9 de julho de 2018

As duas formas de ver o contra-relógio na Movistar

(Fotografia: © ASO/Pauline Ballet)
Para Nairo Quintana o contra-relógio colectivo não foi, dentro do mau, o pior dos cenários. Para Mikel Landa foi melhor do que o esperado, pois manteve-se à frente de Chris Froome, Romain Bardet, Vincenzo Nibali e Adam Yates. Na Movistar o sentimento dividi-se entre alguma desilusão e o alívio de uma primeira dificuldade ter sido ultrapassada sem causar grandes estragos. A terceira etapa não fez as diferenças que se esperava no início do Tour, pois tudo o que aconteceu na primeira está a ter uma forte influência nas actuais distâncias entre os candidatos. O contra-relógio por equipas serviu mais para reequilibrar forças do que para separar os líderes, com a excepção de Nairo Quintana.

A Movistar deixou um especialista nesta vertente em casa: o português Nelson Oliveira. E já não conta com Jonathan Castroviejo que agora está a ajudar Chris Froome na Sky. Se os candidatos estivessem todos em pé de igualdade, 54 segundos perdidos para a BMC, a vencedora, não seria mau de todo. Porém, aquela primeira etapa baralhou as contas. Froome, Richie Porte e Yates perderam 51 segundos devido a quedas, enquanto Quintana ficou a 1:15 ao partir as duas rodas. Ou seja, já são 2:08 minutos para Greg van Avermaet, o novo camisola amarela, menos três segundos se fizermos as contas àqueles que aspiram lutar pela vitória na geral, com Geraint Thomas a ser o melhor nessa lista particular.

"É sempre desagradável perder tempo. Mas dentro do mau, não foi demasiado [mau]", desabafou Quintana no final da etapa. Já Landa não hesitou em considerar que "foi melhor do que o esperado". Mais do que o tempo que separa os dois líderes da Movistar (1:15 minuto), o facto do espanhol estar à frente de ciclistas como Froome e muito perto de Richie Porte, por exemplo, deixa Landa numa posição mais confortável na luta interna.

Mas quem saiu do contra-relógio com muitas razões para sorrir foi precisamente Richie Porte. Começar o Tour a cair, depois de há um ano a corrida ter terminado mais cedo precisamente devido a uma queda, não é algo que ajude a confiança de ninguém. Porém, a BMC confirmou as expectativas e Porte recuperou alguns segundos e principalmente o moral. A Sky ficou a quatro segundos.

Para a equipa foi uma vitória especial. Com o futuro por definir, a BMC irá ter a camisola amarela, depois de no Giro ter andado de rosa através de Rohan Dennis. Claro que desta vez quererá mais do que estar uns dias na liderança. Greg van Avermaet volta a estar de amarelo, depois dos três dias no primeiro lugar do Tour em 2016. Agora falta saber se Porte conseguirá levá-la vestida em Paris, numa altura em que se fala que estará concluído o acordo com a Trek-Segafredo para 2019.

Também Romain Bardet ficou satisfeito por "só" ter perdido 1:15 minuto. Para o francês da AG2R o tempo do contra-relógio foi o esperado, depois da equipa ter preparado muito este momento, precisamente para tentar manter o ciclista na luta pela geral e também assim talvez o ter ajudado a melhor um pouco numa vertente que Bardet tem menosprezado. É que ainda falta um contra-relógio individual, na penúltima etapa (31 quilómetros).

(O texto continua depois do vídeo.)




Quem esteve bastante bem foi a EF Education First-Drapac p/b Cannondale, o que deixa Rigoberto Uran muito bem colocado. Foi sexta, a 35 segundos da BMC. O colombiano foi segundo no ano passado e já avisou se a forma for idêntica, que podem contar novamente com ele. No entanto, há outro aspecto a ter em conta. A presença de Lawson Craddock tem sido uma fonte de motivação. Está a competir com a omoplata partida e com alguns pontos no sobrolho, mas recusa desistir. Neste contra-relógio, fez o seu trabalho e só a cerca de três quilómetros dos 35,5 em Cholet, é que "descolou".

Greg van Avermaet é então o novo líder, depois de Peter Sagan e Fernando Gaviria terem vestido a amarela um dia cada um. O belga poderá conseguir mantê-la mais tempo, em circunstâncias normais. Porém, e como curiosidade, aqui fica um top 20 depois do contra-relógio colectivo, daqueles que estão no Tour com pretensões à vitória, pódio ou top dez (excluiu-se, por exemplo, Warren Barguil, que admitiu estar concentrado em ganhar etapas).

1º Geraint Thomas (Sky)
2º Bob Jungels (Quick-Step Floors), a 4 segundos
3º Tom Dumoulin (Sunweb), a 8
4º Rigoberto Urán (EF Education First-Drapac), a 32
5º Rafal Majka (Bora-Hansgrohe), a 47
6º Jakob Fuglsang (Astana), a 48
7º Richie Porte (BMC), a 48
8º Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin), a 49
9º Alejandro Valverde (Movistar), a 50
10º Mikel Landa (Movistar), a 50
11º Chris Froome (Sky), a 52
12º Adam Yates (Mitchelton-Scott), a 57
13º Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida), a 1:03 minuto
14º Romain Bardet (AG2R), a 1:12
15º Steven Kruijswijk (Lotto-Jumbo), a 1:12
16º Primoz Roglic (Lotto-Jumbo), a 1:12
17º Bauke Mollema (Trek-Segafredo), a 1:13
18º Dan Martin (UAE Team Emirates), a 1:35
19º Tiesj Benoot (Lotto Soudal), a 1:49
20º Nairo Quintana (Movistar), a 2:05

Quinta etapa: Le Baule - Sarzeau, 195 quilómetros


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