responsabilidade.
E temos José Gonçalves. Sem Zakarin no Giro, prova na qual o ciclista de Barcelos tinha sido um excelente gregário em 2017, a perspectiva era que Gonçalves pudesse perseguir a vitória de etapas. Tentou logo no contra-relógio inaugural (chegou a liderar) - foi quarto - e procurou esse triunfo nos dias seguintes. Foi terceiro na quinta etapa. Quando chegou a alta montanha, o português não se deixou enterrar na classificação. Foram exibições de grande nível praticamente durante todo o Giro, para tentar segurar um inesperado top 20, que se fixou num brilhante 14º posto.
Foi um José Gonçalves diferente, um ciclista mais forte na alta montanha e que agora se esperará para ver que aposta fará em 2019. Não conseguiu atingir o mesmo pico de forma na Vuelta, mas foi uma boa temporada para o gémeo, que viu o irmão renovar o título nacional de contra-relógio, com 12 segundos a separá-los.
Naquele que acabou por ser o ano de despedida de Tiago Machado do World Tour, o ciclista foi uma das figuras da Katusha-Alpecin na Vuelta. Com Zakarin fora da discussão do pódio, Machado teve liberdade e muito tentou procurar uma fuga de sucesso, entre as várias que triunfaram na corrida espanhola. Não encontrou o caminho de uma grande vitória, mas foi aquele ciclista que bem se conhece, lutador, que não sabe o que desistir quer dizer. E há que recordar que começou o ano com uma vitória que Prova de Abertura Região de Aveiro, ao serviço da selecção nacional, numa fuga solitária de 80 quilómetros! A equipa perde um ciclista muito regular, que foi um gregário importante neste quatro anos em que a representou.
Vitórias precisam-se em 2019
O nome de Joaquim Rodríguez continua a ser muito falado, pois desde que se retirou que esta Katusha-Alpecin não teve um ciclista que estivesse tanto na frente, tanto em destaque nas grandes voltas e não só. O director José Azevedo tem tornar em sucesso esta passagem para uma nova vida da equipa, que vai deixando cada vez mais para trás as origens russas. Contudo, nem com Kittel conseguiu recolocar a Katusha-Alpecin entre as formações mais ganhadoras.
Daniel Navarro, 35 anos, vai regressar ao World Tour depois de seis temporadas na Cofidis. Ciclista muito experiente que reforçará o bloco da montanha. Enrico Battaglin e Jens Debusschere serão uma mais valia para as clássicas e também nos sprints. Foi ainda contratado o jovem britânico Harry Tanfield, que aos 24 anos dará o salto para a categoria principal.
Sai Tiago Machado, entra Ruben Guerreiro entre os portugueses. Após dois anos na Trek-Segafredo, o campeão nacional de 2017 muda-se para a Katusha-Alpecin à procura de mais oportunidades, esperando também mudar a sua sorte, já que a sua passagem pelo World Tour está muito marcada por quedas e problemas de saúde que o têm limitado.
Dmitry Strakhov é um russo que conseguiu entrar na equipa que deixou de ser a que abria portas para os ciclistas deste país. O nome não é estranho, pois afinal andou por Portugal a ganhar e muito: Clássica da Arrábida, duas etapas na Volta ao Alentejo e uma etapa e a geral no Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela. O oitavo lugar na Volta à Grã-Bretanha, já como estagiário da equipa, terá ajudado a convencer os responsáveis da Katusha-Alpecin em contratá-lo. Os resultados foram interessantes, mas a ver vamos o que mostrará na elite mundial.
Permanências: Jenthe Biermans, Ian Boswell, Steff Cras, Alex Dowsett, Matteo Fabbro, José Gonçalves, Nathan Haas, Marco Haller, Reto Hollenstein, Marcel Kittel, Pavel Kochetkov, Viacheslav Kuznetsov, Nils Politt, Simon Spilak, Mads Würtz Schmidt, Willie Smit, Rick Zabel e Ilnur Zakarin.
Contratações: Enrico Battaglin (Lotto-Jumbo), Jens Debusschere (Lotto Soudal), Ruben Guerreiro (Trek-Segafredo), Daniel Navarro (Cofidis), Dmitry Strakhov (Lokosphinx - estagiou na Katusha-Alpecin a partir de Agosto) e Harry Tanfield (Canyon Eisberg).
»»Impossível ignorar que é preciso mudar««
»»Sporting-Tavira a melhorar mas com uma época que soube a pouco««
Mas nem tudo foi mau. O australiano Nathan Haas (29 anos), reforço vindo da Dimension Data, aproveitou bem dispor de alguma liberdade. Deu uma das vitórias à equipa (segunda etapa da Volta a Omã), tentou aparecer noutras provas, como na Volta à Califórnia, esteve perto de vencer em duas ocasiões na Suíça e acabou a época com um pódio na Volta à Turquia.
