(Fotografia: Stiehl Photography/Dimension Data) |
Gaviria pode estar apenas a fazer a sua estreia no Tour, sendo a sua segunda grande volta depois de um Giro de sucesso em 2017 (quatro vitórias de etapas e classificação por pontos), mas o colombiano da Quick-Step Floors surge como favorito a dominar os sprints, até porque, apesar de uma temporada marcada por algumas quedas, ainda assim tem sido dos que mais tem vencido, só batido por Groenewegen. Porém, antes da corrida começar, Mark Cavendish tem a capacidade para conseguir desviar um pouco as atenções para si, mesmo que já vá perdendo algum protagonismo. Vai para o 12º Tour e faltam-lhe quatro vitórias de etapa para igualar Merckx.
Cavendish tem tido uma época terrível. Caiu na Volta a Abu Dhabi quando os sensores de segurança do carro do comissário dispararam ao detectar ciclistas. Activou os travões e Cavendish ia atrás do veículo. Caiu e foi para casa. Regressou à competição pouco depois no Tirreno-Adriatico. Caiu no contra-relógio colectivo inaugural, terminou a etapa muito mal tratado, mas foi excluído da corrida por chegar fora do tempo limite. Recuperou a tempo de estar na Milano-Sanremo... Foi contra uma divisória na estrada, fez um mortal, caiu desamparado e mais uma paragem forçada. Isto tudo depois de um 2017 marcado por uma mononucleose.
Aos 33 anos, Mark Cavendish está em final de contrato, ainda que a Dimension Data já tenha avançado que gostaria de manter o sprinter. Vamos a ver é se vai continuar a ser dos mais bem pagos. Mas com o aproximar do Tour, não é dinheiro que está no pensamento de Cavendish. São as vitórias. Pode dizer que não está obcecado pelo recorde, mas quando se está tão próximo de ser autor de um pedaço de história tão relevante como ser quem mais etapas ganhou na corrida mais importante no ciclismo...
No auge da sua carreira pareciam restar poucas dúvidas que Cavendish iria conseguir. No entanto, o britânico começou a "apagar-se", muito por culpa de um senhor chamado Marcel Kittel e de uma forte contribuição de Peter Sagan. Mas aquele Tour de 2016 foi de Cavendish, no que a sprints diz respeito. Quatro triunfos e, de repente, voltava-se a acreditar que era possível chegar à marca de Merckx. 2017 voltou a estragar os planos e não ajudou ter ido para casa mais cedo depois do "desentendimento" com Sagan.
Agora estamos novamente na fase que, apesar de estar tão perto, pensa-se que será muito complicado, principalmente se Gaviria roubar mesmo o foco das atenções àqueles que já praticamente todos sabem o que é ganhar no Tour. Mas em 2016 também se pensava assim e foi o que se viu. Cavendish tem a capacidade para se reinventar quando mais precisa. Chegou o momento de talvez uma última reinvenção para alcançar um lugar muito particular na história, ou pelo menos colocá-lo a uma distância que mais um ou dois Tour o permita alcançar as 34 vitórias e, quem sabe, ultrapassá-las.
O Laporte tirou o lugar a um Nacer Bouhanni em rota de colisão com o director da Cofidis, Cédric Vasseur. Contudo, Bouhanni não está sozinho na frustração de ver de fora o Tour. Caleb Ewan também parecia ser uma presença mais do que provável, mas o pequeno australiano foi preterido numa Mitchelton-Scott que quer tentar levar Adam Yates à luta por um pódio. Esta é uma crença fortalecida depois do que aconteceu no Giro com o irmão Simon. É certo que tudo se desmoronou perto do fim, mas a equipa demonstrou que tem capacidade para se debater por algo mais que um top dez. Por isso, não houve espaço para ter Ewan nos sprints.
Na lista no início do texto não se incluiu Michael Matthews, mas não por esquecimento. É mais um ciclista com uma temporada abaixo das expectativas, apesar de ter aparecido bem na Volta à Suíça. Matthews quer tentar repetir a conquista da camisola verde (vai estar muito activo nos sprints intermédios), mas no que a sprints finais diz respeito, irá procurar chegadas com algumas ligeiras inclinações. Aquelas que Sagan também tanto gosta, mas que Cavendish e Kittel, por exemplo, dispensam.
Dylan Groenewegen não se dá mal em praticamente nenhum tipo de terreno para o sprint, seja plano, ou com alguma pequena dificuldade. Este holandês, também ele um sprinter nova geração, poderá muito bem ser um ciclista a criar uma rivalidade com Gaviria. São dois ciclistas de estrutura física e características como ciclistas idênticas e este Tour poderá marcar uma início de uma bonita rivalidade. Há que não esquecer que Groenewegen até já ganhou no Tour e logo nos Campos Elísios.
Naquelas etapas longas, que se não forem os "abanicos" pouco ponto de interesse têm, pelo menos fica a garantia que no final estarão lá os melhores sprinters do mundo. Uns fizeram uma época melhor que outros até ao momento, mas no Tour tudo pode mudar e é esta corrida que pode marcar o ano. E vamos ter o desejado frente-a-frente entre Gaviria e Kittel, depois do alemão ter trocado a Quick-Step Floors pela Katusha-Alpecin por não querer arriscar ficar em segundo plano para o colombiano no Tour. Uma rivalidade particular, numa especialidade do ciclismo que pode ser de emoção curta, mas que se espera que seja espectacular perante os protagonistas presentes.
