7 de fevereiro de 2018

"Quando me chamaram [da Efapel] a chama que se tinha apagado, reacendeu-se"

(Fotografia: Facebook Efapel)
Podem ter passado 14 anos e muitos foram passados ao mais alto nível do ciclismo. Porém, David Arroyo não esquece a temporada que viveu em Portugal e que deixou uma marca na sua carreira. Na sua vida O espanhol enumera várias razões para ter aceite o convite da Efapel para regressar ao país onde conquistou a sua primeira vitória como profissional e as memórias de 2004 estão entre elas. "Pensei em deixar [o ciclismo], mas quando me chamaram e começámos a falar... a chama que se tinha apagado, reacendeu-se", admitiu Arroyo ao Volta ao Ciclismo. A família apoiou-o na decisão de escolher a equipa portuguesa, com Jesus del Pino - que está na formação desde 2017 - a dar uma ajuda, além das palavras de Américo Silva, director desportivo por trás da Volta a Portugal na qual Arroyo ganhou na Senhora da Graça, na Torre e terminou em segundo na geral.

"A família disse-me: 'Se tem ganas de correr, em Portugal foste muito bem tratado, conseguiste vitórias... É um ciclo. Começaste a ganhar em Portugal, porque não tentar terminar a vencer.' É outro motivo porque estou aqui, a recordação de 2004", salientou. "Todos dizem bem da equipa, todos dizem que é uma grande família", referiu como mais umas razões para ter escolhido a Efapel.

Foi apenas um ano na LA Pecol, no qual teve como companheiro Sérgio Paulinho, que agora reencontra. Nuno Ribeiro, actual director desportivo da W52-FC Porto também estava na equipa, assim como Hernâni Brôco, responsável da LA Alumínios, e Cândido Barbosa, por exemplo. O então jovem Arroyo não tinha nos seus planos sair de Espanha e chegou algo nervoso, mas não demorou muito a ficar à vontade sob as directrizes de Américo Silva. "Tenho recordações muito bonitas. Foi aqui que consegui a minha primeira vitória como profissional. Tinha 23 anos e nem imaginava sair de Espanha. Rapidamente me demonstraram que fazia parte da equipa, da família. Isso marcou-me", contou.


"Posso dar tudo o que me peçam na equipa. Há que trabalhar com todos os ciclistas, hoje pelos outros, amanhã por mim. Na Efapel estamos muito unidos"

As boas exibições, em particular na Volta a Portugal, levaram Arroyo a regressar ao seu país no ano seguinte, com a estrutura da actual Movistar a contratá-lo. Foram oito anos ao mais alto nível, antes de se mudar para a Caja Rural, do segundo escalão, em 2012. Em 2007 fez top dez no Giro e no ano seguinte ganhou uma etapa na Vuelta. Depois de um oitavo posto em 2008 novamente no Giro, em 2010 alcançou um dos seus melhores resultados ao ser segundo na Volta a Itália, atrás de Ivan Basso (a 1:51), com Vincenzo Nibali a fechar o pódio, a 2:37 do vencedor. Foi no Giro que esteve mais em destaque nas 18 grandes voltas que fez. Na Vuelta o melhor foi um 12º lugar em 2015 (entre vários top 20), o mesmo acontecendo no Tour, mas em 2007.

Mas regressando à Volta a Portugal de 2004. Na Senhora na Graça (quarta etapa) e na Torre (oitava) bateu David Bernabéu (Milaneza-Maia), mas o compatriota acabaria por ganhar o prémio maior, deixando Arroyo a 2:08 minutos e Nuno Ribeiro a 2:40. David Arroyo ficou com a classificação da montanha e foi ainda o melhor jovem. Talvez seja por todas estas recordações que Arroyo não esconda que gostaria de ser novamente feliz na Grandíssima, ainda que não vá desperdiçar uma outra hipótese que lhe surja. "Hoje em dia é difícil marcar objectivos. Mas penso que o local mais bonito seria a Volta a Portugal. Mas há que aproveitar todas as oportunidades", afirmou, referindo como na Efapel há o espírito de entreajuda: "Posso dar tudo o que me peçam na equipa. Há que trabalhar com todos os ciclistas, hoje pelos outros, amanhã por mim. Na Efapel estamos muito unidos."

Arroyo reconhece que a W52-FC Porto é novamente a mais forte candidata na principal corrida para as equipas nacionais, "mas a Efapel fez um grande esforço para se reforçar e agora há que trabalhar, mentalizar, juntar forças para tentar ganhar uma etapa e discutir a Volta a Portugal". O espanhol foi contratado para reforçar o bloco da montanha da equipa, de forma a que Sérgio Paulinho e Henrique Casimiro possam contar com uma ajuda extra no confronto com a equipa azul e branca.


"Espanha tem grandes corredores, mas com a casta de Purito [Joaquim Rodríguez], Alberto Contador ou Valverde... creio que vamos tardar a ver uma remessa como essa"

O ciclista regressa a Portugal numa altura em que a modalidade no país tem estado a recuperar de anos de crise profunda. Arroyo compara a realidade com a espanhola. "O ciclismo em Portugal está um pouco como em Espanha. Está a ressurgir. Teve alguns anos mal, com a crise a não ajudar. Faltaram patrocínios e assim faltaram equipas e corredores. Agora parece que, pouco a pouco, vai ressurgindo. Empresas, como é o caso da Efapel, apostam no ciclismo", disse. Recordou ainda como em 2004 a modalidade vivia uma fase positiva. Até foi o ano em que Sérgio Paulinho foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas. Arroyo espera que tanto em Portugal, como em Espanha esta ressurgimento da modalidade continue.

Mas no seu país vive-se momentos de incerteza quanto à qualidade da nova geração, numa altura em que as referências dos últimos anos estão a retirar-se, como foi o caso de Alberto Contador. David Arroyo considera que há talento, mas... "Espanha tem grandes corredores, mas com a casta de Purito [Joaquim Rodríguez], Alberto Contador ou Valverde... creio que vamos tardar a ver uma remessa como essa", salientou, acrescentando que, contudo, existem ciclistas com capacidade para "fazer coisas boas", como é o caso de Mikel Landa ou os irmãos Izagirre, além de jovens com qualidade que estão agora a aparecer.

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