(Fotografia: © João Fonseca/Federação Portuguesa de Ciclismo) |
O objectivo era conseguir uma equipa de sub-23. Um passo natural para quem está a terminar a sua fase de júnior. Porém, Rodrigo Caixas recebeu um telefonema que lhe fez mudar de rumo, preparando-se agora para competir entre os profissionais com apenas 18 anos. O ciclista do Seixal é um dos reforços da LA Alumínios para 2019 e desde que soube que iria receber a oportunidade, começou o intenso trabalho de adaptação a uma diferente realidade.
O entusiasmo é grande, naturalmente, mas a vontade de surgir bem logo no arranque da temporada é ainda maior. "Nos juniores não era preciso trabalhar tanto endurance. Agora treino mais horas, faço também preparação de ginásio para ver se ganho mais resistência para aguentar as corridas com os profissionais", disse ao Volta ao Ciclismo. Porém, naquele que será o seu primeiro ano como sub-23, a exigência não será acompanhada pela pressão de alcançar resultados de destaque. A palavra de ordem é evoluir: "Pediram-me para trabalhar com calma, para ir evoluindo porque não se faz um atleta num ano. Pediram-me isso para assim, no futuro, ser um atleta melhor e alcançar melhores resultados. Disseram-me para não ter pressão."
Rodrigo Caixas só pensa em fazer bem o trabalho que lhe será pedido, mesmo que parte dele seja o que "a maior parte do pessoal não gosta, como carregar bidões", por exemplo, como o próprio frisou. Reiterou que só quer ajudar a equipa e agarrar todas as oportunidade que lhe surjam. "Sinto-me preparado para correr no pelotão profissional. Tenho trabalhado bastante bem. Vou na busca de ajudar a equipa no melhor que posso. Sei que vai ser um passo difícil, mas estou cá para trabalhar e para melhorar cada vez mais", salientou.
A presença em fugas e tentar mostrar ao máximo o patrocinador será um dos objectivos, tal como aconteceu no ano de estreia da LA Alumínios como equipa Continental sub-25. No entanto, um triunfo seria muito bem-vindo: "A equipa pretende obter mais vitórias nas corridas de um dia e, por isso, também contratou o António Barbio, que é um especialista nisso, como mostrou na Taça de Portugal este ano. E acho que passará por aí. Para mim? Se aparecer uma oportunidade, vou tentar não desperdiçar!"
"Gostava de estar presente numa Volta ao Alentejo, num Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela... Vamos ver. Em princípio farei a Clássica da Arrábida, da minha terra"
A LA Alumínios irá também apostar mais nas corridas de sub-23. "Aí já será possível obter alguma coisa [para ele próprio]", referiu. E para que não se duvide que tipo de ciclista o director desportivo Hernâni Brôco foi buscar, rapidamente Caixas retoma o seu discurso em prol do colectivo. Realçou ainda o futuro colega de equipa Gonçalo Leaça como um dos que poderá aparecer em destaque, quando estes objectivos estiverem em jogo, como será a Volta a Portugal do Futuro.
Inevitavelmente a conversa regressou ao tema de competir entre a elite. A Volta a Portugal e a do Algarve são, sem surpresa, duas competições que sonha em marcar presença. Contudo, em situação normal, não farão parte do seu calendário já em 2019. Por isso, a sua ambição vira-se para outras corridas. "Gostava de estar presente numa Volta ao Alentejo, num Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela... Vamos ver. Em princípio farei a Clássica da Arrábida, da minha terra. Será um orgulho muito grande poder correr na equipa da casa, na corrida da casa. Vai ter uma subidas duras, mas também terá um sectores de areia bastante engraçados. Como vai ser das primeiras corridas da época, vamos ver como decorre", afirmou.
Depois de sete anos na LA Alumínios-Paio Pires, Rodrigo Caixas mudou-se para o Clube de Ciclismo da Bairrada. "Tinha de dar o salto, era o melhor para mim. E obtive muita experiência nas corridas lá fora." Agora que se prepara para outro salto, o jovem ciclista continua a aplicar-se também na pista, vertente na qual é campeão nacional de omnium em juniores. "O Hernâni quer que eu continue na pista para ganhar algum ritmo, mas será diferente. Estava habituado em correr em equipa, com a da Bairrada. Ainda por cima vou correr nos elites!" Acrescentou que a pista é uma grande ajuda na sua evolução, ganhando, por exemplo, destreza e maior capacidade para o sprint.
E é então altura de Rodrigo Caixas se descrever como ciclista: "Eu acho que sou um ciclista rápido, melhor nas subidas curtas. Sou um ciclista mais explosivo. Não me adapto muito bem às montanhas longas, nem aos contra-relógios longos. Adapto-me bem aos sprints, mas não podem ser muito a direito. Não tenho muito peso e os outros atletas ganham vantagem [se o terreno for mais plano]."
Como pessoa, Caixas demonstra ter os pés bem assentes na terra. Apesar de querer dar todo o seu melhor na LA Alumínios, os estudos não são para ficar para trás. Falta-lhe um ano para concluir o curso profissional de Manutenção Industrial, na ATEC. "Houve uma altura em que andei desligado da escola, não queria saber daquilo para nada. Mas hoje já vi que tem de ser, porque um curso superior ajuda bastante no mercado de trabalho. Vamos ver como correrão as coisas. Se o ciclismo não estiver a dar vou-me dedicar à faculdade, para ter uma licenciatura", contou.
Conciliar o ciclismo com os estudos não é fácil, pois entre aulas e os treinos pouco tempo sobra a Rodrigo Caixas. Enquanto garante que mantém em aberto todas as possibilidades para o seu futuro, é no ciclismo que para já quer apostar. Qualquer jovem quer chegar alto, mas este quer mesmo pensar num passo de cada vez, pelo que o próximo gostaria que fosse chegar a uma das principais equipas de formação internacionais, como a Hagens Berman Axeon - por onde passou Ruben Guerreiro, os gémeos Oliveira, onde está João Almeida, que terá André Carvalho como companheiro em 2019 - ou a SEG Racing Academy, de Tiago Antunes.
Os pais dão-lhe total apoio nas escolhas e sonhos de Rodrigo Caixas, tal como os avós, não esquecendo como o avô, Manuel Caixas, também foi ciclista, pelo que o "bichinho" da modalidade está na família.
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