16 de julho de 2018

CCC salva BMC e Greg van Avermaet será o líder

(Fotografia: Chris Auld Photography/BMC
Problema resolvido. Demorou, mas Jim Ochowicz conseguiu encontrar um salvador para uma das principais equipas do World Tour. E vem da Polónia. Chama-se Dariusz Milek e é o presidente da CCC, marca de calçado e malas, que actualmente detém uma equipa no escalão Profissional Continental. Uma das principais figuras dessa formação é o português Amaro Antunes. Com a indefinição a prolongar-se na BMC, ciclistas como Richie Porte, Rohan Dennis e Tejay van Garderen procuraram garantir o seu futuro, o que fará de Greg van Avermaet o líder da equipa, que terá como objectivo as clássicas da Primavera.

Esta não é uma fusão entre as duas estruturas, como é salientado no comunicado. A CCC assinou uma parceria com a Continuum Sports, dona da estrutura. Porém, não está claro o que acontecerá à CCC Sprandi Polkowice de Amaro Antunes. Certo é que no próximo ano os equipamentos vermelhos da BMC irão desaparecer, com o laranja a poder ser a nova cor, ainda que não tenha sido revelado o nome oficial da equipa. Apesar de estar encontrado o patrocinador para substituir a marca de bicicletas, ainda se procura outros secundários.

A TAG Heuer irá continuar, estando a decorrer negociações com a empresa de segurança cibernética Sophos para renovar o contrato. O orçamento anual da equipa americana aproxima-se dos 30 milhões de euros. Dariusz Milek é considerado o quarto homem mais rico da Polónia, mas, ainda assim, não é certo que esteja disposto a avançar com grande parte desse valor.

Pelo menos para já, a equipa não terá objectivos de geral nas grandes voltas e as contratações irão ser feitas para apoiar Avermaet e que neste momento até está de amarelo na Volta a França. O dia de folga da corrida foi aproveitado para fazer este anúncio, mas não foram adiantados mais nomes para a equipa, pois qualquer nova contratação só pode ser revelada a partir de 1 de Agosto.

Sendo uma empresa polaca, é de esperar que alguns corredores deste país façam parte do plantel que terá 23 a 25 ciclistas. Outra questão a resolver será o fornecedor de bicicletas. A BMC deverá cortar por completo uma ligação que dura há 12 anos e rumores apontam para a possibilidade de se juntar à Dimension Data.

Milek não escondeu a satisfação de concretizar um sonho antigo de chegar ao World Tour. Há quase duas décadas que apoia a equipa do segundo escalão de ciclismo, que chegou inclusivamente a participar na Volta a Itália. Esta aposta ao mais alto nível na modalidade tem a sua perspectiva empresarial, pois a marca - que valerá um mil milhão de euros - quer continuar a sua expansão. Já estabelecida na Europa de leste e central, o objectivo é agora chegar ao lado oeste.

A licença World Tour é neste momento americana, mas poderá eventualmente passar a ter a nacionalidade polaca, sendo este mais um ponto a esclarecer mais tarde.

Apesar da aposta imediata ser em Avermaet e nas clássicas da Primavera, principalmente as do pavé, onde o belga é um especialista, a equipa irá querer depois começar a construir um plantel que volte a estar também na luta por etapas e grandes voltas. Muitos dos ciclistas em final de contrato já gostam de ter a sua vida resolvida por esta altura da temporada, mesmo que as mudanças só possam ser oficializadas em Agosto. No entanto, ao demorar tanto tempo em conseguir assegurar um financiamento, Ochowicz vê as suas opções de reforçar a equipa mais reduzidas, além de perder algumas das suas figuras.

Ao ficar, Avermaet é a escolha óbvia para liderar a nova vida do projecto, mas aos 33 anos não é uma escolha duradoura. Em 2019, esta estrutura estará certamente mais activa no mercado a pensar na temporada de 2020. Curiosamente, até há um dos polacos mais importantes em final de contrato este ano: Rafal Majka. Mas há um português que preencheria muito bem um dos lugares de voltistas... Sem se perceber o que irá acontecer à equipa Profissional Continental, porque não levar Amaro Antunes?

Quanto às saídas, ainda não oficializadas, Richie Porte estará a caminho da Trek-Segrafredo, Rohan Dennis da Bahrain-Merida e Tejay van Garderen da EF Education First-Drapac p/b Cannondale. Porte sofreu uma queda na etapa de domingo do Tour, ainda antes de começarem os temidos sectores do pavé. Fez uma luxação no ombro e abandonou pelo segundo ano consecutivo na nona tirada. A Vuelta será a sua última oportunidade de ganhar uma grande volta com a equipa que lhe deu a oportunidade de ser um líder, depois de ter sido um gregário de luxo e braço direito de Chris Froome na Sky.

A boa notícia é que a BMC irá continuar, ainda que com outro nome. As novidades no plantel ficam para mais tarde. O ano atribulado chega assim ao fim, mas o legado de Andy Rihs continuará. Foi ele o mentor desta equipa que venceu uma Volta a França com Cadel Evans, em 2014, e um Paris-Roubaix com Avermaet, em 2017. Ao todo são 230 vitórias, a mais recente no contra-relógio por equipas no Tour. Rihs morreu em Abril, numa altura em que já era conhecida a decisão da BMC deixar de ser o patrocinadora da equipa.

Nas últimas semanas foram vários os rumores sobre o futuro da estrutura, com a Deloitte e a Giant a serem apontadas como as empresas que poderiam salvar a BMC, numa autêntica dança de patrocinadores, que afectaria outras equipas. Afinal, a solução foi encontrada na Polónia.


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