11 de julho de 2018

Skujins a fazer um pouco de história enquanto Sagan... foi Sagan

(Fotografia: © Bettiniphoto/Trek-Segafredo)
No dia que antecedeu uma das etapas mais aguardadas desta primeira semana da Volta a França, Peter Sagan mostrou a Fernando Gaviria que se quiser mesmo disputar a camisola verde, terá de ir mais além do que ganhar sprints. Mas houve outro ciclista, que tal como Sagan, é um daqueles que entusiasma os adeptos pela sua forma de encarar o ciclismo e, também tal como Sagan, vem de uma nação com pouca tradição na modalidade, mas que poderá ter encontrado quem a "coloque no mapa": Toms Skujins.

Enquanto o letão enfrentou uma dupla da Direct Energie para garantir a liderança na classificação na montanha, o tricampeão do mundo confirmou todo o favoritismo para igualar Gaviria em vitórias neste Tour, mas já se começa a distanciar na luta pelos pontos.

Porém, Skujins merece o destaque do dia. Aos 27 anos, o letão quer afirmar-se definitivamente como um ciclista que, sim, sabe trabalhar para a equipa, mas pode dar algo mais. Começou a mostrar-se na Hincapie Racing quando em 2015 venceu uma etapa na Volta à Califórnia. A sua forma guerreira e determinada de encarar as corridas permitiram-lhe ganhar alguma reputação e a então Cannondale foi buscá-lo. A corrida californiana tornou-se num grande momento para Skujins. Em 2016 ganhou mais uma etapa e em 2017 conquistou ainda mais respeito devido a um momento que marca a carreira do letão.

Skujins sofreu uma queda aparatosa. O ciclista até ficou algo confuso quando quis regressar à corrida. Queria continuar e teve de ser o responsável da equipa a mandá-lo parar. O ciclista tinha sofrido uma concussão cerebral, mas só pensava em continuar. As imagens foram vistas e revistas com a ajuda das redes sociais. Skujins começou a tornar-se num ciclista bastante popular entre os adeptos.

No ano passado estreou-se nas grandes voltas, em Espanha, decidindo mudar de equipa, mas continuando nos Estados Unidos. Na Trek-Segafredo, Skujins terá encontrado a equipa que o permitirá ter mais liberdade, principalmente tendo em conta que a estrutura está à procura de se renovar. O letão estará de olho num lugar de relevo nas clássicas, mas fazer o que fez na quinta etapa do Tour, também poderá torná-lo numa presença assídua em grandes voltas com um papel de entrar em fugas e porque não vestir umas camisolas. Richie Porte (BMC), Giulio Ciccone (Bardiani-CSF) e Ivan Ramiro Sosa (Androni Giocattoli-Sidermec) são os que poderão reforçar a equipa em 2019. São todos voltistas, pelo que Skujins tem mesmo espaço para se destacar na Trek-Segafredo.

E este ano já ganhou. Na Volta à Califórnia, pois claro. A sua dança mais uma vez invadiu as redes sociais e apesar de ter admito que gostava de ter um festejo próprio, uma espécie de marca registada, garantiu que não será aquela estranha dança. No início da época venceu o troféu espanhol Lloseta-Andratx e, antes do Tour, sagrou-e campeão nacional de contra-relógio.

Estamos a falar de um ciclista que vem de um país com pouca tradição no ciclismo e o próprio já contou como era mais natural dedicar-se ao BTT, tendo em conta que as condições na Letónia beneficiam mais essa vertente. Skujins disse mesmo ao Always Riding que as estradas não eram boas para treinar. Porém, acabou mesmo por experimentar. Em 2011 e 2012 esteve na francesa La Pomme Marseille, mas uma segunda temporada pouco auspiciosa levou à sua dispensa. Regressou à Letónia - para a Rietumu-Delfin -, contudo, Skujins considera que foi um passo muito positivo, pois acabaria no ano seguinte (2014) por viajar para os Estados Unidos onde construiu então a sua carreira.

Numa Trek-Segafredo com pouca ambição de conseguir algo de espectacular neste Tour, Skujins apresenta-se como uma excelente opção para mostrar a equipa e é de esperar que, pelo menos até a alta montanha chegar, fará tudo para manter uma das camisolas mais populares do ciclismo.  É o primeiro letão a vesti-la e esse lugar na história já ninguém lhe tira.  Sylvain Chavanel e Lilian Calmejane tentaram jogar em equipa para levar a camisola das bolinhas para a Direct Energie, mas Skujins sozinho deu conta do recado, ele que foi o vencedor da montanha... na Volta à Califórnia.

