18 de junho de 2018

A vantagem de ter um plano A, B e C. A estrada que depois decida quem será o líder

(Fotografia: Twitter Movistar Team)
Para Eusebio Unzué Chris Froome é o principal favorito a mais uma vitória, a quinta, na Volta a França. Porém, salienta que a Movistar tem uma grande vantagem. Bom, na prática tem três grandes vantagens: Alejandro Valverde, Mikel Landa e Nairo Quintana. Para o director da equipa espanhola jogar as suas três armas no Tour poderá ajudar a desequilibrar uma balança que tem quase pendido para a rival Sky.

No dia em que foram apresentados os 10 pré-convocados para a corrida que começa a 7 de Julho - entre eles está o português Nelson Oliveira -, o trio que pretende mudar o rumo de um Tour dominado pela equipa britânica, garantiu união e que vai funcionar em prol do colectivo e não de objectivos pessoais. Mas o que mais se quer saber é quem é o líder. Ora a resposta é aquela que Quintana tem vindo a defender: a estrada que decida. E até Unzué repete esse discurso. "Temos uma opção A, mas também B e outra C. É uma grande vantagem. Vamos ver como a primeira fase da corrida nos vai tratar e depois, quando entrarmos no terreno onde os nossos três [ciclistas] movimentam-se muito bem, vamos ver o que acontece", disse o responsável à agência Efe, em declarações citadas pelo Cycling News.

Unzué acrescentou que há ainda que esperar para ver como os seus corredores vão reagir ao dia de folga e depois as decisões quanto à liderança poderão começar a ser tomadas. "Não podemos ignorar a consistência do Nairo, a trajectória do Alejandro e o Landa dá-nos razões para ter esperança", frisou.

Na conferência que juntou os três ciclistas, Unzué disse que a missão foi cumprida até ao momento: "O nosso objectivo inicial foi chegar ao Tour com os nossos três corredores na melhor condição possível." Unzué acredita que Froome estará no Tour, apesar das incertezas devido ao processo do salbutamol, mas o director da Movistar refere outros ciclistas a ter em conta, com Tom Dumoulin (Sunweb) e Richie Porto (BMC) a encabecear a lista. Apesar de considerar que Geraint Thomas (Sky) e Romain Bardet (AG2R) não serem tão experientes, há que ter os dois em atenção, tal como Primoz Roglic (Lotto-Jumbo), que conquistou a Volta à Eslovénia.

Mikel Landa venceu uma etapa no Tirreno-Adriatico e foi segundo na geral na Volta ao País Basco. Quintana ganhou na semana passada uma etapa na Volta à Suíça e terminou em terceiro, enquanto Valverde está imparável, com 11 vitórias, mais duas classificações secundárias. O espanhol não foi à Suíça por estar doente, mas viajou até França para conquistar duas etapas e a geral da Route d'Occitaine.

Landa e Quintana, uma rivalidade muito falada, mas sempre desmentida, afinam pelo mesmo diapasão, assegurando que vão ajudar-se mutuamente e que se entendem perfeitamente. Correram juntos no País Basco e na Suíça, mas por mais importantes que estas corridas sejam, o Tour... é o Tour! Quintana é da opinião que a Movistar de 2018 é a mais forte dos últimos anos. Landa falou da Volta a França e admitiu que a etapa do pavé será muito complicada, mas a de 65 quilómetros nos Pirinéus não o preocupa: "Aos escaladores assenta bem etapas difíceis de controlar." Landa disse ainda que não está na mesma forma de há um ano, pois não fez o Giro. Porém, afirmou que o seu rendimento está a melhorar.

Dizer que Valverde é um plano C até parece surreal, ainda que seja o caso. O espanhol recordou que já tentou ganhar várias vezes o Tour e que nunca conseguiu. Aliás, foi ao pódio no ano em que assumiu um papel de gregário de Nairo Quintana (2015). Quando Landa foi contratado, Valverde até se quis afastar de possíveis rivalidades e não escondeu que poderia ir ao Giro e à Vuelta. Unzué teve outras ideias, ainda que a presença de Valverde também seja para existir uma voz de liderança na Movistar. Quintana e Landa podem ser os dois principais ciclistas, contudo, Valverde terá um papel de manter a Movistar na ordem, para que não sucumba a uma temida rivalidade que possa de facto surgir na estrada entre o colombiano e espanhol, o que poderia deitar tudo a perder.

Valverde explicou que chega relaxado a esta fase da época. "Vamos com uma grande equipa e tanto o Nairo, como o Landa estão muito bem. Vai haver um grande entendimento. Teremos de ver como vamos estar nos primeiros nove dias [antes do primeiro de descanso]", referiu.

A Movistar faz o seu papel. Mostrou união para também assim tentar ganhar ainda mais respeito entre os muitos adversários que terão em França. Se de facto Unzué conseguir ter o seu tridente a funcionar em equipa - o que significa que alguém terá eventualmente de assumir um papel a ajudar um companheiro, sem ressentimentos -, então esta Movistar irá colocar um problema, ou melhor, três problemas às outras equipas. A curiosidade é grande. É enorme! Lideranças partilhadas não tem sido uma táctica de sucesso no ciclismo. E normalmente falamos de dois corredores, mas Valverde disse que não afasta a hipótese de tentar mais uma vez ganhar o Tour, ou seja, teremos uma liderança tripartida.

Este ano são oito e não nove os ciclistas por equipa nas grandes voltas, ou seja, há cinco vagas para sete convocados na Movistar: Nelson Oliveira, Andrey Amador, Marc Soler, Imanol Erviti, Daniele Bennati, Jose Joaquin Rojas e Jasha Sütterlin são os candidatos, com Winner Anacona a estar de prevenção. As escolhas finais deverá ser anunciadas na próxima semana, após os campeonatos nacionais.

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