Preparou-se a equipa, garantiram-se reforços, definiram-se objectivos. Agora está na altura de passar para a estrada a ambição de uma Efapel muito baseada na experiência, mas com a confiança que esse factor poderá marcar a diferença no momento de discutir vitórias, sempre com a Volta a Portugal em mente, ainda que com metas pensadas para outras corridas. "Nunca prometemos vitórias, mas trabalho e profissionalismo. No entanto, as grandes equipas sobrevivem dos grandes resultados e a Efapel vai estar na discussão das corridas", assegurou Daniel Mestre.
Se Daniel Mestre continua a ser uma das figuras da equipa, principalmente nos sprints, Sérgio Paulinho mantém o papel de maior mediatismo, não se estivesse perante um medalhado olímpico e de um ciclista com mais de uma década de World Tour. Depois de um ano a adaptar-se à função de líder, sentir-se-á o Paulinho mais pressionado a apresentar resultados? "Não!" A resposta dificilmente poderia ter sido dita com maior segurança. "O que posso mostrar este ano? Talvez fazer alguma coisa que não fiz em 2017. Talvez tenha tido um pouco de medo de ser o líder, se calhar tive medo de atacar... Ou seja, quero fazer um 2018 com mais ambição, pôr esse medo de parte e foi isso que me fez continuar mais um ano no ciclismo", salientou ao Volta ao Ciclismo.
O final de temporada ficou marcado por uma queda no Circuito de Alcobaça e por uma operação a uma hérnia. "Foram quase três meses sem bicicleta. Perdi muito a forma", contou Paulinho. Por isso, disse que entrará mais tranquilo na época, com o plano de recuperar a sua melhor condição física, mas não só a pensar na Volta a Portugal. "Será o objectivo principal, mas durante o ano tentarei estar na discussão noutra fase. Isto é, apontar um primeiro pico para determinada altura, que ainda não está decidido. Tentarei ter dois picos."
"A experiência nunca é de mais. Não está no auge da carreira dele, mas para o ciclismo português [Arroyo] pode ter um papel muito importante"
Sérgio Paulinho (37 anos), referiu ainda como na Efapel não é o líder indiscutível, pois existem outros ciclistas com capacidade para assumir esse papel, inclusivamente no seu terreno. Isso mesmo é confirmado pelo director desportivo, Américo Silva: "[O Henrique Casimiro] pelo que tem vindo a fazer, nestes dois últimos anos na Volta a Portugal, por mérito próprio estará no mesmo patamar que o Sérgio." O responsável realçou ainda a contratação de David Arroyo. "A experiência nunca é de mais. O palmarés dele demonstra a grande qualidade que ele sempre teve. Não está no auge da carreira dele, mas para o ciclismo português pode ter um papel muito importante", frisou.
O espanhol, de 38 anos, tem no seu currículo um pódio no Giro, uma etapa na Vuelta e muitos anos de ciclismo ao mais alto nível, com parte da carreira a ser feita na estrutura da Movistar e nos últimos cinco anos na Caja Rural. Porém, em 2004 passou por Portugal, na então LA Pecol. "Já conhece o nosso ciclismo, através de mim, quando há 14 anos foi segundo na Volta. Conhecemo-nos muito bem", recordou Américo Silva.
Se o rendimento poderá baixar com o passar da idade, o director desportivo acredita que a chave para ver um veterano continuar a ser importante está no incentivo. "Se não diminuir o incentivo, acho que não se nota assim tanto [a idade], tendo em conta a tal experiência que se vai adquirindo. Tenho a esperança que o Arroyo tenha o incentivo que não teve nos últimos anos." Isto significa que o espanhol terá também ele as suas oportunidades.
Inevitavelmente falou-se de Sérgio Paulinho e Américo Silva acredita que o ciclista ainda tem algo para dar. "O Sérgio sofreu aquela transformação [de gregário para líder], que se foi fazendo durante 2017. Quando acabámos a época, principalmente a Volta a Portugal, eu fiquei com a sensação que o Sérgio ainda tinha mais qualquer coisa do que aquilo que deu em 2017. O próprio Sérgio, e não sendo ele um ciclista muito expressivo, também me confessou que ficou com o incentivo e com o moral que este ano pode andar melhor", garantiu.
"Penso que as coisas nesta equipa têm funcionado pelo colectivo e assim irá continuar a ser"
Américo Silva acredita que a Efapel "está eventualmente mais forte na alta montanha", mas acrescentou como conseguiu concretizar um dos seus desejos: "Ter um bloco reforçado para fazer uma trabalho mais específico para o Daniel Mestre chegar em melhores condições ao sprint". Um desses novos homens será Pedro Paulinho, irmão de Sérgio. "É bastante bom para os dois estar aqui. É muito gratificante. Treinamos sempre juntos", contou o mais velho dos Paulinhos.
Porém, Pedro andará mais ao lado de Daniel Mestre, que na última Volta a Portugal não conseguiu por pouco a desejada etapa. Confessou sentir-se triste, mas agora o pensamento está em 2018. "Sou um ciclista que gosta de estar minimamente bem em todas as corridas que faço. É claro que que se gosta de apontar picos de forma. Uma corrida que gosto bastante é o Grande Prémio Jornal de Notícias, onde nos últimos dois anos venci duas etapas. Não escondo que a Volta a Portugal é a corrida que gostamos de estar na máxima força e é para aí que vou apontar mais e tentar este ano uma vitória de etapa", explicou. Além de Arroyo e Pedro Paulinho (ex-Louletano-Hospital de Loulé, 27 anos), chegou também outro espanhol, Marcos Jurado (ex-Burgos-BH, 26). "Temos homens mais fortes", realçou Daniel Mestre.
No entanto, o ciclista de Almodôvar não estará na discussão da Prova de Abertura Região de Aveiro, que marca o arranque do calendário nacional. Serão 155,5 quilómetros entre Oliveira do Bairro e Torreira. Mestre está a recuperar de uma lesão, apontando tentar melhorar a forma na Volta ao Algarve, para atacar a Volta ao Alentejo, a meio de Março.
No dia em que a equipa se apresentou, não ficaram dúvidas que o discurso dos ciclistas é de motivação e principalmente da já conhecida união que marca este grupo. "Penso que as coisas nesta equipa têm funcionado pelo colectivo e assim irá continuar a ser", afirmou Américo Silva.
Equipa: Sérgio Paulinho, Henrique Casimiro, Daniel Mestre, Bruno Silva, Rafael Silva, Jesus del Pino, David Aroyo, Marcos Jurado e Pedro Paulinho.
Equipa: Sérgio Paulinho, Henrique Casimiro, Daniel Mestre, Bruno Silva, Rafael Silva, Jesus del Pino, David Aroyo, Marcos Jurado e Pedro Paulinho.
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