11 de julho de 2018

"De ano para ano estou um ciclista mais maduro e mais confiante nas minhas capacidades"

A época ainda estava a começar, mas João Rodrigues viveu logo um momento marcante. O algarvio subiu ao pódio na "sua" Volta para vestir a camisola de líder da montanha, na primeira etapa. É certo que não a manteve, mas aquele sorriso não deixava enganar a alegria que sentia por estar naquela posição. Foi o mote para uma temporada muito positiva. Ainda que muito se o veja na ajuda aos líderes, também são notórias as oportunidades que está a ter para se mostrar. "Tenho tido uma boa evolução. Acho que o Nuno [Ribeiro, director desportivo] está contente com a minha prestação e toda a equipa tem gostado do nível a que me tenho apresentado. Acho que estou a fazer uma excelente época", salientou.

Está no seu terceiro ano com a W52-FC Porto, ainda que tenha apenas 23 anos. Antes passou quatro temporadas na estrutura do Tavira. Nem sempre uma passagem tão cedo para uma equipa profissional é a melhor opção, mas João Rodrigues é um caso de sucesso. "Esta subida [tão cedo] teve pontos positivos e negativos. Os negativos foram que ao passar para a equipa profissional, nunca discuti corridas com os sub-23, tirando o campeonato nacional. Daí nunca ter sido um corredor vencedor, mas um corredor a olhar para a equipa, a trabalhar para ela. Mas teve pontos positivos porque amadureci muito rápido", explicou ao Volta ao Ciclismo.

Tem sido uma opção frequente de Nuno Ribeiro (ainda que não vão estar no Troféu Joaquim Agostinho que começa esta quinta-feira), pelo que o regresso à Volta a Portugal não é de afastar, tendo a sua estreia na "Grandíssima" sido em 2015, com a camisola do Tavira. Os dois primeiros anos na W52-FC Porto acabaram por ser uma preparação para a aposta que está a começar a ser. O algarvio realçou como nunca foi "muito explorado" fazendo corridas secundárias para assim ter possibilidade de evoluir: "De ano para ano estou um ciclista mais maduro e mais confiante nas minhas capacidades. Tenho menos ansiedade nos momentos decisivos e acho que tenho uma melhor leitura da corrida. Nos momentos decisivos acho que tenho estado à altura. Isso é motivo de orgulho para mim e para o Nuno, que me pegou em sub-23."

"O percurso por que passámos é o meu local de treino, é o meu quintal e ter toda a gente lá apoiar-me e depois subir ao pódio com os melhores do mundo... Foi um momento especial!"

João Rodrigues considera que está a ficar um ciclista mais completo e a sua melhoria na montanha é um pormenor a realçar neste 2018. "Perdi muito peso, cerca de seis quilos, e tenho estado a trabalhar nesse sentido. Sempre subi razoavelmente bem, mas nunca consegui passar na frente com os melhores. Agora estou a bom nível. Foi um ponto chave para este sucesso de agora", referiu. Já a participação no contra-relógio nos Nacionais - foi sétimo, a 3:14 minutos do campeão Domingos Gonçalves (Rádio Popular-Boavista) - não significa que esteja a pensar em tornar-se num especialista nessa vertente.

No entanto, é mais um trabalho que quer fazer, pois nunca se sabe quando pode vir a precisar de estar bem no esforço individual: "Fiz mais para me testar, para saber a que nível estou em relação aos outros. Imaginando que estou numa corrida e no último dia tenho um contra-relógio, tenho de me defender. Acho que os Nacionais são um bom ponto de referência para no futuro poder melhorar."

Rodrigues sente que vai estando cada vez mais preparado para objectivos de maior ambição, mas realçou de imediato como prefere viver o dia-a-dia, uma corrida de cada vez. "Eu desde que passei ao profissionalismo que tenho incutido metas em mim. Primeiro foi fazer uma Volta a Portugal, que fiz em 2015 pelo Tavira. Depois era tentar representar a selecção, que também já foi alcançada. Agora vamos ver de ano para ano como vou evoluir."

Subir ao escalão Profissional Continental com a W52-FC Porto é, naturalmente, algo que gostaria muito. "Todos queremos que isso aconteça. Não depende de nós, ciclistas. Se assim fosse, era já!" Acrescentou que a equipa tem todas as condições para ascender de categoria e que também já demonstrou em corridas internacionais a sua qualidade. Porém, há que esperar para saber quando se concretizará um projectoS há muito falado.

João Rodrigues subiu ao pódio na Volta ao Algarve para vestir
a camisola da montanha no final da primeira etapa
João Rodrigues é um algarvio a representar uma equipa do norte, com as cores do FC Porto. Mas não está só, pois Samuel Caldeira e Ricardo Mestre são mais dois ciclistas do sul do país na formação de Nuno Ribeiro. "Isso significa que lá em baixo também há muita qualidade. Apesar de estarmos longe de tudo, temos muita qualidade e eles são pessoas fantásticas", contou, não esquecendo também Amaro Antunes, que foi seu companheiro em 2017. "São colegas especiais porque treino com eles e acho que isso também é um ponto a nosso favor. Treinamos todos os dias juntos e quando chegamos à competição sabemos como cada um está fisicamente", disse.

Mas regressou-se àquele 14 de Fevereiro em Lagos, quando o jovem ciclista subiu ao pódio na Volta ao Algarve: "Foi dos momentos mais incríveis que tive em cima da bicicleta. Sem dúvida! Estar a correr no Algarve, sendo eu algarvio... É um enorme motivo de orgulho. O percurso por que passámos é o meu local de treino, é o meu quintal e ter toda a gente lá apoiar-me e depois subir ao pódio com os melhores do mundo... Foi um momento especial!"



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