18 de julho de 2018

Cavendish e Kittel estão fora da Volta a França

(Fotografia: © Stiehl Photography/Dimension Data)
Foi por menos de um minuto que se salvaram na primeira etapa nos Alpes, na terça-feira, mas à segunda foi de vez. Mark Cavendish e Marcel Kittel falharam o tempo limite para terminar a tirada e podem fazer as malas para regressar a casa. Dois dos sprinters que mais venceram nos últimos anos na Volta a França saíram pela porta mais pequena.

Cavendish está "apenas" a quatro triunfos de igualar Eddy Merckx... Mas todas as eras têm um fim e ver os dois serem afastados da competição na segunda semana desta forma, depois de passaram quase despercebidos nas etapas ao sprint, faz de facto pensar se estaremos no fim de uma era.

Os 108,5 quilómetros entre Albertville e La Rosière Espace San Bernardo incluíram duas categorias especiais, uma segunda e uma primeira para terminar... Não ajudou o ritmo ter sido elevado. Foi de mais para os dois sprinters que nem no grupetto se aguentaram.

Marcel Kittel tem 30 anos e poderá ser precoce pensar que ainda não tem algo mais para dar. Depois do que se viu com John Degenkolb, é melhor não dar este alemão como acabado. Ainda assim, a aposta da Katusha-Alpecin num ciclista caro, mas que parecia ser uma garantia de vitórias, está a ser completamente falhada. Kittel chegou ao Tour pressionado para ganhar. Só venceu por duas vezes em 2018, no Tirreno-Adriatico. Muito pouco.

Kittel disse adeus ao Tour sem razões para sorrir
(Fotografia: ©ASO/Pauline Ballet)
No ano passado ganhou cinco etapas na Volta a França e até estava de camisola verde até que uma queda o obrigou a abandonar, na 17ª etapa. Intimidado por um Fernando Gaviria a ganhar estatuto na Quick-Step Floors, Kittel preferiu sair a disputar o lugar com o colombiano. Sabia-se que a adaptação à Katusha-Alpecin de José Azevedo poderia demorar, até porque seria preciso construir e olear o seu comboio. Porém, o alemão tem estado mal e não pode apenas culpar o comboio, ou falta dele. Kittel não tem estado à altura dos acontecimentos. Neste Tour até se o viu baixar os braços depois de furar, não tentando reentrar no grupo da frente, quando ainda tinha tempo. Esta quarta-feira chegou fora do tempo limite. Fim da linha nesta Volta a França e muito a repensar na Katusha-Alpecin que vê ainda Ilnur Zakarin não estar à altura de disputar o Tour.

O sprinter sai da Volta a França derrotado e ainda mais pressionado, numa altura em que a nova geração de sprinters está a consagrar-se, casos precisamente de Gaviria e também de Dylan Groenewegen (Lotto-Jumbo). Cada um já conta duas vitórias no Tour e o colombiano ainda vestiu a camisola amarela por um dia.

Mas mais derrotado sai Mark Cavendish. É que Kittel ainda se viu nos sprints, ainda que sempre atrás de Gaviria, Groenewegen e Peter Sagan. Cavendish só se viu a ficar fora da discussão. Da Dimension Data veio a mensagem que não se deveria desvalorizar o britânico, pois este estava decidido a triunfar. No entanto, aquele Tour de 2016 terá sido o último renascer das cinzas do sprinter britânico.

Já não se esperava muito dele naquela altura, mas venceu quatro etapas e até vestiu a muito desejada camisola amarela. 2017 foi marcado pelo incidente com Peter Sagan (o eslovaco acabou expulso, acusado de ter empurrado Cavendish contra as barreiras), que levou ao abandono do britânico, e também por uma mononucleose. Uma última glória, era o que o ciclista queria nesta edição, era o que a equipa pedia. O próprio admitiu que chegar ao recorde de Merckx era o que lhe restava para alcançar na carreira. Mas este Cavendish já não dá qualquer garantias e será interessante perceber se de facto a Dimension Data vai renovar com um dos ciclistas mais bem pagos do pelotão. Se não houver um novo contrato, também não será fácil convencer outra equipa a abrir os cordões à bolsa.

Aos 33 anos, Cavendish entra numa fase em que terá de repensar a sua carreira. Há sempre espaço e tempo para mais uma grande vitória. Porém, talvez para Cavendish seja de facto o fim de uma era de um dos melhores sprinters da história.

Mark Renshaw, o eterno escudeiro de Cavendish, ficou ao lado do britânico e acabou também por ser excluído. Já Rick Zabel recebeu ordens para tentar salvar-se. Cortou a meta cinco segundos depois do tempo limite, mas a organização permitiu que o alemão se mantivesse na corrida.

Para a equipa sul-africana Dimension Data, o Dia Internacional de Nelson Mandela - se fosse vivo faria hoje 100 anos - parecia que poderia acabar muito bem, com Serge Pauwels a ser por momentos o camisola amarela virtual. No final, a sua principal estrela acabou excluída do Tour. Sem homem para geral, resta desejar que Edvald Boasson Hagen possa salvar algo para a equipa, ou que alguém aposte na fuga certa. O Giro correu mal com Louis Meintjes, o Tour não foi melhor com Cavendish. 2018 está a ser um ano muito complicado para a Dimension Data.

»»Mister Thomas, que grande etapa!«

»»Depois da típica etapa de montanha controlada pela Sky que venha uma ao estilo da Vuelta««

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