Nesta Trek-Segafredo John Degenkolb está irreconhecível e mal se está a dar por ele nestes primeiros dias, de Bauke Mollema pode-se esperar talvez um top dez e eventualmente uma etapa, o que não seria nada mau. A renovação de plantel na Trek-Segafredo é bem necessária e Skujins foi uma contratação que tem tudo para ser uma das mais acertadas.

Este é Peter Sagan


(Fotografia: © Bettiniphoto/Bora-Hansgrohe)
Fernando Gaviria está a demonstrar-se muito forte no "sprint puro". Na segunda etapa não o conseguiu discutir devido a uma queda. Sagan não se fez de rogado e foi buscar uma vitória. No entanto, a de hoje, não há questões de não estar um ou outro ciclista. Com uma etapa a apresentar finalmente algum sobe e desce, com terceiras e quartas categorias a ajudar a aquecer um pouco mais este Tour, Sagan era um dos favoritos e quando chegou o momento da verdade, não falhou. Nem Greg van Avermaet foi um desmancha prazeres para Sagan, como já aconteceu algumas vezes no passado.

O eslovaco até disse que o camisola amarela o ajudou a lançar o sprint. Avermaet ficou muito cedo exposto e Sagan aproveitou esse erro do belga. Tal como naquela segunda etapa, Sonny Colbrelli (Bahrain-Merida), mais um sprinter que também passa bem certas dificuldades, foi quem obrigou Sagan a empenhar-se a 100%. O tricampeão do mundo demonstrou que nem sempre se resume a quem tem mais força, a resistência também é importante. Colbrelli quebrou. Sagan festejou e deixou Gaviria a 33 pontos na classificação da camisola verde.

É uma vantagem escassa, mas se Gaviria até se consegue impor nos sprints intermédios e tem duas vitórias de etapa, Sagan tem toda a experiência do que é a regularidade. Pode fazer segundo, mas sabe que são mais uns pontos importantes. Além dos também dois triunfos, soma dois segundos. E com a avançar do Tour, vão aparecer mais etapas com sobe e desce e sprints a ser disputados no meio destas dificuldades. Sagan sabe bem o que é ganhar esta camisola (já tem cinco) e essa experiência poderá ser importante para bater Gaviria.

Quem definitivamente não estará na disputa pela sua segunda camisola verde será Michael Matthews. Um vírus debilitou o australiano que nem partiu para a quinta etapa (204,5 quilómetros entre Lorient e Quimper). Matthews havia dito que este ano estava concentrado apenas em ajudar Tom Dumoulin e será um baixa importante na Sunweb.

O Tour também acabou para Tiesj Benoot. O belga da Lotto Soudal tinha caído na terça-feira, cortando a meta com o rosto ensanguentado. Um ombro deslocado acabou por ser o factor determinante para Benoot abandonar precocemente o seu segundo Tour, depois de na estreia, em 2017, ter sido 20º classificado.

Pode ver aqui como estão as classificações após a quinta etapa (texto continua por baixo do vídeo).



Sexta etapa: Brest - Mûr de Bretagne Guerlédan, 181 quilómetros

Esta quinta-feira temos então uma das etapas mais esperadas da primeira semana. Não se esperam grandes diferenças, mas o Mûr de Bretagne tem todas as características necessárias para um final de etapa com muito espectáculo. Serão duas passagens pela subida de dois quilómetros a 6,9% de pendente. Julian Alaphilippe (Quick-Step Floors) e Dan Martin (UAE Team Emirates), por exemplo, têm esta etapa assinalada no seu calendário desde que o Tour foi apresentado. E atenção a Alejandro Valverde (Movistar)...

Será também um dia em que Warren Barguil terá de aparecer. O ciclista foi uma aposta da Fortuneo-Samsic e tem sido uma desilusão toda a temporada. Porém, é o Tour que mais interessa. Se estiver bem, então tudo o resto é praticamente esquecido. Sendo uma equipa precisamente da zona da Bretanha, ganhar esta etapa é um dos maiores desejos desta formação Profissional Continental.



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