22 de julho de 2018

Gianni Moscon foi expulso do Tour

(Fotografia: Team Sky)
Gianni Moscon está fora da Volta a França depois de ter agredido um ciclista da Fortuneo-Samsic. O incidente aconteceu a 800 metros da meta e deixa a Sky com menos um ciclista quando a corrida vai entrar na fase de todas as decisões. Numa altura em que Moscon muito precisava de mostrar que as questões disciplinares estavam ultrapassadas, vê-se assim novamente envolvido num caso que poderá ter mais repercussões depois do Tour.

Os comissários consideraram a "agressão particularmente grave", com a Fortuneo-Samsic a explicar num twit que o incidente ocorreu com Elie Gesbert. Os comissários recorreram às imagens de televisão (de recordar que existe o vídeo-árbitro) para esclarecer o sucedido. O responsável da equipa, Dave Brailsford, e o director desportivo, Nicolas Portal, também visionaram as imagens - que podem ser vistas no vídeo em baixo -, representando o ciclista na sua defesa. Porém, a decisão dos comissários foi aceite.


Aos 24 anos, Moscon é visto como um dos talentos emergentes no ciclismo e tem ganho cada vez mais influência na Sky. Estreou-se numa grande volta em Espanha, no ano passado, e Chris Froome elogiou muito o seu companheiro na contribuição que teve na vitória na geral. No entanto, a curta carreira de Moscon está já marcada por duas situações disciplinares graves, uma das quais acabou por ver arquivada. Na Volta à Romandia de 2017, Moscon proferiu comentários racistas contra Kevin Reza, então na FDJ. A Sky demorou a agir, mas acabou por suspender o seu ciclista durante seis semanas e obrigou-o a frequentar o curso de consciencialização. Foi também avisado que não poderia repetir o comportamento.

Na sequência deste caso, Moscon foi acusado por Sebastien Reichenbach de o ter atirado ao chão durante a corrida italiana Tre Valli Varesine, em Outubro. O ciclista suíço foi quem alertou para a situação entre o italiano e Reza. Reichenbach lesionou-se com gravidade e apresentou inclusivamente queixa na polícia. A UCI analisou o caso que acabou arquivado por falta de provas. E ainda há o mau exemplo deixado nos últimos Mundiais, quando Moscon se agarrou ao carro da selecção para recuperar algum terreno perdido. Foi desqualificado.

Sky pede desculpa a Gesbert

A equipa britânica divulgou um comunicado no qual afirma que aceita a decisão dos comissários. "Vamos tratar deste incidente com o Gianni quando o Tour terminar e decidir então se iremos tomar mais alguma medida", lê-se. "Gostaria de dar enviar as minhas mais sinceras desculpas tanto a Elie Gesbert, como à equipa Fortuneo-Samsic por este incidente inaceitável." O comunicado, cujas palavras são atribuídas a Dave Brailsford, refere ainda que o ciclista está "desesperadamente desiludido pelo seu comportamento e tem a noção que desiludiu a ele próprio, a equipa e a corrida".

Entretanto, a Sky publicou um vídeo com Moscon a pedir também ele desculpa e a admitir o mau exemplo que a sua atitude.

Esta segunda-feira é dia de descanso, com as etapas dos Pirenéus à espera para ajudar a decidir a corrida antes do contra-relógio. Moscon estava a ser um elemento importante no habitual exímio controlo da Sky do ritmo nas etapas, pelo que é uma baixa de vulto, ainda mais quando este ano são oito e não nove os ciclistas que compõe as equipas.

Pelo segunda edição consecutiva um ciclista é expulso da Volta a França. Há um ano foi Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) a receber ordem de saída, depois de um incidente no sprint com Mark Cavendish.

Os comissários recorreram ao artigo do regulamento da UCI que se refere a actos violentos entre ciclistas, considerando que a situação de Moscon foi uma "agressão particularmente grave", como está descrito nas regras, o que pode levar à expulsão do autor, neste caso, um Gianni Moscon. Agora ficar-se-á à espera de ver se a Sky toma novas medidas para tentar disciplinar um ciclista que está a prejudicar a sua carreira e a própria modalidade.

Nota: Vídeo de Moscon foi acrescentado às 21:52.

A etapa

O dia até tinha sido bastante pacífico, com os favoritos a estarem quase todos sossegados no pelotão - só Daniel Martin (UAE Team Emirates) tentou um ataque -, resistindo ao vento, que foi a maior ameaça. Mais uma vez uma fuga triunfou, com a Astana a alcançar a segunda vitória consecutiva. Depois de Omar Fraile, foi a vez do dinamarquês Magnus Cort Nielsen vencer nos 181,5 quilómetros entre Millau e Carcassonne.

Na geral tudo na mesma, com Geraint Thomas na frente, com 1:39 de vantagem sobre o companheiro da Sky, Chris Froome, e 1:50 sobre Tom Dumoulin (Sunweb). Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) está a tentar estabelecer um novo recorde de pontos numa classificação que só uma catástrofe não o permitirá vencer. Pierre Latour (AG2R) vai para o dia de descanso como o melhor na juventude e Julian Alaphilippe (Quick-Step Floors) continua a agarrar-se como pode à famosa camisola das bolinhas, da montanha. Movistar mantém liderança entre as equipas.

(Texto continua por baixo do vídeo.)




Vêm aí os Pirenéus. Antes da muito aguardada etapa dos 65 quilómetros, vem uma das mais longas do Tour. Terça-feira espera ao pelotão 218 quilómetros entre Carcassonne e Bagnères-de-Luchon, com os últimos 80 a terem uma segunda categoria e duas primeiras para ultrapassar, antes de mais uma descida para se chegar à meta.



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