(Fotografia: © BORA-hansgrohe/Bettiniphoto) |
Peter Sagan bem diz que a camisola verde só estará ganha quando cortar a meta em Paris, mesmo que matematicamente já esteja garantida. O eslovaco não é muito de quedas, mas numa das descidas da curta etapa dos Pirenéus (65 quilómetros) caiu a alta velocidade. Com o equipamento rasgado, sangue na perna e no braço e muito, muito dorido. Foi assim que terminou um dos dias mais difíceis do Tour. Pairou a possibilidade de abandono, mas Sagan lá estava em Trie-sur-Baïse para partir para a 18ª etapa e completar o que falta desta corrida.
Tentou sprintar pela vitória, mas faltou-lhe aquela explosão, numa preparação muito complicada para se colocar bem. Mas estava lá, a responder ao trabalho e apoio da Bora-Hansgrohe. Já tem três vitórias de etapa e a camisola verde. Aconteça o que acontecer, ganhe ou não em Paris, Sagan é uma das figuras deste Tour e mais uma vez um exemplo de profissionalismo.
E Gilbert então... 60 quilómetros com uma rótula partida?! O belga pode já não estar no seu melhor, mas continua a ser um senhor no pelotão e um elemento de extrema importância na Quick-Step Floors. Um verdadeiro capitão. Ia na liderança da 16ª etapa quando, numa descida, falhou uma curva, não evitou um choque com um muro baixo e foi parar do outro lado. Um enorme susto. Gilbert acabou a fazer sinal para a câmara que estava tudo bem. Estava? Acabou a etapa e ainda foi ao pódio para receber o prémio da combatividade. Os exames médicos confirmaram a fractura e só um joelho no estado que se pode ver na fotografia em baixo parou Gilbert.
When you have a broken knee cap and decide to keep going for another 60km 🤕 pic.twitter.com/cGoidtQH3w— PHILIPPE GILBERT (@PhilippeGilbert) 25 July 2018
Démare sob suspeita
(Fotografia: © ASO/Pauline Ballet) |
Desta feita foi André Greipel quem as lançou. O alemão abandonou o Tour quando percebeu, nos Alpes, que não ia cumprir o tempo limite. Então foi logo bem claro: "Outros podem escolher agarrar-se ao carro de equipa, mas se eu não consegui chegar por mim próprio, então prefiro ir para casa. Não estou triste. Sou realista e um desportista justo." Já em casa a assistir à corrida, Greipel publicou um twit após a etapa dos 65 quilómetros: "Talvez alguém deva dizer à Groupama-FDJ e ao Arnaud Démare que há GPS para seguir [os ciclistas] no Tour. Tiro o chapéu por ter perdido apenas nove minutos para Quintana numa subida de 17 quilómetros." O sprinter da Lotto Soudal terminou com a hashtag #notforthefirsttime, isto é, "não foi a primeira vez".
Greipel está a referir-se à vitória de Démare no monumento da Milano-Sanremo em 2016. Então o francês foi acusado de ter recebido ajuda do carro de equipa para ultrapassar a Cipressa, depois de ter caído e ficado atrasado relativamente ao grupo da frente. Matteo Tosatto, então na Tinkoff, e Eros Capecchi, da Astana, serviram de testemunhas. Surgiram relatos que também um comissário teria visto Démare, mas o ciclista não recebeu qualquer sanção.
Na altura, como agora, Démare afirmou que há quem esteja na estrada para ver estas situações e este ano junta-se o vídeo-árbitro. Para o sprinter, ganhar esta quinta-feira em Pau foi a resposta perfeita a Greipel que, entretanto, apagou o twit. Num aspecto Démare tem razão, perante as palavras do alemão, a suspeita irá permanecer, mesmo que nada tenha feito de mal. Contudo, a fama e o respeito têm de ser construídos por ele e este tipo de acusações não estão a ajudar a um estatuto que Démare não está a conseguir conquistar. Também não ajudou que tenha ganho hoje com um "chega para lá" a Christophe Laporte (Cofidis). O problema deste tipo de suspeitas é que se torna difícil de não pensar que onde há fumo...
Mas vamos ao que é um facto e não suspeita. Foi a segunda vitória numa etapa no Tour, a primeira foi em 2017. E a Groupama-FDJ bem precisava dela. David Gaudu e Rudy Molard já se mostraram em fugas, mas sem resultados. Démare precisava corresponder à aposta com este triunfo e ainda faltam os Campos Elísios. Se lá chegar...
Pode ver aqui as classificações.
(O texto continua por baixo do vídeo.)
19ª etapa: Lourdes - Laruns, 200,5 quilómetros
Depois de um dia para ganhar fôlego - menos para Nairo Quintana (Movistar) que caiu e irá partir para a derradeira etapa de montanha algo dorido -, chegam os dois momentos decisivos. Antes do contra-relógio de 31 quilómetros, há 200,5 por percorrer, com passagem pelo mítico Tourmalet. 17 quilómetros com pendentes a chegar aos 10% e o topo a 2115 metros de altitude. Mas o Tourmalet está a meio da etapa. É o Col d'Aubisque (16 quilómetros, com pendente média de 4,9%) que marca o final da montanha no Tour, ainda que a chegada esteja à distância de cerca de 20 quilómetros, depois dos ciclistas ultrapassarem a dificuldade.
Ao todo teremos duas quartas categorias, uma primeira, uma especial, uma segunda e outra especial. Mikel Landa (Movistar) lançou o repto que é preciso atacar cedo. Que assim seja. Que se jogue tudo, para deixar em aberto um contra-relógio complicado. Nem Geraint Thomas, nem a Sky dão o Tour como ganho, apesar do 1:59 sobre Tom Dumoulin (Sunweb). Se se juntar aquele Primoz Roglic (Lotto-Jumbo) de quarta-feira, naqueles intensos 65 quilómetros - o esloveno está à espreita de um surpreendente pódio -, então a Sky não terá sossego, mesmo com Chris Froome como gregário de luxo.
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Mas vamos ao que é um facto e não suspeita. Foi a segunda vitória numa etapa no Tour, a primeira foi em 2017. E a Groupama-FDJ bem precisava dela. David Gaudu e Rudy Molard já se mostraram em fugas, mas sem resultados. Démare precisava corresponder à aposta com este triunfo e ainda faltam os Campos Elísios. Se lá chegar...
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(O texto continua por baixo do vídeo.)
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Ao todo teremos duas quartas categorias, uma primeira, uma especial, uma segunda e outra especial. Mikel Landa (Movistar) lançou o repto que é preciso atacar cedo. Que assim seja. Que se jogue tudo, para deixar em aberto um contra-relógio complicado. Nem Geraint Thomas, nem a Sky dão o Tour como ganho, apesar do 1:59 sobre Tom Dumoulin (Sunweb). Se se juntar aquele Primoz Roglic (Lotto-Jumbo) de quarta-feira, naqueles intensos 65 quilómetros - o esloveno está à espreita de um surpreendente pódio -, então a Sky não terá sossego, mesmo com Chris Froome como gregário de luxo.
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