(Fotografia: © BettiniPhoto/UAE Team Emirates) |
É três vezes vencedor da Volta a Suíça, estando a uma vitória de igualar a marca do italiano Pasquale Fornara, que perdura desde a década de 50. Rui Costa está intrinsecamente ligado à história desta corrida, vista como de preparação para o Tour e que este ano, dada a corrida francesa começar uma semana mais tarde do que o habitual, irá contar com um leque ainda maior daqueles que apontam àquela grande volta. O ciclista português estava previsto ir como líder e precisamente por ser um dos ciclistas que estaria em destaque pelo seu passado na prova, Rui Costa recusa estar... por estar. A recuperar de uma lesão no joelho, o campeão do mundo de 2013 fez um duplo anúncio: não vai à Suíça porque quer garantir que estará em condições para regressar à Volta a França.
Com a contratação de Fabio Aru e Daniel Martin tem sido um mistério a grande volta em que Rui Costa iria marcar presença em 2018. Há um ano, fez a sua estreia no Giro e na Vuelta, depois de oito sempre a apostar no Tour, ainda que com diferentes papéis (de gregrário, a ciclista com alguma liberdade para ganhar etapas - tem três - e depois como líder para a geral). No entanto, Rui Costa tem uma paixão pela corrida francesa e não fez segredo que gostaria de estar novamente na Grande Boucle.
Abandonada a ideia de lutar por um top dez na geral e concentrar-se antes em tentar ganhar etapas, fez com que se tenha visto o melhor do ciclista português tanto no Tour de 2016, como no Giro no ano passado. A Vuelta não lhe correu tão bem, mas ainda apareceu no final. Falta o regresso às vitórias e com Daniel Martin a ser o líder, Rui Costa certamente que estará ao lado do irlandês, mas a UAE Team Emirates não poderá concentrar tudo em Martin e em Alexander Kristoff, nos sprints. Faltam vitórias a esta equipa que tanto investiu para esta temporada.
Rui Costa esteve discreto nas Ardenas, mas apareceu em grande na Volta à Romandia (quinto lugar). Seria de esperar que estivesse forte na Suíça, mas o joelho está novamente a apoquentá-lo. "Decidimos que ainda não era altura de eu competir porque o joelho ainda não está no seu normal. A dureza da Suíça poderia prejudicar todo o trabalho de recuperação que tenho vindo a fazer. A vontade era de correr mas podíamos pôr em causa a próxima corrida -> TOUR", escreveu nas redes sociais. Falta saber se é o mesmo problema provocado por uma queda no Paris-Nice, no início de Março, e que o levou ao abandono logo na segunda etapa, ou se é um diferente.
"Como antigo vencedor em três edições, o Rui sentiu que não era correcto ir simplesmente para fazer número. Ele está a recuperar, mas não está a 100%. Não fazia sentido para ele ir", explicou Joxean Fernandez Matxin, director desportivo da UAE Team Emirates, ao Cycling News. Para o português é importante aparecer bem no Tour, pois é incontornável a questão do contrato que se aproxima do fim. Pode ter perdido estatuto de líder nas grandes voltas, mas continua a ser um ciclista de valor. Uma boa Volta a França poderá ser um impulso para as negociações de um novo vínculo, seja na actual equipa, ou noutra.
Duas vitórias em dois dias
Em dois dias a UAE Team Emirates conseguiu quase tantas vitórias como as que tinha na temporada. Na quinta-feira foi Alexander Kristoff que venceu no GP du canton d'Argovie, na Suíça, e hoje foi Daniel Martin quem finalmente ganhou na sua nova equipa. Depois de Julian Alaphilippe (Quick-Step Floors) lhe ter estragado os planos na etapa anterior, o irlandês arrancou desta feita decidido a acabar com os resultados menos positivos de 2018. Ganhar no Critérium du Dauphiné dá aquela dose de motivação extra que é muito bem vinda, tanto para o ciclista, como para a UAE Team Emirates.
Porém, não há ainda razões para tirar o champanhe. São apenas cinco triunfos nesta época e a desilusão que Fabio Aru foi no Giro está longe de estar ultrapassada. Por isso mesmo, a equipa estará sob pressão para alcançar resultados no Tour e centrar tudo novamente num ciclista poderá ser um risco demasiado alto para correr.
Daniel Martin terá todo o apoio que for necessário, Kristoff terá a ajuda nos sprints, ainda que a UAE Team Emirates tem levantado sempre dúvidas sobre a sua coesão como equipa, problema que advém dos tempos da Lampre e que tanto prejudicou Rui Costa. Ter o português em forma para outras lutas, tal como John Darwin Atapuma só tem potencial para trazer benefícios. O colombiano esteve quase desaparecido no Giro, mas está na lista para ir ao Tour, que começa a 7 de Julho.
A equipa dos Emirados ocupa a 15ª posição no ranking UCI, entre as 18 equipas. Pior só a Groupama-FDJ, Katusha-Alpecin e a Dimension Data.
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