6 de junho de 2018

Volta a Portugal faz jus ao nome

O Algarve está de regresso à Volta a Portugal. Foi preciso esperar dez anos, mas o sul do país fará parte do percurso da 80ª edição, com o Alentejo como ponto de partida, mais precisamente Alcácer do Sal, e com Albufeira à espera do pelotão para o final da primeira etapa, no dia 2 de Agosto. A logística irá obrigar a um trabalho extra, visto que se estará em plena época alta, com Albufeira a ser dos locais mais procurados nessa altura do ano, tanto por portugueses, como estrangeiros. No entanto, há muito tempo (demasiado) que a Volta estava "presa" ao centro e norte do país, pelo que este regresso não só é bem-vindo, como ainda agora se confirmou e já se fala do desejo de repetir noutras edições.

É preciso recuar a 2008 para ver o Algarve na principal corrida para o pelotão nacional. Então, Portimão recebeu o prólogo e o arranque da primeira etapa. Durante este hiato, a região viu a sua própria corrida consolidar-se como uma de referência internacional. A Volta ao Algarve é a prova portuguesa com categoria mais alta na UCI (2.HC) e chama muitas das grandes figuras do pelotão mundial. A Volta a Portugal (2.1) continua a ser a "Grandíssima" e aquela que todas as equipas lusas apontam a temporada.

Joaquim Gomes, director da corrida, admitiu que esta ausência do Algarve foi "manifestamente longa", ainda mais tendo em conta que duas das equipas de elite nacionais são daquela zona do país: Sporting-Tavira e Aviludo-Louletano-Uli. "Com algum esforço e grande disponibilidade das autarquias, encontrámos uma solução muito interessante, que faz com que a Volta de 2018 seja, dos últimos anos, aquela com a maior mancha de cobertura no território nacional", afirmou o responsável.

Carlos Silva e Sousa foi um dos precursores deste regresso. O presidente da Câmara Municipal de Albufeira - que esteve também muito ligado à presença da Volta ao Algarve na sua terra -, morreu em Fevereiro, mas o seu sucessor, José Carlos Rolo, manteve vivo o projecto, agora concretizado.

Aquando da atribuição à Podium para continuar a organizar a Volta a Portugal - houve um concurso no ano passado, na qual a empresa foi a única a apresentar uma proposta e ficará com a prova até 2025 -, um dos objectivos da Federação Portuguesa de Ciclismo era que a corrida visitasse mais regularmente todas as regiões do país, de norte a sul, este a oeste. O presidente, Delmino Pereira, referiu isso mesmo durante a apresentação da primeira etapa que decorreu esta quarta-feira, precisamente em Albufeira: "Não sendo possível a Volta a Portugal cobrir todo o território em cada edição é vital que a esta competição visite todas as regiões de forma regular."

Com passagens em Grândola, Santiago do Cacém e Odemira, a presença do Alentejo fica reforçada, sendo também uma região que conta com uma das principais corridas, este ano ganha por Luís Mendonça, da Aviludo-Louletano-Uli. No dia seguinte, o pelotão arrancará de Beja.

A primeira etapa da "Grandíssima" terá 191,8 quilómetros e três contagens de montanha de quarta categoria.


Para o Algarve e para a própria Volta, que se quer que seja de todo o Portugal (Continental, pelo menos), terminar uma etapa em Albufeira, na Avenida dos Descobrimentos, é uma vitória para a região. José Carlos Rolo espera que não seja uma situação passageira e que o sul não fique novamente fora do percurso nos próximos anos. O autarca desafiou outros municípios a mostrarem a ambição de receber a corrida. O investimento de Albufeira será de cerca de 75 mil euros, com o retorno mediático esperado a rondar os 90 mil nos concelhos por onde a prova passar.

Seria bem interessante o Malhão ou a Fóia fazerem um dia parte da Volta... Mas, para já, será uma etapa mais plana, dentro do possível em Portugal. Será a segunda vez que Albufeira marca presença na Volta. A primeira foi em 2003, quando foi local de partida para a primeira tirada, que terminou em Tavira e teve Cândido Barbosa como vencedor.

Relativamente à logística, será acautelada a questão das dormidas e também do encerramento das estradas para passar o pelotão e caravana da Volta. Joaquim Gomes explicou que apenas os funcionários que terão de montar as estruturas necessárias irão pernoitar na zona. No dia seguinte a etapa começa em Beja, pelo que a escolha de hotéis será mais a meio caminho ou mesmo perto da cidade alentejana. As estradas escolhidas não incluem a Nacional 125, evitando assim sobrecarregar ainda mais um trânsito sempre muito intenso e ainda mais em Agosto.

Aos poucos vai-se abrindo o livro sobre o percurso da 80ª edição da Volta a Portugal. O regresso do Algarve foi uma boa notícia, tal como o inédito final em Fafe, uma região que chama sempre multidões, seja para o ciclismo, seja para o automobilismo! Setúbal estará no mapa para a partida da corrida, com o prólogo. A terceira tirada também já é conhecida. Será a Etapa Vida. Os 175,9 quilómetros entre Sertã e Oliveira do Hospital, contarão com passagens em Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pêra, Lousã, Góis e Tábua, todas zonas muito afectadas pelos incêndios de 2017. Neste dia, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa estará presente na caravana.

A Volta a Portugal realiza-se de 1 a 12 de Agosto.

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