(Fotografia: @bettiniphoto.net/Bahrain-Merida) |
Esta frustração está a assombrar Nibali - que começou tão bem o ano ao ganhar a Milano-Sanremo - e os responsáveis da Bahrain-Merida, que inclusivamente vêem o sucedido a ser investigado pela polícia. A fractura numa vértebra levou-o a uma recuperação que não o permitiu estar ao melhor nível nos Mundiais, como tanto ambicionava, não conseguindo discutir, antes, a Vuelta. Na Lombardia tentou terminar como em 2017, mas Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) estava forte de mais e Nibali foi segundo.
Com a Bahrain-Merida a jogar muito no Tour, com Nibali a abdicar mesmo de participar no Giro por considerar que, então com 33 anos, estaria perante uma última oportunidade de ganhar pela segunda vez a corrida francesa, ver o seu líder desperdiçar uma época devido a uma desatenção de um adepto no Alpe d'Huez está a ser algo difícil de superar. No entanto, a época da Bahrain-Merida teve aspectos positivos, principalmente tendo em conta ao crescimento da equipa além de Nibali.
A equipa quer ser das mais fortes e ganhadoras e viu Sonny Colbrelli a melhorar nos sprints, tendo feito cinco top dez no Tour, incluindo dois segundos lugares. Nas clássicas foi mais irregular, mas foi igualmente um aspecto em que revelou melhorias. Colbrelli ainda poderá ser um ciclista de vitórias na Bahrain-Merida.
O esloveno Matej Mohoric (24 anos) confirmou que é ciclista de futuro, com sete triunfos e muitas mais exibições de nível. O ucraniano Mark Padun (22) deixou as primeiras indicações convincentes que podem apostar mais nele, ao que ajudou bastante ter ganho em Innsbruck, na última etapa da Volta aos Alpes.
Os irmãos Izagirre tentaram assumir algum protagonismo. No Tour, Ion fez dois segundos lugares e Gorka um. Durante a época somaram resultados de topo, mas nunca foram os líderes de garantias em grandes voltas como a Bahrain-Merida procura. Talvez por isso os responsáveis não tenham lamentado excessivamente a decisão de ambos mudarem-se para a Astana.
Brent Copeland, director da estrutura, está a querer construir uma equipa com base nos jovens com quem está a trabalhar. Além de Mohoric e Padun, há um espanhol que também começou a destacar-se ainda mais, depois de já em 2017 ter mostrado o seu potencial. Ivan García Cortina aproveitou bem a liberdade que teve na Vuelta, sendo um ciclista que a Bahrain-Merida quer ver ainda desenvolver as suas características para as clássicas do pavé. Abandonou algumas das principais, mas são poucos os que chegam a dominam a particularidade deste terreno. Vai ganhando experiência e é um jovem a ter em atenção em 2019.
Talvez 2018 possa ser visto como um ano de passagem depois de um aparecimento mediático na época anterior, com Nibali a ser o ciclista que se deu ao luxo de escolher quem queria a seu lado. Conquistado o lugar e o respeito no pelotão do World Tour com grandes vitórias que equipas com muitos mais anos não têm, a Bahrain-Merida quer dar um passo em frente... Ou vários! Aos jovens talentos, a equipa irá juntar ciclistas com mais experiência e que explorar outras possibilidade que não incluam Nibali.
Vão chegar três homens da BMC. Rohan Dennis quer continuar o trabalho iniciado na equipa americana para ser um voltista de nível. Se será possível o australiano discutir uma grande volta, é algo que ainda gera muita desconfiança, mas a Bahrain-Merida ganha o campeão do mundo de contra-relógio, o que também poderá ser sinónimo de mais vitórias e mais camisolas. Dennis já vestiu as três do Giro, Tour e Vuelta. Com o australiano chegará Damiano Caruso e Dylan Teuns. Ambos tanto podem ser valiosos a trabalhar para os líderes, como podem ir atrás de vitórias com garantias de competitividade.
O esloveno Jan Tratnik (CCC) reforça o bloco das corridas por etapas, enquanto o estagiário Stephen Williams (SEG Racing Academy) recebeu um contrato e vai fazer a sua adaptação ao World Tour. Marcel Sieberg (Lotto Soudal) e Phil Bauhaus (Sunweb) são homens de clássicas, comprovando como a equipa quer lutar em várias frentes, não centrando tanto as atenções num só homem.
Ainda assim, Vincenzo Nibali será novamente o líder nas grandes voltas, estando confirmado que vai regressar ao Giro. A Bahrain-Merida quer que 2019 seja o ano em que vencerá uma prova de três semanas. O pequeno Domenico Pozzovivo ainda ambiciona a alcançar algo especial na carreira. Porém, mesmo com um Giro de elevado nível esta época, coroado com o quinto lugar, é Nibali quem tem prioridade, pelo que aos 36 anos Pozzovivo poderá ter de regressar ao papel de gregário e esperar por outras oportunidades na próxima época. Talvez na Vuelta, ainda que com a chegada de Dennis, a vida poderá complicar-se para o veterano ciclista.
