(Fotografia: © Bora-Hansgrohe/BettiniPhoto) |
Depois de ter passado toda a sua carreira como profissional na Sky, aos 28 anos Peter Kennaugh sentiu a necessidade de mudar. Quis alterar os seus objectivos, o seu papel dentro de uma equipa, ou seja, como acontece com a maioria dos ciclistas que deixam a equipa britânica, Kennaugh foi à procura de liberdade. A Bora-Hansgrohe contratou-o, tendo em vista aumentar as escolhas para as grandes voltas, corridas mais curtas por etapas e também em algumas clássicas. Porém, depois do início de temporada na Austrália, o ciclista desapareceu das competições. Um comunicado anunciou que Kennaugh estaria afastado por tempo indeterminado, sem apontar razões. O ciclista revelou agora que passou por momentos difíceis devido à falta de motivação.
"Senti-me muito em baixo durante umas semanas e muito inútil na bicicleta. Saía por uma hora e simplesmente voltava para trás. Chegou a um ponto em que não queria sair", confessou o britânico, citado pelo Cycling Weekly. Kennaugh não sabe explicar o que o levou àquele estado, referindo que talvez tenha sido o esforço que é necessário para ser um ciclista de alto nível, mais as viagens que terão acabado por ser de mais. Porém, um dia deu-se o "clique" que o fez regressar aos treinos: "Fiz quatro horas e meia e senti que estava de volta ao que era. Depois disso, tem sido a todo o gás e a fazer tudo o que posso para recuperar a minha forma."
Para a Bora-Hansgrohe a notícia não poderia ser melhor, ainda mais com a aproximação do Tour, para o qual o ciclista foi chamado. Depois da Volta a Romandia (no final de Abril) e da clássica alemã Eschborn-Frankfurt (que não terminou), Kennaugh está no Critérium du Dauphiné para perceber como está fisicamente. "Não sei se vou conseguir estar na luta com os melhores, mas espero não estar muito longe", disse. Acrescentou que tem de se mostrar depois do que se passou nos últimos meses, garantindo que se sente muito mais confiante nesta fase da época.
Esteve no Tour Down Under e na Cadel Evans Great Ocean Race e estava prevista a sua participação na Volta ao Algarve. No entanto, foi por essa altura que Kennaugh "desapareceu". Durante oito anos transformou-se num dos homens mais importantes da Sky, mas as oportunidades de liderar nunca foram muitas. Quando as tinha, era um ciclista que aparecia. Venceu duas etapas no Dauphiné e a corrida a que Cadel Evans deu nome, somando ainda dois títulos de campeão nacional de estrada, entre as suas 10 vitórias. Esteve em sete grandes voltas, com os resultados a demonstrarem como sempre foi chamado a um papel de gregário. O mesmo irá acontecer no Tour, com Rafal Majka como o líder para a geral, além de Peter Sagan para os sprints. Se Kennaugh estiver pelo menos perto do seu melhor, poderá ser importante para ambos os companheiros.
Este tipo de situações são sempre muito delicadas e podem levar um ciclista a terminar precocemente a carreira. No ano passado, Andrew Talansky já não encontrava nesta modalidade a vontade de fazer uma carreira. Agora é triatleta. Há poucos dias, a ciclista Molly Weaver (24 anos) anunciou que iria fazer uma pausa no ciclismo, admitindo publicamente que sofre de depressão, esperando que este afastamento seja o que precisa para mais tarde retomar a carreira.
O Critérium du Dauphiné realiza-se até domingo. Nesta segunda-feira, Michal Kwiatkowski manteve a liderança, com Daryl Impey (Mitchelton-Scott) a vencer a etapa.
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