9 de julho de 2018

Cada etapa que Craddock terminar "custar-lhe-á" 100 dólares

(Fotografia: EF Education First-Drapac p/b Cannondale)
Lawson Craddock preparou-se "apenas e só" para ser um bom apoio a Rigoberto Uran na Volta a França. Porém, tornou-se na figura da equipa logo no primeiro dia, sendo mais um exemplo de dedicação e profissionalismo. Fazer metade de uma longa etapa de 201 quilómetros com o sobrolho a sangrar e ainda com uma omoplata fracturada - que só soube depois -, elevou-o a um estatuto de herói. Se fosse para casa ninguém lhe apontaria nada, contudo, Craddock nem colocou essa hipótese. Ao saber do estado da sua omoplata a reacção foi que tudo iria fazer para continuar no Tour. Mas resolveu acrescentar algo mais, algo solidário.

O ciclista de 26 anos é do Texas e resolveu doar 100 dólares (cerca de 85 euros) por cada etapa que terminar, com o objectivo de ajudar na recuperação do velódromo de Alkek, em Houston. Já lá vão 300 dólares e Craddock tem desafiado os seus seguidores nas redes sociais a seguirem o exemplo. O velódromo ficou danificado após a passagem do furacão Harvey, há quase um ano, e o corredor explicou que quer dar o seu contributo, visto ser um local importante na formação de jovens ciclistas.

Na segunda etapa, Craddock foi uma presença assídua no final do pelotão, mas sempre se foi aguentando. Apesar do enorme desconforto devido à lesão na omoplata, a esperança é que a situação vá melhorando e que o americano possa ainda desempenhar o papel (ou pelo menos parte dele) na ajuda a Rigoberto Uran. Ainda nesta segunda-feira, só a cerca de três quilómetros do final, dos 35,5 quilómetros do contra-relógio colectivo, é que o corredor descolou. O número 13 não lhe trouxe sorte, mas a atitude optimista de Craddock tem sido muito falada durante estes primeiros dias do Tour, até porque foi quase inevitável fazer uma comparação com o que se tinha visto dias antes no Mundial de futebol.

Um Neymar em agonia a rebolar na relva após simular uma falta tornou-se viral e ao lado a imagem de Craddock a sangrar, mas a continuar na corrida demonstra bem a diferença de atitudes. "É uma imagem divertida, mas o ciclismo e o futebol são desportos completamente diferentes. Quando cais da bicicleta ninguém pára por ti. A corrida não pára. É uma grande diferença. Para mim o ciclismo é dos desportos mais difíceis", afirmou Craddock sobre a montagem que se tornou um sucesso na internet.


Sobre o que aconteceu naquela primeira etapa, o ciclista explicou que caiu na zona de reabastecimento. "Alguém deixou cair um bidão e quando se está em bicicletas como estas, com rodas como estas, mais valia ser uma granada de mão! Bati em cheio e, sinceramente, nem vi. Quando me apercebi estava a sair disparado para a berma da estrada", contou. A fase de reabastecimento é sempre muito sensível, com Craddock a referir que está cada vez mais perigosa, também muito por culpa das estradas estreitas nas quais, por vezes, decorre.

Agora é tentar ultrapassar um dia de cada vez, pois a folga só chegará na segunda-feira, 16 de Julho, sendo que no domingo haverá uma etapa que será um teste à omoplata de Craddock: terá de ultrapassar os pavés rumo a Roubaix.

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