(Fotografia: © Ralph Scherzer/Bora-Hansgrohe) |
Quando se fala de Bora-Hansgrohe, fala-se de Peter Sagan. Afinal é a super estrela do ciclismo actual, é quem conquista as vitórias mais importantes, mas esta equipa alemã está a começar a ser mais do que Sagan, com outros ciclistas que sabem que é difícil sair da sombra do eslovaco, mas não significa que não tenham o seu lugar ao sol. Dois exemplos: Pascal Ackermann venceu mais do que Sagan e Sam Bennett afirmou-se como sprinter. Por outro lado, o dos voltistas, se Rafal Majka não confirma expectativas, Emanuel Buchmann conquistou o seu espaço e a equipa vai apostar mais neste alemão.
Porém, esta Bora-Hangrohe é Peter Sagan. Foi um ciclista um pouco diferente, com a sua preparação e mesmo parte do seu calendário a ser ligeiramente alterado. Foi pai e quis aproveitar o máximo possível esses momentos, mas na vertente desportiva, concentrou-se mais em treinos de altitude. Muito se falou que estaria a preparar-se para os Mundiais de Innsbruck, mas era uma missão impossível. Contudo, as alterações até tiveram o seu efeito. Sagan apareceu com uma postura diferente e se continua a somar segundos lugares, também somou mais uns grandes triunfos. E finalmente foi rei de Roubaix.
Aos 28 anos até se esperava que Sagan já tivesse uma colecção maior de monumentos. O facto é que entre erros tácticos e adversários de qualidade, o eslovaco vai apenas em dois, mas tem os que mais queria. Depois da Volta a Flandres em 2016, a forma como conquistou este ano o Inferno do Norte foi de um verdadeiro campeão, ao nível de vitórias recentes e para sempre memoráveis como as de Fabian Cancellara e Tom Boonen. A forma como arrancou, desta feita sem se importar se alguém o ajudaria ou não, a determinação, a destreza... Foi um exibição que marcou 2018. E é verdade que até teve um companheiro de ocasião. Silvain Dillier (AG2R) pensou mais no que teria a ganhar ao acompanhar Sagan, do que a ficar apenas na roda. Sagan foi mais forte no sprint, num Roubaix que ficou muito bem entregue a quem parecia destinado a vencê-lo.
Primeiro item da lista do que faltava na carreira de Sagan riscado, por assim dizer. Seguia-se o regresso ao Tour, depois de em 2017 ter sido expulso devido ao incidente com Mark Cavendish. Três etapas e a camisola verde, que teve uns contornos mais épicos devido a uma queda que o deixou em muito mau estado. Sofreu como nunca tinha sofrido na montanha e conseguiu chegar aos Campos Elísios, onde não teve capacidade para tentar mais um triunfo. O seu Tour estava feito e a verdade de quem é o senhor dos pontos em França estava reposta.
Ranking: 3º (9180 pontos)
Vitórias: 33 (incluindo o Paris-Roubaix, três etapas no Giro e três no Tour)
Ciclista com mais triunfos: Pascal Ackermann (9)
As mazelas da queda numa descida no Tour limitaram-no quase até ao fim da temporada, tendo uma Vuelta sem triunfos, mas com três segundos lugares. Ao todo foram oito vitórias e uma subida ao pódio nos Mundiais. É um estrela, com as suas extravagâncias, mas também um senhor. Sagan, que abandonou em Innsbruck, foi ao pódio entregar a medalha de campeão do mundo a Alejandro Valverde, numa passagem de testemunho e num gesto inesperado, de enorme companheirismo e de respeito pela carreira do espanhol.
Peter Sagan continuará a ser a figura desta equipa, que não esperou pelo último ano de contrato com o eslovaco para renovar até 2021. Está também cada vez mais a criar um bloco muito interessante de ajuda ao seu líder, com Daniel Oss a ser uma das melhores contratações e mais vão chegar em 2019. A relação do italiano com Sagan foi perfeita.
Para a próxima temporada, o eslovaco - agora com a camisola de campeão do seu país e não vestido com o arco-íris - quer fechar as contas que tem com uma Milano-Sanremo que lhe teima em escapar e vai também apostar nas Ardenas, regressando à Amstel Gold Race e com estreia marcada para a Liège-Bastogne-Liège, mais um monumento que entra no seu radar. Depois irá atrás de mais uma camisola verde no Tour para ser ele o recordista de vitórias, desempatando com Erik Zabel.
