12 de julho de 2018

Uma vitória no Tour e a época já não está a ser tão má

(Fotografia: ©ASO/Alex Broadway)
É o efeito da influência que a Volta a França tem. Ganhar uma etapa no Tour é algo que pode fazer uma temporada para algumas equipas, principalmente se forem uma das quatro convidadas do escalão Profissional Continental. Para as do World Tour não se pode ir tão longe. Porém, quando a temporada está muito abaixo das expectativas, vencer no Tour é algo que, pelo menos, ameniza um pouco a falta de resultados. É o que acontece com a UAE Team Emirates. Daniel Martin conquistou o Mûr de Bretagne (muro da Bretanha) e tirou uma enorme pressão sobre a equipa.

Era uma etapa que tinha o nome do irlandês. O problema é que tinha também o de Julian Alaphilippe (Quick-Step Floors), Alejandro Valverde (Movistar) e nem se podia afastar a hipótese de Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) intrometer-se. Martin já nada tem haver com aquele ciclista em esforço, mas sem força para lutar por umas corridas que tanto gosta: a semana das Ardenas. A melhor versão de Martin começou a aparecer no Critérium du Dauphiné. Ganhou uma etapa ao seu estilo e fez uma excelente recuperação na geral para ficar à porta do pódio. Esta quinta-feira foi mais uma vez aquele Martin de ataque, que sabe quando deve sair e já não deixa ninguém se aproximar. Na segunda passagem pelo "muro", Martin atacou a pouco mais de um quilómetro da meta. Até pareceu ser cedo de mais, mas não. Quem sabe, sabe. Martin venceu e deixou um Pierre Latour (AG2R) frustrado, com Valverde e Alaphilippe a cortar a meta logo a seguir.

São só nove vitórias em 2018, muito pouco para uma equipa que se reforçou com Martin, Fabio Aru - que falhou por completo na Volta a Itália - e ainda um Alexander Kristoff que até começou o ano a dar indicações que estava de regresso às vitórias, mas aos poucos tornou-se de novo naquele ciclista que sprinta, mas nunca está verdadeiramente na discussão. Contudo, não desiste, pois o norueguês tem sido dos que mais aparece atrás de Fernando Gaviria e Peter Sagan.

Com esta vitória no Tour e perante o tal efeito de ganhar na Volta a França, a UAE Team Emirates já pode mesmo fazer-se valer de outro pormenor. É que cinco dos triunfos este ano foram em corridas do World Tour.

Com Aru a evitar a Volta a França para se apresentar na Vuelta com o objectivo (e a pressão) de apagar a má imagem deixada no Giro, com Rui Costa a falhar o Tour devido a uma lesão no joelho, a UAE Team Emirates estará muito dependente do que fará Daniel Martin. John Darwin Atapuma é sempre um ciclista a ter em conta, mas se Martin estiver mesmo com intenções de tentar pelo menos o top dez, o colombiano poderá ficar preso à função de ajudar o líder. Kristoff não está a demonstrar ter capacidade para bater Gaviria e Sagan, mas se Martin mantiver o nível que está a demonstrar e que começou no Critérium du Dauphiné, talvez a equipa ainda tenha mais razões para sorrir até Paris.

E para o irlandês reaparecer novamente como um ciclista temível, longe daquele que se apresentou nas Ardenas, bastou lembrar-se por que razão compete: para se divertir. Foi o próprio que o admitiu após o Dauphiné. Ao retirar a pressão que ele próprio colocou sobre os seus ombros, conseguiu alcançar os resultados que a UAE Team Emirates queria.

(O texto continua por baixo do vídeo.)




Avermaet sobreviveu, Dumoulin e Bardet nem por isso

Com Richie Porte a chegar a aparecer na frente na subida final, o companheiro da BMC e líder da geral, Greg van Avermaet, agarrou-se como pôde ao grupo para não deixar escapar a camisola amarela que Geraint Thomas está desejoso de vestir. O ciclista da Sky foi buscar dois segundos de bonificação antes da meta, mas no final não conseguiu nem ficar nos três primeiros, nem que houvesse um corte para Avermaet. A amarela continua na BMC e se não houver surpresas, deverá mantê-la até ao início da segunda semana, já que a etapa de domingo, no pavé até Roubaix, certamente que não assusta o ciclista da BMC. Afinal é um vencedor do monumento Paris-Roubaix (2017).

A etapa entre Brest e Mûr de Bretagne Guerlédan (181 quilómetros) ficou marcada pela acção da Quick-Step Floors a pouco mais de 100 quilómetros do fim, quando provocou vários cortes no pelotão devido ao vento. Nairo Quintana (Movistar) apanhou um valente susto! Já Tom Dumoulin (Sunweb) e Romain Bardet (AG2R) é que foram, desta feita, o alvo dos azares que têm andado a "apanhar" quase todas as principais figuras na luta pela geral. O holandês furou, perdeu 53 segundos e ainda foi penalizado com em 20 por ter ficado demasiado tempo atrás do carro da equipa na tentativa de reentrar no grupo da frente. Bardet teve problemas mecânicos que lhe custaram 31.

De referir que Chris Froome também deixou escapar cinco segundos para Thomas, Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida), Quintana e o companheiro da Movistar Mikel Landa, Porte, Adam Yates (Mitchelton-Scott) e Rafal Majka (Bora-Hansgrohe).

Agora é esperar por domingo, pela tal etapa de Roubaix. Até lá, serão dois dias para os sprinters tentarem bater Fernando Gaviria e Peter Sagan que somam duas vitórias cada um no Tour, com o eslovaco a liderar a classificação dos pontos. O colombiano venceu o sprint intermédio, mas ficou depois para trás mal o terreno começou a inclinar. Sagan foi oitavo na etapa e somou mais pontos. São agora 43 os que os separam.

Pode ver aqui as classificações.

Sétima etapa: Fougères - Chartres, 231 quilómetros



Sem comentários:

Enviar um comentário