26 de junho de 2018

"Quero realizar este sonho. Estou disponível para fazer os sacrifícios"

BTT e ciclocrosse já não têm segredos para Marta Branco. Soma várias vitórias com destaque para as seis Taças de Portugal e cinco camisolas de campeã nacional. A estrada está a "dar mais luta" e os títulos têm escapado. Tem apenas 19 anos, mas um currículo de respeito nas camadas jovens. Representou a selecção em Taças do Mundo (em BTT), ainda que admita que o bichinho da estrada a vá conquistando. Porém, gostaria, para já, de conseguir conciliar todas as vertentes, até porque quer manter todas as opções em aberto para alcançar o sonho do profissionalismo numa das vertentes. Enquanto não o concretiza, mantém a dedicação aos estudos, pensando na universidade e num curso ligado ao nutricionismo.

"Tenho a noção que a partir de certa idade o ciclismo acaba. Vou viver do quê?" É por isso que os seus dias são divididos entre os treinos matinais e os estudos vespertinos, numa altura em que está a tentar melhorar as notas. "É difícil porque por vezes tenho treinos bastante exigentes e só me apetece chegar a casa e dormir. Mas ser nutricionista e conciliar com o ciclismo também é algo que quero muito", admitiu  a atleta do Maiatos-Reabnorte.

Não esconde que a escolha académica também tem a ver com a sua paixão pelo desporto. E se há modalidade em que a nutrição é de uma extrema importância é o ciclismo. Nem sempre é fácil, principalmente estando numa idade em que as tentações são grandes. "Eu adorava chegar ao nível profissional. É difícil. É preciso estar num nível muito alto e despender da nossa vida para nos dedicar totalmente a isto. Mas quero realizar este sonho. Estou disponível para fazer os sacrifícios, sem dúvida", garantiu ao Volta ao Ciclismo. "Temos de fazer opções. Não podemos andar a sair à noite antes das corridas. Depois acaba por tornar-se um hábito de não se querer sair [à noite] porque temos aquele objectivo de estar na corrida e fazer alguma coisa. Consegue-se conciliar. Eu prefiro acordar de manhã e andar de bicicleta do que sair à noite", acrescentou.

"Já temos o exemplo da Daniela, da Soraia e da Tata [Maria Martins], que conseguiram ir lá para fora e mostrar que nós, as portuguesas, também conseguimos estar naquele pelotão"


Em Belmonte, no passado fim-de-semana, não conseguiu ainda chegar ao título na vertente que lhe falta. Foi quinta a 14:27 minutos de Daniela Reis, que dominou a corrida (de referir que Marta Branco foi a única sub-23 entre as dez classificadas, pois todas as outras já são de elite). A ciclista da Doltcini-Van Eyck Sport é uma das referências de Marta, tal como duas corredores da sua idade, Soraia Silva e Maria Martins, ambas também já a competir no estrangeiro, ao serviço da Sopela Women's Team. "Ao correr ao lado delas aprendemos muito. Vemos o nível a que estão. Se conseguirmos competir com elas, aguentar na roda, então também conseguimos estar lá fora", salientou.

E não tem dúvidas: "Estamos a começar a mostrar-nos mais. O ciclismo [português] ainda precisa de evoluir, principalmente o feminino, mas já temos o exemplo da Daniela, da Soraia e da Tata [Maria Martins], que conseguiram ir lá para fora e mostrar que nós, as portuguesas, também conseguimos estar naquele pelotão e lutar pelos primeiros lugares."

Agora, a curto prazo, quer tentar "ser campeã nacional de sub-23 no XCO e tentar melhorar os resultados nas próximas Taças do Mundo", reiterando o plano de se não conseguir chegar ao profissionalismo na estrada, talvez a porta se abra no BTT. Certo é está com os olhos postos no estrangeiros, onde estão as equipas que lhe poderão ajudar a cumprir os seus objectivos.

Há algo que fica claro durante a conversa com Marta Branco. A jovem ciclista demonstra um determinação tremenda em dar o tudo por tudo para concretizar os seus objectivos. "Sim, sou determinada. Adoro isto! Apesar de me dar muito nervosismo [antes das provas]! Mas lá dentro [nas corridas], a concentração é total. Principalmente o que se quer é não cair. É doloroso! E, claro, dar o meu máximo", realçou.

Quem também tem dado muito são os pais de Marta, que escolheu uma modalidade dispendiosa. Porém, nada lhe tem faltado, desde que aos 12 anos o pai a incentivou a começar a aplicar-se nos treinos, depois de já revelar uma paixão pelas bicicletas: "
O bichinho começou a crescer e é por causa dele que estou aqui. Os meus pais deram-me tudo para chegar aqui."

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1 comentário:

  1. Excelente Marta! o sonho comanda a vida e só sonhando é que se consegue!

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