(Fotografia: Facebook BMC/CCC Team) |
Mas mais do que uma análise a 2018, acaba-se inevitavelmente por escrever sobre o que esta equipa foi. Nasceu da aliança entre um apaixonado pela modalidade Andy Rihs - que morreu este ano - e o antigo ciclista Jim Ochowicz. Rihs ficou desiludido ao ver como a sua Phonak acabaria manchada pelo doping de Floyd Landis, que levou ao fim da equipa em 2006 e a retirada da vitória no Tour. O magnata suíço era também dono da marca de bicicletas BMC e surgiu no ano seguinte com o novo projecto, que se tornaria num de referência no ciclismo.
Os primeiros passos foram dados maioritariamente com ciclistas americanos e alguns suíços. Em 2010, a equipa contrata Cadel Evans, então campeão do mundo e com pódios no Tour e Vuelta. A partir de então, foi sempre a subir. A BMC foi convidada para o Giro e para o Tour (pertencia ao escalão Profissional Continental), com Evans a fechar na quinta posição. Venceu uma etapa, a primeira de 26 em grandes voltas da BMC. Antes, o australiano tinha sido o autor da estreia a ganhar em corridas de categoria World Tour, com a conquista da Flèche Wallonne. Foi também Evans quem deu o triunfo que marca a história da BMC: a Volta a França em 2011, na primeira temporada da equipa no escalão principal.
Tejay van Garderen não conseguiu cumprir as expectativas para substituir Evans e Richie Porte, contratado à Sky, foi perseguido por algum azar, com quedas a marcarem as duas últimas edições no Tour.
Ranking: 4º (8779,97 pontos)
Vitórias: 22 (incluindo uma etapa no Giro, três na na Vuelta)
Ciclista com mais triunfos: Rohan Dennis (6 mais o título mundial de contra-relógio)
Para atacar os monumentos, a aposta foi em mais um homem da belga Lotto. Philippe Gilbert chegou à BMC com três no currículo, mas o ciclista não conseguiu repetir as performances, destacando-se, contudo, o título mundial. Evans vestiu essa camisola, mas tinha vencido quando representava a Lotto, Gilbert deu uma enorme alegria a Rihs e Ochowicz, ainda que não tenha dado muitas mais. Na luta de egos com Greg van Avermaet, seria este a dar o monumento à equipa. Não foi a Volta a Flandres como tanto queria Avermaet, mas conquistou o Inferno do Norte do Paris-Roubaix em 2017.
Pela importância das corridas, estas são vitórias a destacar. Porém, a BMC conseguiu ser uma equipa que tanto lutava por corridas por etapas, como estava na disputa por clássicas. Taylor Phinney, Thor Hushovd, George Hincapie, Steve Cummings, Daniel Oss, Stefan Küng e Alessandro de Marchi foram outros nomes que marcaram esta equipa, seja com vitórias ou por serem alguns dos melhores homens de trabalho. Isto sem esquecer Rohan Dennis. Pode não ter sido (pelo menos na BMC) o voltista que ambicionava, mas o senhor contra-relógio vestiu as camisolas de líder das três grandes voltas e para fechar a história da BMC em grande deu mais um título mundial individual, sem esquecer que esta equipa foi exímia nesta vertente a nível colectivo (foi campeã em 2014 e 2015).
Claro que os títulos mundiais são ganhos ao serviço das selecções, mas a camisola leva o nome do patrocinador da equipa que o ciclista representa, pelo que é sempre um triunfo relevante. Quanto a Dennis vai levar a camisola do arco-íris para a Bahrain-Merida, mas na despedida pela BMC ganhou um contra-relógio no Giro e dois na Vuelta e foi líder em ambas. Venceu ainda no Tirreno-Adriatico e em Abu Dhabi, além de ser campeão nacional.
De Marchi também venceu uma etapa na Vuelta e é dele a derradeira vitória da BMC no Giro dell'Emilia. Richie Porte conquistou a Volta à Suíça, mas a queda na etapa de Roubaix do Tour, ainda antes de chegar aos sectores de pavé, acabou por marcar a temporada pela negativa. Greg van Avermaet ganhou o Tour de Yorkshire, mas ficou aquém do esperado nas clássicas. 22 triunfos, mais o título mundial de Dennis para fechar uma história que irá agora entrar na fase CCC Team.
Passar grande parte da temporada sem saber se será possível manter a equipa viva, fez com que Ochowicz não pudesse segurar a maior parte das suas estrelas. Aos poucos estas foram assinando por outras equipas, mas não se pode acusar ninguém de não ter estado dedicado a garantir que a BMC alcançasse os seus objectivos, mesmo que fora da estrada estivesse em marcha a procura por garantir o futuro.
Apenas sete ciclistas vão transitar para a CCC Team, com Greg van Avermaet a ser apresentado como o líder, já que as clássicas e a caça por etapas serão os planos para 2019. Ochowicz quer alcançar a marca de 20 vitórias, numa equipa que contará com um português. Amaro Antunes chega ao World Tour, tendo sido um dos ciclistas que sobe da CCC versão Profissional Continental, que não continuará a existir.
2019 será um ano zero, mas com ambição de novamente fazer crescer a equipa de forma a discutir novamente as grandes voltas e contar com mais referências do ciclismo actual. Não foi feito segredo que com o anúncio da saída da Sky como patrocinador, Michal Kwiatkowski passa a ser a escolha número um para 2020, caso a equipa britânica feche portas. O susto de ver a estrutura terminar passou para Ochowicz, mas o trabalho de reconstrução está apenas a começar.
Transitam da BMC: Greg van Avermaet, Alessandro de Marchi, Michael Schär, Patrick Bevin, Joey Rosskopf, Nathan van Hooydonck e Francisco Ventoso.
Transitam da CCC Sprandi Polkowice: Amaro Antunes, Pawel Bernas, Lukasz Owsian, Kamil Gradek e Szymon Sajnok.
Contratações: Laurens ten Dam (Sunweb), Simon Geschke (Sunweb), Serge Paywels (Dimension Data), Will Barta (Hagens Berman Axeon), Lukaz Wisniowski (Sky), Victor de la Parte (Movistar), Gijs van Hoecke (Lotto-Jumbo), Jakub Mareczko (Wilier Triestina-Selle Italia), Guillaume van Keirsbulck (Wanty-Groupe Gobert), Ricardo Zoidl (Felbermayr-Simplon Wels) e Josef Cerny (Elkov-Author Cycling Team).
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