8 de julho de 2018

Com tanta queda... "A redução de ciclistas é um disparate"

(Fotografia: © ASO/Alex Broadway)
Não é exactamente anormal as quedas roubarem alguma das atenções nas primeiras etapas da Volta a França. Porém, no primeiro ano em que está em vigor a redução das equipas, o número elevado de incidentes em apenas duas etapas e que já fizeram candidatos perder tempo e este domingo prejudicou o sprint final, relança a discussão se de facto menos ciclistas é sinónimo de mais segurança. Para Alejandro Valverde não restam dúvidas: "A redução de ciclistas é um disparate. As quedas acontecem devido à tensão e à velocidade. Sempre foi assim e sempre será, mesmo que seja um grupo de 30 [corredores]."

O compatriota de Valverde, Luis León Sánchez (Astana), foi obrigado a abandonar devido a uma queda, na qual fracturou o cotovelo. O espanhol da Movistar lamentou o sucedido, ele que foi um dos poucos que passou incólume a outra queda, já perto da meta. Numa curva bem apertada, um ciclista foi ao chão na frente do pelotão e levou "arrastou" mais uns quantos consigo, entre eles o camisola amarela, Fernando Gaviria. Dos que não caíram, muitos ficaram "cortados". "Já se está a ver muitas quedas, que afectaram [Adam] Yates, [Chris] Froome, [Richie] Porte", salientou em declarações à rádio COPE.

As críticas de Valverde não são de admirar, pois sempre foi contra à redução de ciclistas. No caso das grandes voltas passou de nove para oito. Da parte da organização do Tour, a ASO foi uma das defensoras desta mudança, que acabou mesmo por ser autorizada pela UCI para 2018. No entanto, o primeiro resultado foi logo alvo de críticas. As equipas acabaram por reduzir os seus plantéis e, com menos ciclistas, também dispensaram membros do staff.

Chegamos ao Tour e não se vê grandes diferenças nas quedas comparativamente com anos anteriores. Patrick Lefevere, director da Quick-Step Floors, ficou feliz por ver Fernando Gaviria ganhar a primeira etapa, mas não deixou de apontar a escolha de um percurso que se revelou problemático. Depois da segunda etapa tem ainda mais razões para estar insatisfeito. Gaviria não só não discutiu a vitória, como perdeu a camisola amarela.

Podem ser menos ciclistas, mas as tácticas são as mesmas e as estradas também. Com todos a quererem estar bem colocados, uns porque querem discutir o sprint, outros porque querem evitar ficar em cortes precisamente provocados por quedas, como Valverde destacou, a tensão é grande, os toques acontecem e no meio de tanta confusão basta uma distracção para tudo virar um caos. Já para não falar que as constantes rotundas, as ilhas de tráfego - foi numa que Sánchez caiu - ou, no caso de Froome, ficar sem espaço numa estrada estreita, é tudo uma receita para os acidentes acontecerem, independentemente de estarem a competir 176 ciclistas ou 200 corredores. Agora já são 174, pois além do abandono de Luis León Sánchez, também Tsgabu Grmay (Trek-Segafredo) desistiu, mas devido a dores abdominais.

Peter Sagan já tem a vitória, a camisola verde e a amarela, por um dia

(Fotografia: © BORA-Hansgrohe/Bettiniphoto)
Bem ao seu jeito, Peter Sagan riu-se quando lhe questionaram sobre ir vestir a camisola amarela. "Por um dia", salientou. No entanto, rapidamente acrescentou o orgulho que é, ainda mais quando é a primeira que a Bora-Hansgrohe tem, juntando assim à rosa do Giro, ganha por Lukas Pöstlberger em 2017. Sagan não quis vestir a camisola verde por "empréstimo" de Gaviria, privilégio de quem é campeão do mundo - ficou para Marcel Kittel -, mas a amarela não será preterida, até porque esta segunda-feira é dia de contra-relógio colectivo.

O eslovaco foi um dos que escapou ao caos provocado pela queda, tendo o líder da Groupama-FDJ, Arnaud Démare (que voltou a apanhar um susto quando furou os dois pneus, mas teve tempo de reentrar no pelotão), André Greipel (Lotto Soudal) e Alexander Kristoff (UEA Team Emirates) como principais adversários. Porém, parecia estar meio escondido, mas foi Sonny Colbrelli que quase deu uma vitória à Bahrain-Merida. Excelente recuperação e mais uns metros e o italiano poderia ter batido Sagan. Mas não e já são nove vitórias no Tour para o tricampeão mundial, que também venceu no sprint intermédio, garantindo que passa a liderar a classificação dos pontos, que tanto ambiciona ganhar e não a vestir a camisola por "empréstimo". Tem 104 pontos, enquanto Gaviria soma 78, com Kristoff em terceiro com 53. Se juntarmos Démare (41) - que começou mal o Tour, mas vai a tempo de ainda tentar recuperar - temos o quarteto que está demonstrar estar mesmo dedicado à luta por esta camisola.

