Quase dá vontade de dizer "Fabio Aru, para que te quero". A Astana perdeu a sua principal figura, não substituiu o italiano, mas substituiu os resultados. Há um ano a equipa estava a zero em termos de vitórias e ainda teria de esperar mais dois meses pela primeira. Este ano já são cinco os triunfos e os ciclistas têm demonstrado uma enorme confiança que em 2017 andou algo perdida entre a falta de resultados e a trágica morte de Michele Scarponi. E no dia em que foram tornados públicos os problemas financeiros que ameaçam a continuidade da equipa, a resposta foi enorme. Michael Valgren venceu a Omloop Het Nieuwsblad. Mas além da vitória ficou bem clara toda a atitude agressiva (no melhor dos sentidos) da Astana, pois no grupo que discutiu a corrida estavam três homens da formação cazaque. Pode ter perdido a referência das três semanas, mas a Astana reencontrou-se com a forma que lhe era habitual e entra na fase das clássicas a merecer o maior do respeito.
Este sábado foi Michael Valgren, o primeiro dinamarquês a vencer nesta clássica belga que abriu a temporada destas corridas com espectáculo, mesmo sem Peter Sagan. Valgren ficou no grupo decisivo juntamente com Oscar Gatto e Alexey Lutsenko, ciclista que recentemente venceu a Volta a Omã. Zdenek Stybar (Quick-Step Floors), Daniel Oss (Bora-Hansgrohe), Matteo Trentin (Mitchelton-Scott), Sep Vanmarcke (EF Education First-Drapac powered by Cannondale), Wout van Aert (Vérandas Willems-Crelan) - um campeão do mundo de ciclocrosse e que já promete na estrada - Oliver Naesen (AG2R) e o vencedor das últimas duas edições Greg van Avermaet (BMC) estavam no grupo, entre outros, e mantiveram a corrida em aberto até bem perto do final. Dependia da Astana jogar as suas cartas e acertou em cheio com Valgren que viu a concorrência ficar a marcar-se e não responder ao seu ataque final.
Horas antes tinham sido publicadas as bombásticas declarações de Alexander Vinokourov: "A situação é crítica." O director da equipa referiu, numa entrevista ao meio de comunicação social cazaque Vesti, que o financiamento do governo para 2018 ainda não chegou e que o próprio futuro da estrutura está em causa. "Estamos a ir para as corridas com as nossas poupanças. Os rapazes não receberam os seus salários", disse. Porém, é neste ponto que surgiram algumas dúvidas. O Cycling Weekly falou com membros do staff e alguns ciclistas e estes garantem que têm recebido o que lhes é devido.
"Não sabíamos de nada em Omã, mas penso que é algo que passará. Ouvimos, pensamos nisso, mas estamos confiantes e calmos. Vamos ficar calmos que tudo ficará bem", afirmou Miguel Ángel López ao site. O director desportivo Dmitri Sedoun também afirmou que está a receber o salário. "Ouvimos que houve um atraso no financiamento, mas a equipa está a agir normalmente, como podem ver", disse.
A Astana vai na sua 13ª temporada, sempre com o forte apoio do governo do Cazaquistão. Alexander Vinokourov, o actual director, foi das suas primeiras figuras, juntamente com um jovem Alberto Contador. A equipa conta com vitórias nas três grandes voltas, duas na Liège-Bastogne-Liège, uma das quais por intermédio de Vinokourov que foi também campeão olímpico. Dos 256 triunfos no historial é notória a maior apetência para as provas por etapa.
Tem sido das estruturas com maior orçamento, contudo, nos últimos anos tem visto sair as suas principais referências, sem que as tenha conseguido substituir com ciclistas com o mesmo estatuto no pelotão. Primeiro foi Vincenzo Nibali que não quis ficar em segundo plano e foi para a nova Bahrain-Merida, mas a aposta em Fabio Aru da Astana acabou igualmente com a saída do italiano, agora o líder da UAE Team Emirates. A decisão de Aru fechou um ano atribulado para a equipa. Ia apostar forte no Giro100, mas Aru caiu e ficou de fora da corrida. Scarponi foi chamado à liderança, até venceu uma etapa da Volta aos Alpes, mas dias depois foi atropelado mortalmente durante um treino.
Só em Junho, com Jakob Fulgsang a vencer o Critérium du Dauphiné, é que regressou uma certa normalidade, mas os resultados ficaram sempre aquém dos esperado (18 triunfos, três dos quais no habitual domínio no Tour de Almaty). Valeu a vitória de etapa de Aru no Tour - e ainda andou de amarelo - e as três na Vuelta, duas por López e uma por Lutsenko. A saída de Aru parecia ser algo mais do que anunciado, mas quando finalmente o italiano confirmou que estava a caminho da UAE Team Emirates, Vinokourov ficou furioso e acusou Aru de deixar a equipa sem possibilidade de contratar alguém, por ser demasiado tarde e por os principais ciclistas já terem definido o seu futuro. Chegou mesmo a ameaçar judicialmente o corredor.
Na estrada, a reacção da Astana à perda de uma individualidade foi mostrar-se mais forte colectivamente. Cinco vitórias em dois meses são importantes, principalmente depois de um 2017 tão negativo e ainda mais se se confirmar a falta do apoio financeiro que segura a estrutura. Os ciclistas estão a responder da melhor maneira às adversidades e às suspeições que a Astana poderia estar a perder competitividade. A verdade é que, para já, o que se vê é uma equipa vencedora e as expectativas começam a ficar altas pensando já no Giro, que terá Miguel Ángel López como líder e o Super-homem, como é chamado, tem muito (mas mesmo muito) para mostrar e talvez fazer rapidamente esquecer Fabio Aru.
De realçar que há também uma estrutura Continental, a Astana City, que serve principalmente de formação aos jovens cazaques, que ambicionam chegar a equipa do World Tour.
Quanto à Omloop Het Nieuwsblad, aqui ficam as classificações, via ProCyclingStats. Este domingo é dia da Kuurne-Bruxelles-Kuurne, corrida que não pertence ao World Tour, mas tem sempre um pelotão de luxo (basicamente o mesmo que hoje competiu). Peter Sagan venceu em 2017, mas este ano só se irá estrear nesta fase da temporada na Strade Bianche, a 3 de Março.
»»Um estranho início das clássicas sem Peter Sagan««
»»Morreu o condutor que atropelou Scarponi««
De realçar que há também uma estrutura Continental, a Astana City, que serve principalmente de formação aos jovens cazaques, que ambicionam chegar a equipa do World Tour.
Quanto à Omloop Het Nieuwsblad, aqui ficam as classificações, via ProCyclingStats. Este domingo é dia da Kuurne-Bruxelles-Kuurne, corrida que não pertence ao World Tour, mas tem sempre um pelotão de luxo (basicamente o mesmo que hoje competiu). Peter Sagan venceu em 2017, mas este ano só se irá estrear nesta fase da temporada na Strade Bianche, a 3 de Março.
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