16 de novembro de 2018

A novela Van Aert continua...

(Fotografia: © Kristof Ramon/Red Bull Content Pool)
Num dia o advogado de Wout van Aert lança os foguetes com a decisão da UCI em deixar o ciclista assinar por uma equipa em 2019, apesar da rescisão com a Vérandas Willems-Crelan estar neste momento em tribunal. No dia seguinte, afinal é melhor guardar os foguetes porque a luz não foi tão verde como Walter Van Steenbrugge deixou entender.

Van Aert está em risco de perder a próxima temporada de estrada porque a Sniper Cycling, detentora da Vérandas Willems-Crelan, não aceita a rescisão e levou o caso a tribunal. A equipa exige uma indemnização caso o ciclista assine por outra formação, além de eventualmente o próprio corredor ter de pagar se a decisão jurídica não o favorecer. De recordar, que o belga tinha contrato até ao final de 2019. Para contornar esta questão, Van Aert recorreu à UCI. Era a esperança que o seu advogado anunciou ter na semana passada para desbloquear a situação.

No que se está a tornar numa novela com vários capítulos, o mais recente inclui a resposta da UCI. Sim, Van Aert pode assinar por outra equipa. Mas, há um mas. Van Steenbrugge disse na quinta-feira, citado pela agência de notícias Belga, que a UCI tinha dado luz verde, com a condição que o ciclista assinasse por uma nova equipa até 31 de Dezembro. No entanto, há mais umas condições, segundo o site Cycling News, que cita o resto da carta da UCI.

O organismo explica que não sendo a questão o término do contrato, que "não se pode opor ao ciclista assinar por outra equipa Profissional Continental", referindo então que terá de o fazer até ao final da janela de transferência, no último dia do ano.

Agora o outro parágrafo: "Por favor note que a UCI irá acompanhar de perto o caso e reserva a possibilidade de aplicar procedimentos disciplinares, como estabelecidos nos regulamentos da UCI, contra todas as partes envolvidas, caso os tribunais belgas julguem que o ciclista violou o seu contrato."

Ou seja, se a decisão for a favor da Sniper Cycling, não dando razão à rescisão apresentada por Wout van Aert, o ciclista e a equipa por quem eventualmente tenha assinado, poderão ser multados. Os regulamentos prevêem que se houver uma abordagem a um ciclista sem a autorização da equipa que representa então as multas podem ir - e fazendo o câmbio do franco suíço que é a moeda utilizada pela UCI - de 26 mil euros a cerca de 438 mil para formações do World Tour. Se for Profissional Continental o valor máximo baixa para cerca de 263 mil euros.

Se o ciclista for considerado que desrespeitou as regras, a multa irá de 2600 a 44 mil euros se assinar por equipa do World Tour, ou no máximo de 26 mil se for do segundo escalão.

Outra questão é a carta a UCI referir que o ciclista pode assinar por outra equipa Profissional Continental, escalão a que pertencia a Vérandas Willems-Crelan. O advogado defende que também significa que pode negociar com uma equipa do World Tour.

Aqui entra a Lotto-Jumbo, que em 2019 será apenas Jumbo. A equipa holandesa já tem acordo com Van Aert a partir de 2020. Será a principal interessada em poder contar com o ciclista um ano mais cedo, dado o potencial do belga de 24 anos, principalmente nas clássicas do pavé. Porém, estará à espera de ver a situação ficar concluída, já que em 2020 irá mesmo contar com o ciclista.

A equipa tem-se mantido em silêncio, longe da novela que, ao contrário do que o advogado de Van Aert deu a entender, ainda estará longe de ter um final feliz para o ciclista. A declaração do advogado da Sniper Cycling explica bem que está em causa muito mais do que a rescisão com a Vérandas Willems-Crelan. "De uma perspectiva ética, se uma equipa quiser contratar um ciclista que violou o seu contrato, estão a dizer aos seus próprios corredores: 'Se não estás feliz, inventa uma razão para quebrar o teu contrato e podes ir embora'. Seria devastador para a confiança dos patrocinadores em aceitarem compromissos longos [com as equipas]", disse Rudi Desmet, ao Cycling News.

Van Aert e o seu advogado garantem que há razões para a rescisão, mas não as adiantaram publicamente. O ciclista quebrou contrato depois de se mostrar descontente com a forma como a Sniper Cycling negociou uma fusão com outra equipa, chegando a criticar como nunca foi informado do que estava a acontecer. Também ficou insatisfeito por ver como alguns membros do staff e companheiros de equipa iriam ficar sem emprego devido à fusão das duas estruturas.

Anunciado o acordo com a Roompot-Nederlandse Loterij, depois de não se ter confirmado a união com a Aqua Blue Sport, Van Aert acabou por rescindir contrato, dando início a um processo, do qual se fica a aguardar o próximo capítulo.

Entretanto, o belga vai cumprindo a sua temporada de ciclocrosse, mas não tem sido o Van Aert de outros anos.


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