28 de dezembro de 2018

"Se eu e o João Matias nos entendermos bem, poderemos dar que falar em muitas corridas"

(Fotografia: © João Fonseca/Federação Portuguesa de Ciclismo)
O mês de Outubro estava a terminar quando, no Twitter, Óscar Pelegrí anunciou que não tinha contrato para 2019, destacando como a sua estreia como profissional tinha sido marcada por excelentes resultados, incluindo duas vitórias. Em Espanha, o seu twit teve repercussão, com vários meios de comunicação social a noticiarem o caso de Pelegrí, que não deixava de ser uma surpresa perante o que tinha feito na Rádio Popular-Boavista. Também em Portugal a situação de Pelegrí recebeu atenção e foi de cá que partiu a oportunidade de continuar a competir. Depois de dias difíceis para o corredor, a Vito-Feirense-BlackJack de Joaquim Andrade "agarrou" Pelegrí, que agora só pensa em agradecer a confiança nele depositada com mais bons resultados.

"Foram momentos de susto que não recomendo a nenhum ciclista. Não encontras explicação... Foi complicado", confessou o ciclista espanhol ao Volta ao Ciclismo. Aos 24 anos, Pelegrí teve um 2018 pleno de surpresas. Começou por ir além dos objectivos que tinha com as vitórias na geral do Grande Prémio Abimota e na terceira etapa no Grande Prémio de Portugal Nacional 2. Acabou com a surpresa desagradável de se ver sem equipa. "Sim, fiquei surpreendido. Tinha outras opções mas não estavam seguras, pelo que queria esperar. E por questões de dias, ou de um dia, vi-me na situação de ficar sem equipa", referiu.

Pelegrí explicou que recebeu uma oferta da Rádio Popular-Boavista, mas que devido a "uma série de acontecimentos" a renovação não se concretizou. "A equipa estava completa e quando me decidi, já era tarde." Sem solução à vista, foi então que se virou para o Twitter, a exemplo de outros ciclistas no passado e conseguiu o feedback desejado: "Estou satisfeito por ir para a Vito-Feirense-BlackJack. É uma boa equipa e é uma boa oportunidade. Acho que posso encaixar bem na sua filosofia. Espero ter um bom ano", salientou.

"No início do ano, o meu objectivo era ver-me como profissional, mas nunca pensei que conseguisse a primeira vitória"

A formação de Joaquim Andrade irá perder um dos seus líderes, Edgar Pinto, que vai para  a W52-FC Porto. Abre-se um espaço para outros ciclistas mostrarem mais o seu potencial, a começar por Pelegrí. E o espanhol já só pensa como poderá procurar novos sucessos, ao lado de um ciclista que tem ganho um lugar de cada vez mais destaque no pelotão nacional e com o qual considera ter um perfil idêntico como atleta. "Se eu e o João Matias nos entendermos bem, poderemos dar que falar em muitas corridas", realçou.

Ultrapassada a incerteza quanto ao ter ou não equipa para 2019, Pelegrí consegue agora recordar com maior satisfação a sua estreia como profissional. Este campeão de Espanha de sub-23 em 2016 já tinha passagens pela italiana Amore & Vita e pela espanhola Caja Rural, como estagiário, antes de assinar pela Rádio Popular-Boavista. "Foi uma época muita positiva. Na Amore-Vita e na Caja Rural aprendi muito, sobretudo sobre a forma de correr e de me ver no pelotão internacional. Isso só me ajudou a que a adaptação este ano fosse mais rápida", disse.

"Não esperava conseguir tanto [em 2018]. No início do ano, o meu objectivo era ver-me como profissional, mas nunca pensei que conseguisse a primeira vitória. O objectivo era consegui-la nos dois primeiros anos. E foi um triunfo de etapa e numa Volta. Foi a primeira vez que ganhei uma Volta, pelo que fiquei super contente", acrescentou.

As suas exibições em Portugal foram seguidas com atenção no seu país. Ainda assim, não surgiu a oferta que todos os ciclistas procuram, ou seja, chegar a uma equipa de escalão superior. Nada que preocupe Pelegrí que só agradece ter a Vito-Feirense-BlackJack (futura Vito-Feirense-PNB) para prosseguir com a sua carreira. Depois de um 2018 tão positivo, Pelegrí admite que é ambicioso e que quer mais. Enquanto não arranca a temporada - a 10 de Fevereiro, com a Prova de Abertura Região de Aveiro -, o espanhol vai conciliando na pré-época os treinos de estrada, com a presença na pista: "É uma vertente que gosto muito e penso que entre pista e estrada há um benefício mútuo."

Pelegrí será uma das muitas caras novas na equipa do director desportivo Joaquim Andrade. Filipe Cardoso (Rádio Popular-Boavista), Rui Rodrigues (Aviludo-Louletano-Uli), Jesus del Pino (Efapel), Bjorn Thurau (Holdsworth Pro Racing), João Barbosa (Maia), Pedro Andrade e António Ferreira (promovidos da equipa de juniores) juntam-se ao projecto que continuará a contar com João Matias, Xuban Errazkin, Luís Afonso, João Santos, Bernardo Saavedra.

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