8 de dezembro de 2018

"Fisicamente sinto-me mais forte e também consigo ler melhor as corridas"

(Fotografia: © João Fonseca/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Miguel do Rego está a tornar-se uma presença cada vez mais habitual na selecção nacional de ciclismo de pista. Já se estreou em Taças do Mundo e juntou-se a um grupo que procura um feito inédito na modalidade em Portugal: a presença nos Jogos Olímpicos Tóquio2020. A razão pela qual só se fala do seu nome quando se realizam provas desta vertente, prende-se com o simples facto de o corredor viver e competir em França, onde nasceu. Porém, as origens falaram mais alto quando o seleccionador Gabriel Mendes lhe propôs vestir a camisola da selecção. Miguel do Rego não hesitou em aceitar.

"Sinto-me muito bem aqui, adoro estar aqui", admite de imediato, considerando que os seus companheiros de equipa mais parecem irmãos, dada a relação que tem com eles e que o faz sentir em família. E quando se fala de família, também foi por causa dela que começou no ciclismo. O irmão, Fábio, foi a sua influência, sendo ambos corredores da CM Auberviliers, formação amadora francesa. É nesse escalão que compete, somando algumas vitórias, tendo este ano ganho uma corrida e alcançou vários top dez, o que o deixa bastante satisfeito com a sua temporada.

Aos 20 anos, só pensa em melhorar, para poder dar o salto que todos os jovens ciclistas ambicionam. Poder um dia estar no Paris-Roubaix seria um sonho que gostaria de concretizar. "Já lá fui experimentar [os sectores]. Foi espectacular", realçou, acrescentando que algumas corridas que faz decorrem na zona da corrida conhecida como o Inferno do Norte.

"Sou mais de fugas. Sprints não muito, mas consigo desenrascar-me. E ando a rolar bem"

Apesar de querer continuar a representar a Equipa Portugal, competir por cá não está nos seus planos. "Com as condições que tenho agora, em França, vir para cá correr... Ia ser complicado. Sinceramente não sei [se viria para Portugal]." Miguel do Rego não esconde que se sente muito bem no país onde nasceu (mais precisamente em Paris), explicando que o pelotão amador francês é muito competitivo.

E afinal que tipo de ciclista é Miguel do Rego na estrada? "Sou mais de fugas. Sprints não muito, mas consigo desenrascar-me. E ando a rolar bem. Não sou nada trepador, gosto mais de terreno plano", respondeu. E a pista tem ajudado muito à sua evolução, como próprio confessou: "Fisicamente sinto-me mais forte e também consigo ler melhor as corridas. A pista é uma boa preparação."

Gabriel Mendes está a ter um papel importante no desenvolvimento de Miguel do Rego, comunicando muito com o ciclista antes e depois da corrida, de forma a apontar o que é bem feito e o que pode ser ainda melhor. "O seleccionador puxa muito por mim, dá-me muitos conselhos. Estou a aprender muito aqui", disse, acrescentando como também os colegas lhe dão conselhos para que possa melhorar. Apesar de serem apenas dois anos mais velhos, a experiência dos gémeos Oliveira é muito diferente da de Rego, assim como a de João Matias e César Martingil. Todos têm sido uma ajuda nesta aposta na pista do jovem luso-francês.

Um dos objectivos para 2019 é continuar a melhorar nesta vertente do ciclismo, enquanto na estrada vai à procura de chegar ao profissionalismo. Os pais apoiam-no totalmente e, claro, que estão orgulhosos por ver o filho vestir as cores de Portugal. "Eles ficaram muito contentes", recordou, quando lhes disse que iria representar a selecção. Naturais de Viana do Castelo, Miguel contou que tem passado alguns Natais na terra da família e a bicicleta não fica em casa. Com subidas como a bem conhecida ao Santuário de Santa Luzia, sendo um ciclista que não tem particular gosto por este tipo de terreno, afirmou que treinar em Viana do Castelo não é uma experiência fácil.

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