O alemão Nils Politt (24) demonstrou que poderá vir a ser aposta num futuro próximo, tendo ajudado a boa prestação na "sua" corrida. Venceu uma etapa e foi segundo na geral na Volta à Alemanha, mas ao longo do ano teve exibições consistentes e poderá começar a ser um ciclista com outro tipo de responsabilidade.
E temos José Gonçalves. Sem Zakarin no Giro, prova na qual o ciclista de Barcelos tinha sido um excelente gregário em 2017, a perspectiva era que Gonçalves pudesse perseguir a vitória de etapas. Tentou logo no contra-relógio inaugural (chegou a liderar) - foi quarto - e procurou esse triunfo nos dias seguintes. Foi terceiro na quinta etapa. Quando chegou a alta montanha, o português não se deixou enterrar na classificação. Foram exibições de grande nível praticamente durante todo o Giro, para tentar segurar um inesperado top 20, que se fixou num brilhante 14º posto.
Foi um José Gonçalves diferente, um ciclista mais forte na alta montanha e que agora se esperará para ver que aposta fará em 2019. Não conseguiu atingir o mesmo pico de forma na Vuelta, mas foi uma boa temporada para o gémeo, que viu o irmão renovar o título nacional de contra-relógio, com 12 segundos a separá-los.
Naquele que acabou por ser o ano de despedida de Tiago Machado do World Tour, o ciclista foi uma das figuras da Katusha-Alpecin na Vuelta. Com Zakarin fora da discussão do pódio, Machado teve liberdade e muito tentou procurar uma fuga de sucesso, entre as várias que triunfaram na corrida espanhola. Não encontrou o caminho de uma grande vitória, mas foi aquele ciclista que bem se conhece, lutador, que não sabe o que desistir quer dizer. E há que recordar que começou o ano com uma vitória que Prova de Abertura Região de Aveiro, ao serviço da selecção nacional, numa fuga solitária de 80 quilómetros! A equipa perde um ciclista muito regular, que foi um gregário importante neste quatro anos em que a representou.
Vitórias precisam-se em 2019
O nome de Joaquim Rodríguez continua a ser muito falado, pois desde que se retirou que esta Katusha-Alpecin não teve um ciclista que estivesse tanto na frente, tanto em destaque nas grandes voltas e não só. O director José Azevedo tem tornar em sucesso esta passagem para uma nova vida da equipa, que vai deixando cada vez mais para trás as origens russas. Contudo, nem com Kittel conseguiu recolocar a Katusha-Alpecin entre as formações mais ganhadoras.
Daniel Navarro, 35 anos, vai regressar ao World Tour depois de seis temporadas na Cofidis. Ciclista muito experiente que reforçará o bloco da montanha. Enrico Battaglin e Jens Debusschere serão uma mais valia para as clássicas e também nos sprints. Foi ainda contratado o jovem britânico Harry Tanfield, que aos 24 anos dará o salto para a categoria principal.
Sai Tiago Machado, entra Ruben Guerreiro entre os portugueses. Após dois anos na Trek-Segafredo, o campeão nacional de 2017 muda-se para a Katusha-Alpecin à procura de mais oportunidades, esperando também mudar a sua sorte, já que a sua passagem pelo World Tour está muito marcada por quedas e problemas de saúde que o têm limitado.
Dmitry Strakhov é um russo que conseguiu entrar na equipa que deixou de ser a que abria portas para os ciclistas deste país. O nome não é estranho, pois afinal andou por Portugal a ganhar e muito: Clássica da Arrábida, duas etapas na Volta ao Alentejo e uma etapa e a geral no Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela. O oitavo lugar na Volta à Grã-Bretanha, já como estagiário da equipa, terá ajudado a convencer os responsáveis da Katusha-Alpecin em contratá-lo. Os resultados foram interessantes, mas a ver vamos o que mostrará na elite mundial.
Permanências: Jenthe Biermans, Ian Boswell, Steff Cras, Alex Dowsett, Matteo Fabbro, José Gonçalves, Nathan Haas, Marco Haller, Reto Hollenstein, Marcel Kittel, Pavel Kochetkov, Viacheslav Kuznetsov, Nils Politt, Simon Spilak, Mads Würtz Schmidt, Willie Smit, Rick Zabel e Ilnur Zakarin.
Contratações: Enrico Battaglin (Lotto-Jumbo), Jens Debusschere (Lotto Soudal), Ruben Guerreiro (Trek-Segafredo), Daniel Navarro (Cofidis), Dmitry Strakhov (Lokosphinx - estagiou na Katusha-Alpecin a partir de Agosto) e Harry Tanfield (Canyon Eisberg).
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