Para a próxima temporada, o eslovaco - agora com a camisola de campeão do seu país e não vestido com o arco-íris - quer fechar as contas que tem com uma Milano-Sanremo que lhe teima em escapar e vai também apostar nas Ardenas, regressando à Amstel Gold Race e com estreia marcada para a Liège-Bastogne-Liège, mais um monumento que entra no seu radar. Depois irá atrás de mais uma camisola verde no Tour para ser ele o recordista de vitórias, desempatando com Erik Zabel.
Mas muito se fala de Sagan. Fale-se também de Sam Bennett. Será sempre o sprinter número dois da Bora-Hansgrohe com o eslovaco na equipa, mas foi ao Giro ganhar três etapas, não deixando Elia Viviani (Quick-Step Floors) sem concorrência. Regressou em força na Volta à Turquia para fechar um ano que não esquecerá e que o motiva a querer mais em 2019. Foram sete vitórias e a garantia que a equipa pode contar com ele para aumentar o número de triunfos e da qualidade destes. Aos 28 anos foi a afirmação do irlandês, enquanto Ackermann, aos 24, passou de zero vitórias como profissional para nove! Foi a revelação.
Sim, Sagan venceu um monumento e depois no Tour, mas os triunfos de Ackermann também foram de valor: uma etapa na Volta à Romandia, outra no Critérium du Dauphiné, na clássica Prudential RideLondon-Surrey e duas etapas na Volta à Polónia, só para referir os triunfos em provas do World Tour. Sprinter e homem de clássicas, Ackermann tanto poderá começar a entrar mais no bloco de Sagan, como será inevitável ter as suas próprias oportunidades.
Ackermann e Buchmann foram dois ciclistas que também já renovaram até 2021. Ambos são o futuro próximo da Bora-Hansgrohe. O último tem estado a evoluir para tentar discutir um top dez numa grande volta. Ficou à porta na Vuelta (12º), mas a performance foi convincente, muito mais do que a de Rafal Majka. O polaco não esteve mal, com dois top 20 (Tour e Vuelta), mas deste ciclista a Bora-Hansgrohe exige mais e Majka não atinge o nível esperado. Para 2019 é mais um dos corredores que não coloca o Tour como objectivo, optando pelo Giro e a Vuelta. Buchmann vai atacar o top 10 no Tour.
E para mostrar como a equipa está a construir um bloco interessante de voltistas, houve ainda Davide Formolo, uma das contratações para 2018. O italiano fez 10º no Giro, fechando em 22º na Vuelta. Com 26 anos é mais um ciclista que a Bora-Hansgrohe poderá tentar tirar mais partido. Há ainda um Jay McCarthy de quem muito se espera, mas que tem sido mais discreto na sua evolução.
Em 2019 chegará mais um alemão para as corridas por etapas. Max Schachmann (24 anos) deixa a Quick-Step Floors para assinar por uma equipa que quer apostar mais na geral de grandes voltas do que a belga. Tem tudo para ser um excelente reforço e tornar esta Bora-Hansgrohe bem mais interessante, principalmente para um Giro e Vuelta, já que no Tour, Sagan deverá sempre ser o líder e, logo, com um bloco mais forte na sua protecção, não sobrando muito espaço para os homens da montanha.
Para ajudar o eslovaco chegam Jempy Drucker (BMC) e Oscar Gatto (Astana). O italiano já foi colega de Sagan na Tinkoff. O ciclista está muito contente com os companheiros que terá ao seu lado, considerando que é o bloco mais forte que já teve a apoiá-lo.
Esta Bora-Hansgrohe quer mais e melhor, sem que seja apenas Peter Sagan a estar na ribalta. A equipa está a crescer e a ficar cada vez mais equilibrada e forte.
Permanências: Peter Sagan, Rafal Majka, Emanuel Buchmann, Pascal Ackermann, Sam Bennett, Erik Baska, Cesare Benedetti, Maciej Bodnar,Marcus Burghardt, Davide Formolo, Felix Großschartner, Peter Kennaugh, Leopold König, Patrick Konrad, Jay McCarthy, Gregor Mühlberger, Daniel Oss, Christoph Pfingsten, Pawel Poljanski, Lukas Pöstlberger, Juraj Sagan, Andreas Schillinger, Rüdiger Selig.
Contratações: Maximilian Schachmann (Quick-Step Floors), Jempy Drucker (BMC) e Oscar Gatto (Astana).
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