18 de dezembro de 2018

"Creio que já tinha demonstrado bons argumentos para ter esta oportunidade"

(Fotografia: © Photo Gomez Sport/Euskadi Murias)
O caminho até ao World Tour foi longo, com algumas frustrações, umas alegrias e agora com uma sensação que finalmente chegou a oportunidade que merecia. Edu Prades há muito que esperava pelo momento de estar ao mais alto nível. Aos 31 anos vai vestir o equipamento da Movistar. Foi dos ciclistas mais sorridentes durante a apresentação da equipa, em Madrid, esta terça-feira, o que não surpreende. A recta final da época de 2018 deu-lhe tudo o que mais desejava: uma vitória numa corrida da categoria mais importante e o contrato que mais ambicionava.

A luta para concretizar este sonho chegou a trazê-lo até Portugal, onde venceu o Troféu Joaquim Agostinho em 2013, pela então OFM-Quinta da Lixa, actual W52-FC Porto. Somou mais vitórias, como uma etapa na Volta a Portugal, dois anos depois, mas já ao serviço da Caja Rural. Em 2016, nova vitória de etapa, mas no Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela. Teve uma curta passagem pelo Japão, antes de assinar por esta formação espanhola e mudou-se em 2018 para a Euskadi-Murias, procurando a tal vitória que lhe poderia levá-lo onde queria..

"Sim, é verdade que estou muito contente. Lutei durante muitos anos e finalmente consegui. Acho que já merecia. Creio que já tinha demonstrado bons argumentos para ter esta oportunidade", afirmou ao Volta ao Ciclismo. Edu Prades procurava há muito uma vitória que lhe desse o empurrão que faltava. Escolheu mudar-se para a Euskadi-Murias e a aposta foi certeira. Entre Abril e Maio começou a deixar os primeiros sinais que se preparava para alcançar algo especial. Subiu ao segundo lugar do pódio no Tour de Yorkshire e venceu a Volta à Noruega. Na Vuelta lutou por etapas e foi quarto em Pozo Alcón. Mas foi na última possibilidade que tinha que obteve o triunfo desejado, conquistando a Volta à Turquia, corrida World Tour.


"[A W52-FC Porto] é uma equipa forte e que vai lutar pelas corridas. Terá um bom papel no pelotão"

"A Turquia significou tudo para mim. Estava num momento difícil e procurava uma vitória World Tour, que estava a custar em chegar. A Turquia mudou tudo!" E assim foi, pois não demorou até que a Movistar lhe abriu as portas. No primeiro contacto com os novos colegas, Prades realçou "o bom ambiente", estando agora a concentrar-se nos objectivos para 2019.

Não terá um papel de tanto destaque como na Euskadi-Murias ou Caja Rural, mas só pensa em adaptar-se e cumprir com o que lhe for pedido. "Sei que terei de trabalhar muito. Sou uma pequena peça que ajudará a equipa a funcionar", afirmou, acrescentando que não tem uma grande volta na sua ambição para a próxima época. "Os meus objectivos passam mais pelas corridas de um dia e de três/quatro dias. Penso que sou melhor nesse tipo de provas e posso dar mais à equipa. É o melhor para mim também."

Numa equipa com o campeão do mundo Alejandro Valverde, Nairo Quintana, Mikel Landa, os jovens talentos Marc Soler e Richard Carapaz, Prades terá de esperar por uma oportunidade, algo que não se importa. Só quer estar preparado para a agarrar: "Pelo que falei com a equipa, em corridas de segundo nível posso ter alguma oportunidade, mas veremos. Se tiver de trabalhar, trabalharei."

Recordou-se a sua passagem por Portugal e pelo facto da equipa que representou passar a ser Profissional Continental em 2019. Foi companheiro de ciclistas que ainda por lá estão, como Gustavo Veloso e Samuel Caldeira, na época de 2013 e em 2014, sendo que esta saiu a meio de Agosto para mudar-se para o Japão. Sobre o poderio da W52-FC Porto e se poderá ter uma subida de escalão premiada com sucesso, Prades não hesitou: "É uma equipa forte e que vai lutar pelas corridas. Terá um bom papel no pelotão."

Quanto à equipa que agora deixa, a Euskadi-Murias - que subiu a Profissional Continental em 2018 e conquistou uma etapa na Vuelta por intermédio de Óscar Rodríguez -, Prades acredita que o melhor ainda está para vir. "Não sei se vai estar no World Tour, mas numa grande volta além da Vuelta, penso que é possível acontecer nos próximos dois/três anos. E seria importante para o País Basco. São pessoas que sentem muito o ciclismo, mas é também importante para a Espanha em geral, porque quantas mais equipas houver, melhor, e quanto mais nível houver, ainda melhor."

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