23 de dezembro de 2018

Postura tão diferente. Ciclista suspenso pela equipa após positivo por substância que não é proibida

(Fotografia: Lotto Soudal)
A substância não é proibida, mas o ciclista tem de avisar que a utilizou. Neste tipo de situações, não são aplicadas suspensões provisórias, como tão recentemente se ficou a saber muito bem como funciona o regulamento. Mas a Lotto Soudal optou por suspender o seu corredor ao ter conhecimento da situação e Tosh van der Sande vai agora ter de defender o seu caso perante a UCI. Até à resolução, não deverá regressar às corridas.

Depois de um ano tão marcado pelo caso de Chris Froome, mesmo que Van der Sande não tenha, nem de perto, nem de longe, o impacto mediático do britânico da Sky, a Lotto Soudal não quis entrar em polémicas e praticou aquilo que prega. Ou seja, ao defender uma política de tolerância zero quanto ao doping, não quer em competição um ciclista que esteja a ser investigado, mesmo que a substância seja permitida. E claro que há ainda a presença no Movimento por um Ciclismo Credível, sendo a equipa belga uma das sete formações do World Tour integrantes.

A Lotto Soudal explicou, num curto comunicado, que Van der Sande informou a equipa que tinha acusado positivo num teste doping, realizado durante os Seis Dias de Gent, prova de ciclismo de pista que decorreu em Novembro. "A substância é uma permitida e está presente no spray nasal Sofrasolone, que está disponível livremente e é permitido de ser utilizado durante a competição, desde que mencionado durante o controlo", explicou a equipa. Após uma reunião entre os responsáveis e o ciclista, a decisão foi a de suspender Van der Sande e esperar pela investigação da UCI. A equipa salientou ainda que assim o ciclista poderá assim preparar a sua defesa "da melhor maneira possível".

O nome da substância não foi revelado e o caso foi divulgado pela Lotto Soudal, ainda que ao ser uma substância permitida, a investigação da UCI não implica então uma suspensão e uma divulgação pública do teste positivo. Só os casos que envolvem substâncias proibidas e suspensões provisórias são revelados pelo organismo.

O caso do salbutamol de Froome foi publicado em dois jornais, o que despoletou uma enorme polémica. O britânico fez-se valer das regras para continuar a competir e até foi ganhar o Giro, a grande volta que lhe faltava. A Sky não se poupou a esforços legais e financeiros para defender o seu líder. Muitas foram as vozes críticas perante esta postura, inclusivamente de outros grandes nomes da modalidade, como Tom Dumoulin e Romain Bardet. Froome acabaria ilibado, numa altura em que a organização do Tour se preparava para tentar proibir a sua presença na prova. Porém, as repercussões deste caso vão-se fazer sentir sempre que surgirem situações idênticas.

A Lotto Soudal escolheu não esconder e suspender o seu ciclista. Van der Sande, 28 anos, é um homem da casa, representando a equipa desde 2012 - a única como profissional - e com contrato até 2020. O belga não é ciclista de vitórias, mas sim de muito trabalho. Agora tornou-se num exemplo de como casos como este podem ser tratados, podendo também assim ser um passo para que as suspeitas não continuem a manchar praticamente tanto a modalidade, como os casos confirmados de doping.


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