17 de julho de 2018

Depois da típica etapa de montanha controlada pela Sky que venha uma ao estilo da Vuelta

(Fotografia: © ASO/Alex Broadway)
O primeiro dia de alta montanha na Volta a França trouxe um grande Julian Alaphilippe e um nada por parte dos candidatos. Foi uma típica etapa desde que a Sky chegou ao pelotão. A equipa britânica controlou por completo o ritmo e ninguém se atreveu a atacar. Aquela aceleração de Daniel Martin a cerca de 500 metros do final da última subida foi a única movimentação, mas serviu "apenas" para deixar para trás Rigoberto Uran e Bob Jungels. Nem sequer foi uma surpresa ver os favoritos ficarem quietos, pois seguem-se duas etapas com chegada em alto e talvez aí sim, haja mais acção. Depois de uma etapa típica do Tour, vem aí uma mais ao género da Vuelta.

A organização da Volta a França seguiu o exemplo da corrida espanhola e colocou no percurso duas etapas mais curtas. A de 65 quilómetros será na próxima semana, mas haverá esta quarta-feira uma de 108,5 quilómetros, com chegada em alto em la Rosière. Ciclistas como Nairo Quintana (Movistar) e Romain Bardet (AG2R) não podem estar à espera da última semana para recuperar o tempo perdido, ainda mais tendo em conta que não são os melhores dos contra-relogistas. Para Chris Froome têm pouco mais de um minuto para recuperar, mas é sensato não estar a menosprezar Geraint Thomas. Para o galês são cerca de dois minutos de desvantagem.

Estas etapas nos Alpes serão interessantes para perceber como irá agir a Sky com os seus co-líderes. Serão mesmo? Até agora Thomas tem estado imune a azares e já procurou bonificações, mas as decisões aproximam-se com os Alpes a serem o primeiro desafio de montanha. Quinta-feira é dia de Alpe d'Huez. Talvez aí se possa perceber melhor como estará Froome, que fez e ganhou o Giro, e se Thomas é de facto um ciclista que os adversários terão de ter em conta. Até ao momento está a realizar uma excelente corrida, sendo segundo, a 2:22 de Greg van Avermaet. Acabar a segunda semana de amarelo, nem é uma ideia completamente descabida.

Mas uma etapa de cada vez. A desta quarta-feira terá duas categorias especiais logo a abrir, seguida de uma segunda e uma primeira para acabar. Com apenas quatro chegadas em alto até ao final do Tour, quem tem de recuperar tempo e prefere este tipo de tiradas, então não pode desaproveitar. E sim, volta-se a pensar em Nairo Quintana, já que Bardet, por exemplo, não se dá mal com etapas que terminem com descidas.

Com as subidas mais difíceis logo de início e com uma classificação geral tão afectada pelas quedas das primeiras etapas, o percurso da 11ª etapa está a pedir ataques desde muito cedo.

(O texto continua por baixo da imagem.)



É o momento para a Movistar demonstrar que é de facto capaz de se debater com a Sky, mesmo que já tenha perdido um ciclista, José Joaquín Rojas (caiu na etapa do pavé). A AG2R ficou sem dois ciclistas até ao momento. Axel Domont e Alexis Vuillermoz vão fazer falta a Bardet.

Rigoberto Uran teve um mau dia. Mais um. O colombiano, segundo classificado em 2017, está a sofrer da queda na etapa do pavé, no domingo. Perdeu mais dois minutos e já são mais de cinco de atraso para Geraint Thomas. A EF Education First-Drapac p/b Cannondale não tinha ninguém com o seu líder quando este mais precisou. A condição física de Uran irá determinar quando poderá tentar começar a recuperar tempo, pelo que o objectivo poderá passar por, pelo menos, não perder mais tempo nos próximos dois dias.

Bob Jungels (Quick-Step Floors) acumulou quase um minuto, mas visto que tem sido dos que tem escapado às quedas e furos, o luxemburguês mantém vivo o sonho do top dez. É neste momento quinto.

