15 de junho de 2018

Pinot falha Tour. Um problema ou uma oportunidade?

(Fotografia: Giro d'Italia)
Quando Thibaut Pinot apontava regressar a um pódio numa grande volta, desta feita no Giro, e depois ganhar novo ânimo para procurar etapas no Tour, a época desmoronou-se dramaticamente. A convincente vitória na Volta aos Alpes acabou por não ter continuidade, com uma pneumonia a tirar-lhe o terceiro lugar no Giro e agora a Volta a França. Com a Groupama-FDJ a ter uma equipa muito em redor do francês, perder Pinot poderá ser um problema para a luta pela geral, mas também uma oportunidade, pois abrem-se as portas a outros ciclistas.

Está assumida a maior aposta em Arnaud Démare para os sprints, mas uma equipa como a Groupama-FDJ não pode ficar dependente apenas dos sprints. Há três ciclistas que podem ter aqui uma oportunidade de ouro. Começando pelo mais jovem. David Gaudu, 21 anos, vencedor do Tour de l'Avenir em 2016. Recentemente esteve em acção no Critérium du Dauphiné, onde uma queda o deixou muito mal tratado num braço. Pode não ter conseguido mostrar-se como queria, mas mostrou um enorme carácter, algo também muito importante, ainda mais tendo em conta a idade.

É um ciclista com muito para evoluir, pelo que terá uma oportunidade, mas não a responsabilidade de dar à Groupama-FDJ um resultado na geral. Os ganhos da liberdade que terá este ano poderão ter rentabilidade noutra temporada, no Tour ou noutra grande volta, já que Pinot está previsto concentrar-se em 2019 somente na Volta a França. Gaudu chegou como estagiário à equipa em 2016 e fica claro que o director, Marc Madiot, alimenta uma enorme esperança neste jovem. No misto de calendário entre o francês e World Tour, Gaudu tem sido muito chamado nestes dois anos.

Ganhar experiência tem sido a palavra de ordem. Sempre que é preciso trabalhar para outros ciclistas fá-lo, mas também, por vezes, com luz verde para ir até à frente da corrida. O Tour será a sua primeira grande volta e que forma esta de se estrear! Para Madiot seria um sonho que Gaudu pudesse fazer algo idêntico a Pinot em 2012. Aos 22 anos estreou-se no Tour com uma vitória de etapa, numa imagem que ainda hoje faz parte dos grandes momentos da corrida centenária, com o director a berrar desalmadamente no carro, a motivar o seu jovem ciclista para concluir com sucesso a fuga solitária em Porrentruy. Acabou esse Tour em 10º.

Como curiosidade, poderemos ver no Tour os últimos três vencedores do Tour de l'Avenir (a Volta a França do futuro): Egan Bernal (Sky), Gaudu e Marc Soler (Movistar).

Oportunidade para Gaudu e também para Sebastien Reichenbach. O suíço não tem o Tour no seu calendário, pelo menos para já, mas a ausência de Pinot poderá precipitar a chamada do suíço. Tem sido um gregário por excelência, mas pode ter chegado o momento na carreira para ser algo mais. Aos 29 anos, Reichenbach é um daqueles ciclistas com características que agrada a muitos. Leal, importante quando chegam as etapas de montanha, as suas qualidades de trepador são inegáveis. Tem cinco grandes voltas (três Giros e dois Tours) e se Madiot recorrer à experiência ou de Steve Morabito, Anthony Roux ou Jérémy Roy para dar uma ajuda, a Groupama-FDJ poderá mesmo estar perante uma oportunidade para se mostrar de outra forma no Tour.

E há ainda um Rudy Molard, francês de 28 anos, que também tem uma posição idêntica à de Reichenbach, mas com a diferença de já ter tido oportunidade para alcançar bons resultados em provas de uma semana. Este ano ganhou uma etapa no Paris-Nice. 28 anos, francês, mais uma hipótese para pelo menos perseguir vitórias em alguns dias. No entanto, também não aparece como eleito para o Tour. Para já.

A dúvida acaba por ser se a maior aposta em Démare, não resultará na construção de um comboio maior, reduzindo os homens de montanha e este ano serão oito e não nove os elementos por equipa. Há que esperar pelas escolhas de Madiot, mas mais do que um problema a ausência de Pinot pode mesmo ser uma oportunidade.

De recordar que o ciclista estava no terceiro lugar do pódio no Giro quando faltavam duas etapas para o fim. No derradeiro dia de montanha, o francês sentiu-se mal e quase ficou parado. Saiu do top dez e acabou o dia no hospital. Já nem partiu para a etapa de Roma. Foi-lhe diagnosticada uma pneumonia e Pinot pouco mais conseguiu fazer do que alguns treinos leves. Admite que não sabe quando poderá regressar a 100%. Porém, se não pode estar em condições decentes no Tour, o francês prefere concentrar-se na Vuelta e num grande objectivo em 2018 para a maioria dos chamados trepadores: os duríssimos Mundiais de Innsbruck.


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