24 de julho de 2018

65 quilómetros de muita incerteza

(Fotografia: © ASO/Bruno Bade)
Num primeiro dia de Pirenéus em que ninguém quis arriscar desperdiçar forças para os 65 quilómetros desta quarta-feira, os agricultores, Julian Alaphilippe e Philippe Gilbert foram as figuras. A Movistar fez uma movimentação de pouco sentido (parece que Landa quis testar um pouco os adversários), mas ficou bem claro que todos estavam a pensar numa das etapas mais aguardada do ano. O Tour foi buscar uma inspiração à Vuelta e colocou uma etapa curta.  Foi mais além, pois é mesmo muito curta: apenas 65 quilómetros.

Duas primeiras categorias e uma especial, com chegada em alto em Saint-Lary-Soulan. E há a particularidade de uma grelha de partida. Tem sido um assunto muito discutido, mas a versão final é a seguinte: os dez primeiros serão distribuídos como se estivessem numa grelha de Moto GP. Segundo a imagem disponibilizada, o camisola amarela, Geraint Thomas, sairá na frente. Depois do top dez, ficará alinhado o restante pelotão mediante a posição que cada ciclista ocupa na classificação geral. Partirão todos ao mesmo tempo e não haverá distâncias entre os grupos, como foi inicialmente referido quando se soube desta ideia da ASO, organizadora do Tour.

Não existirão aqueles primeiros quilómetros neutralizados. A partida é logo real. Foi criada uma zona de aquecimento para os ciclistas, antes de se dirigirem para a grelha. Serão 147 - talvez menos um, pois Philippe Gilbert disse que a sua corrida tinha acabado após a aparatosa queda na etapa de hoje -, pelo que a habitual assinatura de presença poderá demorar algum tempo. Com esta zona, os corredores podem assim continuar o aquecimento até terem de partir.



Afinal o que é que esta grelha traz de diferente? Basicamente poderá baralhar a colocação de alguns ciclistas. Ou seja, por exemplo, a Sky se quiser fazer o habitual controlo, terá de rapidamente ver os seus corredores ultrapassarem quem está à sua frente. Egan Bernal é 23º, Michal Kwiatkowski 59º, Wout Poels 63º, Jonathan Castroviejo 87º e Luke Rowe 135º. Se alguém atacar de imediato, então a formação de algum bloco será mais complicada. A distância poderá ser curta de mais para ficar à espera de ajuda. Thomas lá vai tentando passar a mensagem que é preciso pensar bem no que fazer nesta etapa, mas se há uma oportunidade para atacar a Sky, será naqueles 65 quilómetros. Tanto Thomas, como Froome acreditam que tal irá acontecer.

Há 30 anos que o Tour não tinha uma etapa tão curta, muito menos em linha. Quanto muito seria uma distância de um contra-relógio. Por isso, é difícil antecipar o que poderá acontecer. Mas com a Volta a França a aproximar-se do fim e apenas com mais uma etapa de montanha na sexta-feira, antes do contra-relógio, esta quarta-feira ninguém poderá ficar na expectativa.

A Vuelta tem tido este tipo de tiradas mais curtas, ainda que não tanto e têm sido espectáculo garantido.

Quanto às subidas, a primeira terá 14,9 quilómetros com uma pendente média de 6,9% e máxima de 8,5%. Seguem-se 7,4 quilómetros a 8,3%, máxima de 10,1%. Para terminar, 16 quilómetros a 8,7%, máxima de 10,3%. Os últimos metros até à meta são a 10,2%.



Todos a pensar na 17ª etapa

Os 65 quilómetros estiveram na mente dos candidatos no primeiro dia nos Pirenéus. A Movistar ainda fez uma estranha movimentação, que Mikel Landa justificou para tentar ver como estavam os seus adversários. Jakob Fuglsang (Astana) e Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin) tentaram mexer no grupo, mas não assustam a Sky, que acabou por os apanhar sem grandes acelerações.

O interesse esteve então na fuga. Julian Alaphilippe venceu a sua segunda etapa e está cada vez mais perto de conquistar a camisola da montanha para a Quick-Step Floors. Porém, a equipa poderá perder Philippe Gilbert. O belga estava na frente quando numa descida, não conseguiu fazer uma curva. Ao embater num muro baixo, foi parar ao outro lado. Um enorme susto. Prosseguiu, acabou os 218 quilómetros entre Carcassonne e Bagnères-de-Luchon e ainda foi nomeado o mais combativo. Porém, no final, admitiu que não conseguia dobrar o joelho e ao dirigir-se para o hospital disse que a sua corrida estava terminada. Até ao momento, a Quick-Step Floors ainda não confirmou o seu abandono.

Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) fechou a questão da camisola verde e só precisa de chegar a Paris, enquanto Pierre Latour (AG2R) e Guillaume Martin (Wanty-Groupe Gobert) trataram de tirar Bernal da luta pela classificação da juventude. O colombiano teve de ficar na ajuda aos líderes e tem quase 14 minutos de atraso. Entre os franceses estão 2:29 minutos, com Latour determinado a estar no pódio em Paris. A Bahrain-Merida desalojou a Movistar na classificação colectiva, mas apenas 1:08 minutos as separam.

A 16ª etapa ficou ainda marcada por um protesto de agricultores a cerca de 30 quilómetros após a partida. Cortaram a estrada e a polícia teve de intervir. Utilizou um gás para tentar desmobilizar o protesto, o problema foi que ficou no ar e quando os ciclistas se aproximaram, alguns foram afectados nos olhos. A corrida foi neutralizada cerca de 15 minutos para tratar quem precisasse pudesse receber assistência, entre eles Geraint Thomas.

Pode ver aqui as classificações.




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