29 de abril de 2019

Aos 47 anos decidiu terminar a carreira mas quer despedir-se como campeão nacional

Quando se fala de longevidade no ciclismo, já não é estranho ver ciclistas próximos dos 40 anos a continuarem a competir e a ganhar e até já depois dos 40 vai aumentando o número daqueles que prolongam as carreiras. Porém, há um que não está longe dos 50, mas anunciou que 47 será a idade da reforma como atleta profissional. Davide Rebellin é um nome que marcou a modalidade pelas melhores e piores razões. Até assinou por uma nova equipa que começará a representar em Maio, mas será apenas por dois meses, para preparar um último grande objectivo: despedir-se como campeão nacional.

Rebellin considera que chegou o momento de se retirar e a data está então marcada para 30 de Junho, nos Nacionais de Itália, a pouco mais de um mês de celebrar 48 anos (9 de Agosto). É vestido com a camisola tricolor que o ciclista quer sair de cena, ele que foi uma das referências da modalidade no seu país, tendo como um dos seus grandes feitos a tripla das Ardenas. Isto é, ganhou no mesmo ano, 2004, a Amstel Gold Race, a Flèche Wallonne e a Liège-Bastogne-Liège. Venceu novamente a segunda corrida em 2007 e 2009. Entre as mais de 50 vitórias na sua longa carreira (27 anos), Rebellin conquistou também um Tirreno-Adriatico (2001) e um Paris-Nice, em 2008.

Esse acabaria por ser um ano marcante na sua carreira negativamente. O italiano conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim, mas deu positivo por CERA, uma forma de EPO, sendo suspenso por dois anos. Rebellin não mais conseguiu regressar a uma equipa do principal escalão, mas esteve quatro anos na polaca CCC, que apostou no veterano ciclista.

Depois de representar a Kuwait-Cartucho.es em 2017 - tendo estado na Volta a Portugal - Rebellin estava na equipa argelina Sovac. "Houve alguns problemas e decidimos terminar o contrato por mútuo acordo. Mas eu quero ser candidato à tricolor [camisola de campeão nacional], por isso cheguei a acordo com a Meridiana Kamen, uma equipa com licença croata e que tem um projecto interessante", explicou o ciclista à Gazzetta dello Sport. Rebellin admitiu mesmo que poderá continuar nesta formação Continental da Croácia com um outro papel depois de terminar a carreira como atleta. É uma estrutura que conhece bem, pois já por lá tinha passado em 2012.

Para agora vai apontar à Volta à Albânia para começar a preparar a participação nos Campeonatos Nacionais. A última vitória de Rebellin foi quase há um ano, a 6 de Maio, numa etapa da corrida argelina, Wilaya d'Oran. A concorrência nos Nacionais será bem diferente. O melhor que conseguiu foram dois terceiros lugares, um em 2007, com Giovanni Visconti a ser o campeão. Repetiu a posição em 2013, quando foi batido por Ivan Santaromita, o vencedor, e Michele Scarponi.

Rebellin estreou-se como profissional em 1992, na equipa italiana GB-MG Maglificio, onde também estava aquele que se tornaria num dos melhores sprinters: Mario Cipollini. Polti, La Française des Jeux, Liquigas e Gerolsteiner foram das principais equipas que representou, atravessando gerações.

"O ciclismo é a minha vida, [move-me] o amor por este desporto, que me dá muita satisfação. Enquanto as pernas me disserem para continuar, vou continuar", disse Rebellin numa entrevista ao Volta ao Ciclismo em 2017. As pernas estão a dizer-lhe para parar, mas o amor pela modalidade faz com que não tenha intenção de se afastar por completo.

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