19 de fevereiro de 2018

"Foi bom ganhar a Volta a Flandres, mas o futuro é muito mais interessante"

Philippe Gilbert escolheu a Volta ao Algarve para preparar uma temporada ambiciosa. No ano passado regressou ao seu melhor, depois de temporadas em que pouco ganhou na BMC. Patrick Levefere confiou no belga, que então com 34 anos, tinha perdido espaço na antiga equipa por culpa de outro belga, Greg van Avermaet. Há sete/oito anos, Gilbert era o terror para os adversários nas clássicas, mas esse fulgor perdeu-se e pensou-se que não voltaria mais. Porém, com a vitória na Volta a Flandres, recuperou-o e reavivou um sonho antigo: ganhar todos os monumentos. Faltam-lhe dois, mas recusa dizer que são para ganhar já em 2018.

O ciclista belga não esteve no Algarve para aproveitar apenas o bom tempo. "Quando vi a corrida no calendário, disse que queria voltar", realçou ao Volta ao Ciclismo, considerando que a competição portuguesa seria uma ideal para preparar a época das clássicas, recordando como não foi a sua primeira presença. Esta foi quarta: 2007 (na Française des Jeux e foi quinto na geral), 2009 (Silence-Lotto, 116º), 2011 (Omega Pharma-Lotto, 28º e venceu a primeira etapa) e agora em 2018 com a Quick-Step Floors. Gilbert esteve na fuga na última etapa, terminando em 14º no Malhão e em 24º na geral, a 4:18 do vencedor Michal Kwiatkowski (Sky). Mas teve o seu momento de destaque quando foi homenageado pela organização da Volta ao Algarve, antes do início da segunda tirada, em Sagres.


(Fotografia: João Fonseca/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, e Adelino Soares, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, entregaram ao ciclista belga o Prémio Prestígio. Já ganhou alguma das principais corridas da modalidade e inclusivamente vestiu a camisola do arco-íris (de campeão do mundo), contudo, Gilbert garantiu que distinções como a que recebeu no Algarve não são minimizadas, referindo até um pormenor sobre o troféu que recebeu: "É sempre bom receber um troféu como este. Significa que os organizadores pensam em ti e eu fico feliz. E também é um troféu bonito. Às vezes recebemos coisas estranhas, mas aquele é mesmo bonito!"

A curta conversa passa pela a fantástica vitória na Volta a Flandres em 2017, quando partiu para uma fuga solitária de 55 quilómetros. Gilbert sorri, mas é peremptório em dizer: "Foi bom ganhar a Volta a Flandres, mas o futuro é muito mais interessante. Agora olho mais para a próxima edição." Para completar os triunfos nos cinco monumentos, falta-lhe uma Milano-Sanremo e um Paris-Roubaix. A primeira é muito vista como o monumento dos sprinters, enquanto Roubaix testa a resistência dos ciclistas no pavé. Qual vê como a mais complicada? "É difícil... São duas corridas muito difíceis... Eu quero estar nas duas e depois vamos ver o que acontece." No entanto, acrescentou: "Nunca digo que quero ganhar as duas [este ano]." Mas claro, quando se fala em conseguir um lugar na história do ciclismo: "Podemos sempre sonhar."

Ainda há tempo para perguntar a Gilbert o que afinal tem a Quick-Step Floors, que tem recuperado a melhor versão de alguns ciclistas, como Marcel Kittel (que entretanto foi para a Katusha-Alpecin), Elia Viviani (que está a ter um início de 2017 portentoso) e o próprio Gilbert. O "segredo" é mais simples do que possa parecer: "O espírito da equipa é esse [de vencer]." O belga referiu ainda como além do natural gosto pelas vitórias, "correr de forma agressiva" é o estilo da equipa. "Temos alguns dos melhores sprinters do mundo e quando 80% das corridas terminam ao sprint, então sabemos que é a decisão certa ter uma equipa assim", explicou.

Agora é então o momento de pensar no futuro. Gilbert vai já começar nas clássicas no sábado, na Omloop Het Nieuwsblad, seguindo-se a Strade Bianche (3 de Março). Depois haverá mais uma prova por etapas, o Tirreno-Adriatico (7 a 13 de Março), mas já com o pensamento na Milano-Sanremo (17 de Março). O Paris-Roubaix será a 8 de Abril.

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