2019 poderá ainda ficar marcado por uma novela fora da estrada. A renovação de Nibali já começou a ser falada este ano. O italiano quer dois anos de contrato, mas a sua continuidade na Bahrain-Merida está longe de estar garantida. Se Nibali chegou como a única referência, agora os planos são outros. Até já foi piscando o olho à Sky, mas a equipa britânica vai perder o patrocinador e desconhece-se se vai sequer continuar. Se fechar portas, no mercado estarão um grupo de ciclistas que serão muito disputados. Se Nibali procurava um último grande contrato, poderá ver-se com uma concorrência enorme no momento de discutir negociações com equipas, inclusivamente com a Bahrain-Merida, que tem poderio financeiro para tentar contratar algum homem da Sky.
2018 ficou ainda marcado pelo positivo por EPO de Kanstantsin Siutsou. O bielorrusso venceu a Volta à Croácia, havia expectativa para o Giro, mas caiu no reconhecimento do contra-relógio e nem partiu. Mais tarde, deu positivo por EPO, estando suspenso provisoriamente. A Bahrain-Merida anunciou que, ainda antes de conhecer o resultado do teste, tinha alertado o corredor de 36 anos que não iria renovar o contrato.
Mas para acabar em grande o ano, a equipa revelou a chegada da McLaren, numa parceria de cooperação tecnológica, rumo ao objectivo de tornar a estrutura numa das mais fortes do mundo (pode ler mais neste link).
Permanências: Vincenzo Nibali, Sonny Colbrelli, Domenico Pozzovivo, Matej Mohoric, Valerio Agnoli, Grega Bole, Yukiya Arashiro, Ivan García Cortina, Chun Kai Feng, Henrich Haussler, Antonio Nibali, Domen Novak, Mark Padun, Luka Pibernik, Meiyin Wang e Hermann Pernsteiner.
Contratações: Rohan Dennis (BMC), Damiano Caruso (BMC), Dylan Teuns (BMC), Marcel Sierberg (Lotto Soudal), Phil Bauhaus (Sunweb), Jan Tratnik (CCC), Stephen Williams SEG Racing Academy) e Andrea Garosio (D'Amico-Utensilnord).
»»A aposta falhada num trio que não foi maravilha««
»»Sunweb entre um senhor Dumoulin e as infelicidades de Matthews e Kelderman««
Com a Bahrain-Merida a jogar muito no Tour, com Nibali a abdicar mesmo de participar no Giro por considerar que, então com 33 anos, estaria perante uma última oportunidade de ganhar pela segunda vez a corrida francesa, ver o seu líder desperdiçar uma época devido a uma desatenção de um adepto no Alpe d'Huez está a ser algo difícil de superar. No entanto, a época da Bahrain-Merida teve aspectos positivos, principalmente tendo em conta ao crescimento da equipa além de Nibali.
A equipa quer ser das mais fortes e ganhadoras e viu Sonny Colbrelli a melhorar nos sprints, tendo feito cinco top dez no Tour, incluindo dois segundos lugares. Nas clássicas foi mais irregular, mas foi igualmente um aspecto em que revelou melhorias. Colbrelli ainda poderá ser um ciclista de vitórias na Bahrain-Merida.
O esloveno Matej Mohoric (24 anos) confirmou que é ciclista de futuro, com sete triunfos e muitas mais exibições de nível. O ucraniano Mark Padun (22) deixou as primeiras indicações convincentes que podem apostar mais nele, ao que ajudou bastante ter ganho em Innsbruck, na última etapa da Volta aos Alpes.
Ranking: 7º (7409 pontos)
Vitórias: 26 (incluindo a Milano-Sanremo e uma etapa no Giro)
Ciclista com mais triunfos: Matej Mohoric (7)
Os irmãos Izagirre tentaram assumir algum protagonismo. No Tour, Ion fez dois segundos lugares e Gorka um. Durante a época somaram resultados de topo, mas nunca foram os líderes de garantias em grandes voltas como a Bahrain-Merida procura. Talvez por isso os responsáveis não tenham lamentado excessivamente a decisão de ambos mudarem-se para a Astana.
Brent Copeland, director da estrutura, está a querer construir uma equipa com base nos jovens com quem está a trabalhar. Além de Mohoric e Padun, há um espanhol que também começou a destacar-se ainda mais, depois de já em 2017 ter mostrado o seu potencial. Ivan García Cortina aproveitou bem a liberdade que teve na Vuelta, sendo um ciclista que a Bahrain-Merida quer ver ainda desenvolver as suas características para as clássicas do pavé. Abandonou algumas das principais, mas são poucos os que chegam a dominam a particularidade deste terreno. Vai ganhando experiência e é um jovem a ter em atenção em 2019.
