25 de junho de 2018

Camisolas das equipas não são para Peter Sagan

(Fotografia: Bora-Hansgrohe/© Bettiniphoto)
Coleccionar camisolas é algo tão banal para Peter Sagan, como qualquer um fazer uma colecção de cromos! Se as três de campeão do mundo têm, naturalmente, o maior destaque, neste domingo, o eslovaco foi buscar a sexta de campeão nacional. Também já tem uma de campeão da Europa, além das cinco verdes da classificação por pontos na Volta a França. São muitas mais se incluirmos todas as corridas que o ciclista fez. Certo é que há muito tempo que Sagan não sabe o que é vestir o equipamento normal das equipas que representa, a não ser no contra-relógio. A última vez que envergou a camisola standard foi a 13 de Junho... de 2011!

Sagan, então com 21 anos, estava na Volta a Suíça e no final desse dia, na terceira etapa, o ciclista foi o mais forte no sprint e subiu à liderança da classificação por pontos, que não mais abandonou. Depois dessa corrida foi para os Nacionais, onde conquistou o primeiro título eslovaco, dos cinco consecutivos. O resto é história e essa conta com o feito inédito de três títulos mundiais consecutivos entre 2015 e 2017. As únicas vezes que não teve uma camisola de campeão vestida foi quando teve de envergar as de liderança de uma classificação, normalmente a de pontos, mas também umas das gerais. Houve uma que só vestiu quando subiu ao pódio: a de campeão da Europa (2016). Como era campeão do mundo e assim continuou, não iria certamente trocá-la!

A última equipa a ver Sagan com a camisola dos patrocinadores, utilizada por todos os ciclistas, foi a Liquigas-Cannondale, que em 2013 passaria a ser somente Cannondale. A Tinkoff contratou, em 2015, um campeão nacional que nesse mesmo ano conquistou o primeiro título mundial. Nesse ano também venceu o contra-relógio nos Nacionais, só para ter dois equipamentos especiais! A Bora-Hansgrohe subiu ao World Tour em 2017 e tem aquele que não larga a mais famosa camisola, a do arco-iris (partilha a notoriedade com a amarela da Volta a França).

Vontade não falta a Sagan de escrever um pouco mais de história nos Mundiais e ganhar o quarto título consecutivo. Nunca ninguém ganhou tantos, seguidos ou não (nem Eddy Merckx). O problema é que o percurso de Innsbruck, na Áustria, é claramente para os trepadores. O eslovaco até tem alterado um pouco a sua temporada - também devido à sua recente paternidade -, apostando nos estágios em altitude. Até já foi noticiado que depois do Tour estaria a pensar perder algum peso e assim tentar ter alguma hipótese de manter a camisola de campeão do mundo. Ainda assim, desta feita Sagan não vai aparecer entre os principais favoritos.

(Fotografia: Twitter @BORAhansgrohe)
Nos últimos dois anos, o irmão Juraj Sagan tinha sido o campeão eslovaco, com Peter a ser segundo. Em 2018 trocaram as posições. Será que Peter quis garantir que vai continuar com uma camisola de campeão, caso se concretize a possível perda da do arco-íris?

Certo é que resolveu conquistar o sexto título nacional em grande estilo: 95 quilómetros de fuga solitária! Juraj ficou a 2:16 minutos e o também ciclista da Bora-Hansgrohe, Michael Kolar, fechou o pódio a 6:07 (fotografia à direita), tendo surpreendido ao terminar a carreira nesta corrida. A equipa alemã anunciou a decisão do corredor de apenas 25 anos, que irá permanecer na Bora-Hansgrohe, mas num papel de relações públicas.

Nem todas as equipas gostam de ter de mudar os equipamentos escolhidos para dar a maior visibilidade possível aos patrocinadores. A Bora-Hansgrohe não está entre elas, tendo tendência a coleccionar títulos nacionais e a aproveitar muito bem esse facto a nível de marketing. Quem tem Sagan já sabe que terá de lhe fazer equipamentos especiais de campeão, mas tendo em conta as vitórias e a popularidade que o tornaram num dos ciclistas com imagem mais valiosa, talvez nenhuma equipa se importasse de mudar as camisolas.


Outros campeões de fundo:
Domigos Gonçalves (Rádio Popular-Boavista) - Portugal
Gorka Izagirre (Bahrain-Merida) - Espanha
Yves Lampaert (Quick-Step Floors) - Bélgica
Michal Kwiatkowski (Sky) - Polónia
Vegard Stake Laengen (UAE Team Emirates) - Noruega
Matej Mohoric (Bahrain-Merida) - Eslovénia
Antoine Duchene (Groupama-FDJ) - Canadá
Gediminas Bagdonas (AG2R) - Lituânia
Jonathan Brown (Hagens Berman Axeon) - Estados Unidos da América
Merhawi Kudus (Dimension Data) - Eritreia
Tsgabu Grmay (Trek-Segafredo) - Eitópia

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