26 de abril de 2019

A nova geração está pronta para continuar o legado Sky na Ineos

(Fotografia: Facebook Team Sky)
A Volta aos Alpes marcou o adeus vitorioso da Sky. Na especialidade desta equipa, corridas por etapas, nada como uma exibição de grande nível, ainda mais dos jovens que se preparam para ser o rosto da Ineos, o novo nome da formação a partir de 30 de Abril, na Volta à Romandia. A despedida da Sky será na Liège-Bastogne-Liège, nunca foram o ponto forte, pelo que o triunfo na corrida alpina teve um enorme significado, ainda mais por quem foi alcançado.

Pavel Sivakov chegou com Egan Bernal à estrutura em 2018. O colombiano "pegou" de imediato, o russo precisou de um maior período de adaptação. Bernal tinha a vantagem de ter passado dois anos na equipa italiana Profissional Continental Androni, de Gianni Savio, enquanto Sivakov tinha competido apenas a nível de sub-23. A experiência competitiva fez a diferença na forma como cada um singrou na Sky.

No ano antes a assinar pela equipa britânica, Sivakov foi fenomenal entre os sub-23. Somou vitórias importantes, como na Ronde de l'Isard e no Giro Ciclistico d'Italia, mas principalmente tinha somou grandes exibições. Chegou rotulado como próxima estrela, mas enquanto Bernal rapidamente se tornou cabeça-de-cartaz, Sivakov foi discreto.

Ritmo diferente para eventualmente chegar ao mesmo estatuto, com algumas lesões pelo meio. Ainda não está ao nível de Bernal, mas mostra que para lá caminha. Na Volta aos Alpes, o russo colocou na estrada de uma competição de muito espectáculo e dificuldade todo o seu potencial. Venceu uma etapa e ganhou a geral, não se intimidando com um Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) que muito o atacou, mas nunca conseguiu que o jovem Sivakov cedesse. No final até o italiano se rendeu à classe do russo, mas não só. É que Tao Geoghegan Hart fez algo que não se vê muito: sentar Nibali.

O britânico, de 24 anos, dois mais velho que Sivakov, também se estreou a vencer como profissional tal como o russo. Ficou com duas etapas e na chegada a Cles, no sprint com Nibali, deixou o italiano a sentar-se, derrotado pela sua força naqueles metros finais de muitos quilómetros a subir (e descer). Já no ano passado Hart tinha deixado excelentes indicações, tornando-se no escudeiro de Egan Bernal, ficando na memória como ambos estiveram tão bem na Volta à Califórnia que o colombiano conquistou. Ao ter uma oportunidade, Hart aproveitou-a e, além das etapas, subiu ao pódio na Volta aos Alpes, no segundo lugar (a 27 segundos), depois de um brilhante trabalho de ajuda a Sivakov. Com a evolução que tem demonstrado, não demorará muito para Hart merecer subir mais na hierarquia da equipa.

Chris Froome acrescentou a Volta aos Alpes ao seu calendário, para tentar ganhar mais ritmo, ele que das poucas vezes que tem competido, mal se tem visto. Na corrida italiana acabou como gregário e teve o seu papel na vitória de Sivakov, algo que certamente marcará o russo. Não é qualquer um que possa dizer que teve um vencedor das três grandes voltas, incluindo quatro Tours, a puxá-lo e a responder a ataques dos rivais para ajudar um jovem líder.

Se é o início de uma passagem de testemunho, os próximos meses o dirão. Até porque, falta saber em que ciclista se irá tornar Sivakov. Bernal é claramente um voltista. O russo tem capacidade para se adaptar a mais terrenos. Bernal tem um poder de arranque em montanha. Sivakov tem um impressionante poder de arranque em terrenos não tão inclinados. Porém, não seria de surpreender ver Sivakov tornar-se também ele num ciclista para as grandes voltas. Para já irá fazer da jovem equipa da Ineos que estará na Volta a Itália, com Bernal como líder.

Será a geração de 1997 em força, pois tanto estes dois ciclistas, como Iván Ramiro Sosa nasceram num ano muito generoso para o ciclismo. Bjorg Lambrecht (Lotto Soudal), Pascal Eenkhoorn (Jumbo-Visma), Max Kanter (Sunweb) e Gino Mäder (Dimension Data), são outros exemplos de ciclistas que muito prometem e que nasceram naquele ano. E a Sky tem mais um: Jhonatan Narváez.

Além de Bernal, Hart, Sivakov e Sosa, a Ineos (há que começar a habituar a este nome) deverá levar a Itália Gianni Moscon (25 anos), Sebastián Henao (25) e Salvatore Puccio, que poderá ser o "veterano" de 29 anos, pois ainda falta conhecer o oitavo elemento.

O tempo de Froome e Geraint Thomas ainda não acabou, mas não durará muito mais. Foram dois ciclistas que marcaram a Sky, mas os nomes que poderão marcar a Ineos estão aí, numa equipa que tem apostado forte na contratação de jovens talentos, pois há ainda a ter em conta Eddie Dunbar, Kristoffer Halvorsen, Filippo Ganna, Chris Lawless, sem esquecer Owain Doull, um especialista para as clássicas clássicas. Não perdendo a sua ligação às origens britânicas, a Sky/Ineos ameaça alargar o seu leque de grandes figuras do ciclismo a outras nacionalidades

Certo é que o futuro da Sky/Ineos já é bem presente e a expectativa para o Giro será muito alta, mesmo com a falta de experiência dos seus jovens, que em talento, capacidade física e mesmo em inteligência táctica já demonstram muita maturidade.

O nome Sky irá sair de cena na Liége-Bastogne-Liège de domingo, numa das poucas clássicas que a equipa conquistou. É um dos dois monumentos que tem. Foi o primeiro, dado por Wout Poels, em 2016, com Michal Kwiatkowski a ganhar a Milano-Sanremo no ano seguinte. E os dois estarão na edição deste ano da Liège. Não sendo os favoritos de topo, são fortes candidatos a um adeus que seria perfeito para a Sky, depois da tremenda Volta aos Alpes dos seus jovens ciclistas.


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