Talvez 2018 possa ser visto como um ano de passagem depois de um aparecimento mediático na época anterior, com Nibali a ser o ciclista que se deu ao luxo de escolher quem queria a seu lado. Conquistado o lugar e o respeito no pelotão do World Tour com grandes vitórias que equipas com muitos mais anos não têm, a Bahrain-Merida quer dar um passo em frente... Ou vários! Aos jovens talentos, a equipa irá juntar ciclistas com mais experiência e que explorar outras possibilidade que não incluam Nibali.
Vão chegar três homens da BMC. Rohan Dennis quer continuar o trabalho iniciado na equipa americana para ser um voltista de nível. Se será possível o australiano discutir uma grande volta, é algo que ainda gera muita desconfiança, mas a Bahrain-Merida ganha o campeão do mundo de contra-relógio, o que também poderá ser sinónimo de mais vitórias e mais camisolas. Dennis já vestiu as três do Giro, Tour e Vuelta. Com o australiano chegará Damiano Caruso e Dylan Teuns. Ambos tanto podem ser valiosos a trabalhar para os líderes, como podem ir atrás de vitórias com garantias de competitividade.
O esloveno Jan Tratnik (CCC) reforça o bloco das corridas por etapas, enquanto o estagiário Stephen Williams (SEG Racing Academy) recebeu um contrato e vai fazer a sua adaptação ao World Tour. Marcel Sieberg (Lotto Soudal) e Phil Bauhaus (Sunweb) são homens de clássicas, comprovando como a equipa quer lutar em várias frentes, não centrando tanto as atenções num só homem.
Ainda assim, Vincenzo Nibali será novamente o líder nas grandes voltas, estando confirmado que vai regressar ao Giro. A Bahrain-Merida quer que 2019 seja o ano em que vencerá uma prova de três semanas. O pequeno Domenico Pozzovivo ainda ambiciona a alcançar algo especial na carreira. Porém, mesmo com um Giro de elevado nível esta época, coroado com o quinto lugar, é Nibali quem tem prioridade, pelo que aos 36 anos Pozzovivo poderá ter de regressar ao papel de gregário e esperar por outras oportunidades na próxima época. Talvez na Vuelta, ainda que com a chegada de Dennis, a vida poderá complicar-se para o veterano ciclista.
2019 poderá ainda ficar marcado por uma novela fora da estrada. A renovação de Nibali já começou a ser falada este ano. O italiano quer dois anos de contrato, mas a sua continuidade na Bahrain-Merida está longe de estar garantida. Se Nibali chegou como a única referência, agora os planos são outros. Até já foi piscando o olho à Sky, mas a equipa britânica vai perder o patrocinador e desconhece-se se vai sequer continuar. Se fechar portas, no mercado estarão um grupo de ciclistas que serão muito disputados. Se Nibali procurava um último grande contrato, poderá ver-se com uma concorrência enorme no momento de discutir negociações com equipas, inclusivamente com a Bahrain-Merida, que tem poderio financeiro para tentar contratar algum homem da Sky.
2018 ficou ainda marcado pelo positivo por EPO de Kanstantsin Siutsou. O bielorrusso venceu a Volta à Croácia, havia expectativa para o Giro, mas caiu no reconhecimento do contra-relógio e nem partiu. Mais tarde, deu positivo por EPO, estando suspenso provisoriamente. A Bahrain-Merida anunciou que, ainda antes de conhecer o resultado do teste, tinha alertado o corredor de 36 anos que não iria renovar o contrato.
Mas para acabar em grande o ano, a equipa revelou a chegada da McLaren, numa parceria de cooperação tecnológica, rumo ao objectivo de tornar a estrutura numa das mais fortes do mundo (pode ler mais neste link).
Permanências: Vincenzo Nibali, Sonny Colbrelli, Domenico Pozzovivo, Matej Mohoric, Valerio Agnoli, Grega Bole, Yukiya Arashiro, Ivan García Cortina, Chun Kai Feng, Henrich Haussler, Antonio Nibali, Domen Novak, Mark Padun, Luka Pibernik, Meiyin Wang e Hermann Pernsteiner.
Contratações: Rohan Dennis (BMC), Damiano Caruso (BMC), Dylan Teuns (BMC), Marcel Sierberg (Lotto Soudal), Phil Bauhaus (Sunweb), Jan Tratnik (CCC), Stephen Williams SEG Racing Academy) e Andrea Garosio (D'Amico-Utensilnord).
»»A aposta falhada num trio que não foi maravilha««
»»Sunweb entre um senhor Dumoulin e as infelicidades de Matthews e Kelderman««
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