22 de junho de 2018

"Já digo há algum tempo que o Domingos é o melhor contra-relogista nacional"

Foi uma luta de irmãos. José Gonçalves já não está no pico de forma que o levou ao 14º lugar na Volta a Itália, mas nem por isso andou mais devagar em Belmonte. Tirou o melhor tempo ao colega da Katusha-Alpecin, Tiago Machado. Contudo, a liderança não durou muito tempo, pois apareceu um Domingos Gonçalves, determinado em manter uma camisola que vestiu no último ano. Foram 12 os segundos a separar os gémeos, num pódio que ficou em família.

Há um ano, Domingos tinha ganho um contra-relógio marcado pela não partida de Nelson Oliveira. O tetracampeão nacional não soube da mudança da hora em que deveria começar a sua prova. Domingos ganhou em Santa Maria da Feira e agora em Belmonte comprovou todas as suas qualidades nesta vertente. "Já digo há algum tempo que o Domingos é o melhor contra-relogista nacional. É a confirmação. Só é pena que não tenha estado aqui o Nelson. Teria sido mais contundente e afirmativo para nós", afirmou José Santos, ao Volta ao Ciclismo, que se referiu ao facto do ciclista da Movistar não ter competido na prova desta sexta-feira.

O director da Rádio Popular-Boavista está muito satisfeito por ver o seu ciclista corresponder ao apelo feito para esta temporada, para assumir mais as corridas: "Ele está a responder e os novos da equipa também, como o David Rodrigues e o Óscar Pelegrí. Agora o nosso objectivo é a Volta a Portugal." Rodrigues venceu a última etapa do Grande Prémio Abimota e o espanhol Pelegrí a geral. Domingos tem estado constantemente entre os primeiros e ganhou a Clássica da Primavera, em Março.

Um pódio de irmãos e amigos
Antes de se concentrar na Volta há ainda outro título para disputar no domingo. Domingos Gonçalves esteve perto da dobradinha em Gondomar, mas uma queda tirou-o da luta na prova de fundo. Já revalidou o título de contra-relógio. Será que vai tentar ficar com as duas camisolas de campeão nacional? "Não há anos iguais, mas sim, vai tentar novamente", disse José Santos.

Domingos sentou-se no trono, enquanto ao seu lado estava o irmão que poderá muito bem ter de lhe pagar um jantar! Mas nenhum deles quis entrar no discurso de uma luta de irmãos. "É meu irmão, mas em cima da bicicleta é um rival como os outros. Fora da bicicleta é mais um amigo, como outros que tenho no pelotão", afirmou. Sobre a prova explicou: "Dei o meu máximo, tentando gerir o esforço. Deu-me algum ânimo começar a ver o Rafael Reis na segunda subida do percurso, pois vi que estava a andar bem. Depois comecei a ver o Sérgio Paulinho ao longe. Na parte final, em paralelo, a roda da frente prendeu mais um bocadinho, quebrei aqui, mas os outros também. Consegui completar o meu objectivo: vencer o nacional."

José Santos está satisfeito com os resultados de Domingos Gonçalves
Domingos Gonçalves cumpriu os 33,7 quilómetros em 43:06 minutos, com uma média de 46,914 quilómetros/hora. José ficou então a 12 segundos, com Tiago Machado a fechar o pódio a 20 do agora bicampeão nacional. José Neves, que tem dois títulos na categoria de sub-23, estreou-se na elite com um quarto lugar, a 1:28. Outro ciclista da nova geração e campeão de sub-23 em 2016, Gaspar Gonçalves, foi sexto, a 3:11.

A desilusão acabou por ser Rafael Reis. O ciclista da Caja Rural está a realizar uma época abaixo das expectativas e da sua qualidade. Ele que é um especialista do contra-relógio, também com títulos em sub-23 e sabendo já o que é ficar em segundo na elite, desta feita ficou a uns longínquos 2:55 minutos.

Atribuídos os primeiros títulos em Belmonte - Daniela Reis foi campeã na elite feminina e Ivo Oliveira nos sub-23 masculinos - é tempo de partir para as provas de fundo.

Sábado é dia de corrida de fundo. Mais uma vez, as senhoras abrem as hostilidades às 11:00. Sendo em formato de circuito (21,4 quilómetros), que tem nos 1500 metros finais, em subida, o ponto nevrálgico, vai favorecer quem assistir ao vivo, pois assim poderá ver várias vezes as e os ciclistas. A elite fará cinco voltas, ou seja, 107 quilómetros, as juniores farão menos uma (85,6) e as cadetes ficarão pelas três (64,2).

Às 15:00 será dado o tiro de partida para a corrida dos sub-23 masculinos. Inicialmente o pelotão sairá de Belmonte e fará 76 quilómetros até entrar no circuito. Serão quatro passagens na meta, numa distância total de 160,4 quilómetros.

A elite masculina, inevitavelmente a corrida mais esperada, irá para a estada no domingo às 11:00. O esquema é o mesmo dos sub-23, mas o campeão só será definido na quinta passagem na meta, após 181,8 quilómetros.


Resultados:
1º Domingos Gonçalves (Rádio Popular-Boavista), 43:06 minutos
2º José Gonçalves (Katusha-Alpecin), a 12 segundos
3º Tiago Machado (Katusha-Alpecin), a 20
4º José Neves (W52-FC Porto), a 1:28 minutos
5º Rafael Reis (Caja Rural), a 2:55
6º Gaspar Gonçalves (Liberty Seguros-Carglass), a 3:11
7º João Rodrigues (W52-FC Porto), a 3:14
8º Daniel Silva (Rádio Popular-Boavista), a 3:16
9º Edgar Pinto (Vito-Feirense-BlackJack), a 3:25
10º João Benta (Rádio Popular-Boavista), a 3:29
11º António Barbio (Miranda-Mortágua), a 4:29
12º Sérgio Paulinho (Efapel), a 4:53
13º Pedro Paulinho (Efapel), a 9:31

Outros campeões:
Maciej Bodnar (Bora-Hansgrohe) - Polónia
Edvald Boasson Hagen (Dimension Data) - Noruega
Victor Campanaerts (Lotto Soudal) - Bélgica
Joey Rosskopf (BMC) - Estados Unidos
Svein Tuft (Mitchelton-Scott) - Canadá
Jonathan Castroviejo (Sky) - Espanha

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