O dia de Alaphilippe

(Fotografia: © ASO/Alex Broadway)
Enquanto Jungels fraquejava no grupo de favoritos, na frente Julian Alaphilippe realizava uma exibição que já lhe é bem característica. Entrou na fuga do dia e soube esperar pelo momento para atacar. Foi na penúltima subida, de primeira categoria (faltava outra idêntica é já tinha ultrapassado uma de categoria especial, uma de primeira e uma de quarta). E se ainda pensou que teria Rein Taaramäe (Direct Energie) como companheiro de ocasião, o francês estava simplesmente forte de mais e partiu para uns últimos quilómetros em solitário. Subiu bem, desceu melhor e quando Ion Izagirre (Bahrain-Merida) resolveu perseguir Alaphilippe, já era demasiado tarde.

Era uma vitória que o ciclista perseguia, naquela que é a sua terceira grande volta, segundo Tour (falhou no ano passado devido a lesão). Depois de confirmar que pode mesmo ser um rei nas Ardenas ao vencer a Flèche Wallonne, agora conquistou uma etapa no Tour. É difícil ver o francês a tornar-se num voltista, mas um caça etapas e um homem de clássicas, isso sim, parece encaixar na perfeição a este fantástico corredor de 26 anos. Esta temporada conta ainda com duas etapas na Volta ao País Basco e uma no Critérium du Dauphiné. Começou 2018 com um triunfo no quarto dia da Colombia Oro y Paz.

Para a Quick-Step Floors é a terceira vitória no Tour e depois de Fernando Gaviria vestir a camisola amarela, Alaphilippe terá a das bolinhas, de líder de montanha. No total de uma temporada arrasadora por parte da equipa de Patrick Lefevere, já são 50 triunfos.

A melhor defesa é o ataque

Alaphilippe foi perfeito nos 158,5 quilómetros entre Annecy e Le Grand-Bornand, mas Greg van Avermaet também se destacou. Era mais do que esperado que o belga perdesse a amarela agora que o Tour entrou na montanha. Mas não. Avermaet está a gostar e foi para a fuga. Lutou, lutou, lutou e cortou a meta a 1:44 minutos de Alaphilippe, mas, mais importante, deixou aqueles que querem a sua camisola a mais de dois minutos.

Será o oitavo dia de amarelo, depois de ter ganho a liderança no contra-relógio colectivo. Pode até ser o último, contudo, numa BMC que ficou sem Richie Porte, com Tejay van Garderen também fora de qualquer aspiração na geral (são mais de 15 minutos para o companheiro), a exibição de Avermaet está a salvar o Tour da equipa. 

Talvez tenha recebido uma motivação extra com o anúncio do novo patrocinador - a CCC irá assumir o papel até agora da BMC - e com o seu estatuto de líder para 2019. Foi uma excelente etapa do belga. Atacou para defender e até consolidar o seu primeiro lugar. Aconteça o que acontecer a partir de agora, a corrida de Avermaet está mais do que feita. Mas não é ciclista para simplesmente relaxar!

Nas outras classificações, mudança também na juventude, além da classificação da montanha (Toms Skujins perdeu para Alaphilippe). Pierre Latour (AG2R) irá vestir a camisola branca que pertencia a Soren Kragh Andersen (Sunweb). A Movistar também desalojou a Quick-Step Floors do primeiro lugar por equipas. Já Peter Sagan continua imperturbável com a sua camisola verde dos pontos. Integrou a fuga para ir buscar os pontos no sprint intermédio e são mais 101 do que Fernando Gaviria. Começa a parecer que só algum azar tirará a Sagan a sexta vitória nesta classificação.


Esta terça-feira realizou-se também a La Course by Le Tour de France, a corrida feminina. A holandesa Annemiek van Vleuten, da Mitchelton-Scott foi a vencedora, batendo por um segundo a compatriota Anna van der Breggen, da Boels-Dolmans. A sul-africana Ashleigh Moolman (Cervélo-Bigla) fechou o pódio, ao cortar a meta 1:22 minutos depois de Van Vleuten (veja aqui os resultados).




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