Vitórias dos sprinters em 2018
➠ Dylan Groenewegen (Lotto-Jumbo): 9
➠ Fernando Gaviria (Quick-Step Floors): 7 (+ 2 classificações por pontos)
➠ André Greipel (Lotto Soudal): 6 (+ 1 classificação por pontos)
➠ Christophe Laporte (Cofidis): 6 (+ 1 classificação por pontos)
➠ Peter Sagan (Bora-Hansgrohe): 5 (+ 2 classificações por pontos)
➠ Sonny Colbrelli (Bahrain-Merida): 3
➠ Marcel Kittel (Katusha-Alpecin): 2
➠ Arnaud Démare (Groupama-FDJ): 2
➠ Mark Cavendish (Dimension Data): 1
➠ Michael Matthews (Sunweb): 1
»»Bouhanni perdeu o sprint para o Tour contra Laporte««
»»Uma Volta a França sem ciclistas portugueses««
No auge da sua carreira pareciam restar poucas dúvidas que Cavendish iria conseguir. No entanto, o britânico começou a "apagar-se", muito por culpa de um senhor chamado Marcel Kittel e de uma forte contribuição de Peter Sagan. Mas aquele Tour de 2016 foi de Cavendish, no que a sprints diz respeito. Quatro triunfos e, de repente, voltava-se a acreditar que era possível chegar à marca de Merckx. 2017 voltou a estragar os planos e não ajudou ter ido para casa mais cedo depois do "desentendimento" com Sagan.
Agora estamos novamente na fase que, apesar de estar tão perto, pensa-se que será muito complicado, principalmente se Gaviria roubar mesmo o foco das atenções àqueles que já praticamente todos sabem o que é ganhar no Tour. Mas em 2016 também se pensava assim e foi o que se viu. Cavendish tem a capacidade para se reinventar quando mais precisa. Chegou o momento de talvez uma última reinvenção para alcançar um lugar muito particular na história, ou pelo menos colocá-lo a uma distância que mais um ou dois Tour o permita alcançar as 34 vitórias e, quem sabe, ultrapassá-las.
O Laporte tirou o lugar a um Nacer Bouhanni em rota de colisão com o director da Cofidis, Cédric Vasseur. Contudo, Bouhanni não está sozinho na frustração de ver de fora o Tour. Caleb Ewan também parecia ser uma presença mais do que provável, mas o pequeno australiano foi preterido numa Mitchelton-Scott que quer tentar levar Adam Yates à luta por um pódio. Esta é uma crença fortalecida depois do que aconteceu no Giro com o irmão Simon. É certo que tudo se desmoronou perto do fim, mas a equipa demonstrou que tem capacidade para se debater por algo mais que um top dez. Por isso, não houve espaço para ter Ewan nos sprints.
Na lista no início do texto não se incluiu Michael Matthews, mas não por esquecimento. É mais um ciclista com uma temporada abaixo das expectativas, apesar de ter aparecido bem na Volta à Suíça. Matthews quer tentar repetir a conquista da camisola verde (vai estar muito activo nos sprints intermédios), mas no que a sprints finais diz respeito, irá procurar chegadas com algumas ligeiras inclinações. Aquelas que Sagan também tanto gosta, mas que Cavendish e Kittel, por exemplo, dispensam.
Dylan Groenewegen não se dá mal em praticamente nenhum tipo de terreno para o sprint, seja plano, ou com alguma pequena dificuldade. Este holandês, também ele um sprinter nova geração, poderá muito bem ser um ciclista a criar uma rivalidade com Gaviria. São dois ciclistas de estrutura física e características como ciclistas idênticas e este Tour poderá marcar uma início de uma bonita rivalidade. Há que não esquecer que Groenewegen até já ganhou no Tour e logo nos Campos Elísios.
Naquelas etapas longas, que se não forem os "abanicos" pouco ponto de interesse têm, pelo menos fica a garantia que no final estarão lá os melhores sprinters do mundo. Uns fizeram uma época melhor que outros até ao momento, mas no Tour tudo pode mudar e é esta corrida que pode marcar o ano. E vamos ter o desejado frente-a-frente entre Gaviria e Kittel, depois do alemão ter trocado a Quick-Step Floors pela Katusha-Alpecin por não querer arriscar ficar em segundo plano para o colombiano no Tour. Uma rivalidade particular, numa especialidade do ciclismo que pode ser de emoção curta, mas que se espera que seja espectacular perante os protagonistas presentes.
Vitórias dos sprinters em 2018
➠ Dylan Groenewegen (Lotto-Jumbo): 9
➠ Fernando Gaviria (Quick-Step Floors): 7 (+ 2 classificações por pontos)
➠ André Greipel (Lotto Soudal): 6 (+ 1 classificação por pontos)
➠ Christophe Laporte (Cofidis): 6 (+ 1 classificação por pontos)
➠ Peter Sagan (Bora-Hansgrohe): 5 (+ 2 classificações por pontos)
➠ Sonny Colbrelli (Bahrain-Merida): 3
➠ Marcel Kittel (Katusha-Alpecin): 2
➠ Arnaud Démare (Groupama-FDJ): 2
➠ Mark Cavendish (Dimension Data): 1
➠ Michael Matthews (Sunweb): 1
»»Bouhanni perdeu o sprint para o Tour contra Laporte««
»»Uma Volta a França sem ciclistas portugueses««
Sem comentários:
Enviar um comentário