(Texto continua depois do vídeo)




Que Kittel é este?

Calmo, como se não se passasse nada, apesar de estar a pouco mais de sete quilómetros da meta e ter furado. Nem parecia Marcel Kittel, que até perdeu tempo em tirar o potenciómetro ao trocar as bicicletas, quando, num primeiro momento, se esqueceu. Depois pedalou sem grande convicção e sem a ajuda de companheiros. Até as imagens deixarem de vez de focar o alemão, este estava sozinho e sem intenções de tentar chegar à frente. Quando cortou a meta, já estava rodeado de colegas Já tinham passado mais de três minutos desde que Sagan festejará o triunfo.

Mais do que não estar na luta pela vitória de etapa, foi a atitude de Kittel que impressionou pela negativa. Que Kittel é este? Certamente não é que o a Katusha-Alpecin pensava ter contratado, um ciclista ganhador, sempre com vontade de vencer mais e mais. Em 2017 ganhou cinco etapas e estava de verde quando foi forçado a abandonar. Será que o director da equipa. José Azevedo, ainda vai ver esta face do sprinter no Tour? Com a época a ser muito fraca tanto para Kittel (apenas duas vitórias no Tirreno-Adriatico), como para a equipa em geral (quatro triunfos), a Katusha-Alpecin pode apostar forte em Ilnur Zakarin na geral, mas Kittel está em França para ganhar e não para se mostrar um derrotado.

O eterno Chavanel

39 anos, 18 Tour e 350 etapas e só faltam 15 para o recorde de Joop Zoetemelk. Como é que Sylvain Chavanel celebrou a impressionante marca? 166 quilómetros em fuga, numa etapa com 182,5, entre Mouilleron-Saint-Germain e La Roche-sur-Yon. A maioria sozinho. Com a única contagem de montanha logo no início da etapa, os companheiros de fuga rapidamente deixaram Chavanel sozinho e o francês aproveitou o destaque não só para mostrar o patrocinador - sempre importante -, mas também para se divertir um pouco com um público que muito o aplaudiu à passagem pelas várias localidades. Foi uma pequena loucura estar tanto tempo sozinho, mas Chavanel é assim e se será difícil ganhar uma quarta etapa no Tour, pelo menos dá algum espectáculo, anima o dia e o prémio de mais combativo da tirada foi, sem surpresa, para o francês.

Pode ver aqui as classificações após a segunda etapa.

(Texto continua depois do vídeo)




O dia que era suposto determinar as primeiras diferenças

Segunda-feira é dia de contra-relógio colectivo, mas em vez de se fazer apenas contas a quem ganha tempo a quem, será preciso ver se alguém recupera tempo. Froome, Porte e Yates têm 51 segundos de desvantagem, Quintana bem precisa de uma ajuda da equipa para tentar cortar alguma coisa do 1:15 minuto, isto para os restantes rivais na geral, como Vincenzo Nibali e Romain Bardet, já que Sagan está uns segundos mais longe, fruto das bonificações.

Sendo a Sky uma forte candidata a ganhar ou a pelo menos fazer um forte contra-relógio, Geraint Thomas pode acabar o dia de amarelo, já que só tem 15 segundos de desvantagem para Sagan. Já no ano passado o galês vestiu essa camisola. A diferença era que não se apresentava como co-líder, ao lado de Froome... Outros candidatos são Bob Jungels e Julian Alaphiliippe da Quick-Step Floors (a 16 segundos), ou Greg van Avermaet, da BMC e porque não Tom Dumoulin, já que a Sunweb até é a campeã do mundo nesta vertente e ele o campeão a nível individual. Ambos estão também a 16 segundos.

Serão 35,5 quilómetros em Cholet.



»»Líderes aos trambolhões logo no primeiro dia««

»»Um Tour em que Froome é menos favorito««

1 comentário:

  1. Claro que a redução do número de ciclistas não veio nem nunca virá a evitar as quedas.
    As quedas vão-se dando devido à má escolha dos percursos ou melhor, ao pouco cuidado de se ver se os tapetes estão de boa qualidade, o evitar as descidas perigosas sobretudo aquelas em que não existe nenhuma proteção, há quantidade de rotundas existentes nas partes finais das etapas etc. etc.

    ResponderEliminar