(Fotografia: Facebook Andrew Talansky) |
A decisão foi comunicada pelo próprio nas redes sociais, apanhando o mundo de ciclismo de surpresa. Numa altura em que a Cannondale-Drapac luta por uma sobrevivência que está difícil de alcançar, a dúvida era para onde poderia ir Andrew Talansky, com que papel e com que capacidade para apresentar resultados. Depois de sete anos como profissional na estrutura americana, Talansky considera que chegou o momento de seguir a sua outra paixão. Não diz qual, mas promete partilhar em breve o que irá fazer.
"Vou sentir a falta dos meus colegas de equipa e da camaradagem, mas principalmente vou sentir falta dos fãs. São poucos os desportos que colocam os fãs tão próximos da acção, o que é uma grande parte do que torna o ciclismo tão especial", escreveu Talansky no Instagram. "Vivi o meu sonho", salientou. No entanto, é difícil afastar a sensação que não explorou todo o potencial que o seu sonho poderia ter na realidade. Em 2012 foi segundo na Volta à Romandia, no ano seguinte fez o mesmo, mas no Paris-Nice, onde venceu ainda uma etapa. Em 2014 venceu então o Critérium do Dauphiné, batendo Alberto Contador, naquele que acaba por ser o ponto alto da sua curta carreira. Nesse ano chegou ao Tour como um dos potenciais ciclistas a lutar por um lugar de topo.
Porém, o grande momento de Talansky acabou em lágrimas. Caiu na 11ª etapa e por pouco conseguiu chegar à meta dentro do tempo limite. A emoção levou a melhor do jovem americano. Chorou e no dia seguinte já não partiu. Mais quedas e uns problemas de saúde levaram Talansky a ter mais um ano aquém do esperado em 2015. Ainda assim foi campeão nacional de contra-relógio, 10º no Critérium du Dauphiné e 11º no Tour. O talento estava lá e de vez em quando vinha ao de cima todo o potencial deste ciclista. Os resultados foram mais consistentes em 2016 e o quinto lugar na Vuelta motivou o americano, que recuperou a confiança.
Talvez por estar novamente a realizar resultados aquém do nível que todos esperavam, tenha sido de mais. Não acabou na Catalunha e no País Basco e chegou à Volta a Califórnia a desafiar quem o poderia bater, colocando mesmo a fasquia bem alta. Ali estava um pouco do melhor Talansky, a mostrar uma arrogância que apenas tentava esconder algumas debilidades. Ficou-se por uma vitória de etapa e o terceiro lugar na geral. Pouco para quem assumiu que era uma corrida para ganhar. Pouco se viu no Critérium du Dauphiné, ainda menos no Tour, onde foi completamente ofuscado por um Rigoberto Uran numa forma que surpreendeu muitos. Na Clássica de San Sebastian nem acabou. A atitude estava lá, a confiança também, mas os resultados é que não apareceram. Outra vez! Queria que 2017 fosse o seu ano de mudança, mas foi apenas a confirmação da promessa que não iria passar disso.
Não significa que não viéssemos a ver um Talansky mais ganhador ou pelo menos a lutar por mais vitórias nos próximos anos. Talvez o americano precisasse mesmo de parar de tentar agradar a quem tanto dizia que iria ser "the next big thing" (o próximo grande corredor, traduzindo a pensar no ciclismo) e concentrar-se em sentir-se feliz e com objectivos mais realistas e não tão ambiciosos. Talvez ser um grande voltista surgisse um pouco mais tarde. Talvez Talansky não tenha o que é preciso para estar entre os melhores. Ficam muitos "talvez" por se perceber. Além de talento é preciso um compromisso físico e psicológico nem sempre fáceis de atingir numa modalidade tão exigente, principalmente num país tão ansioso por ter um novo herói, um herói verdadeiro e honesto. Não será Talansky. Isso está agora mais do que confirmado.
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